“O Planeta dos Macacos-A Origem”, 2011

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“O Planeta dos Macacos-A Origem”, 2011- Fui ver o “blockbuster”, apesar de não ser a minha praia. Tenho que confessar que o filme é bem feito. Aliás, o mínimo que podemos pedir hoje em dia a qualquer filme que chegue ao cinema.
Mas como a história é fraquinha…Fiquei com saudades dos primeiros filmes.
Lembro tão bem do primeiro deles, de 1968, com Charlton Heston que fazia um astronauta perdido que desce com sua nave em um planeta desconhecido, igual à Terra mas dominado por macacos falantes que escravizam seres humanos que são mudos. E tenho na memória a macaca Zira, psiquiatra doce que trata tão bem os “animais humanos” que pesquisa, tentando provar a sua hipótese de que os macacos descendem dos humanos.
Houve várias continuações nos anos setenta e não sei se vi todas. Mas a cena que mais me marcou foi aquela em que Charlton Heston chega à uma praia e vê, estarrecido, a Estátua da Liberdade semi soterrada sob a areia e se dá conta de que está, não em um planeta desconhecido, mas na Terra no futuro.
Esse filme atual parece que só foi feito para ter sequências sem grandes novidades, na ânsia de ganhar muito dinheiro de um público desavisado.

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Um Conto Chinês

“Um Conto Chinês”- “Um Conto Chino”, Argentina/ Espanha, 2011

Direção: Sebastian Borensztein

Vacas caem do céu? Quão absurda e verídica pode ser a vida?

Na Argentina, quando se usa a expressão “un conto chino”, se quer dizer que alguém conta uma mentira ou delira.

É nessa fronteira estranha da insólita verdade que se move o novo filme de Ricardo Darin, o grande ator argentino, conhecido no mundo todo graças a seu talento em filmes de sucesso como “O Filho da Noiva”, “Nove Rainhas” e o oscarizado “O Segredo dos seus Olhos”.

Em “Um Conto Chinês”, Darin faz o papel de um solitário dono de uma lojinha de ferragens em Buenos Aires, em um lado decadente da cidade. Mal-humorado, zangado mesmo, deprimido e portanto cheio de raiva, homem maduro, ele vive sua vida insossa, contando obsessivamente parafusos, para ter mais uma razão de reclamar do mundo que o engana.

Coleciona histórias de mortes absurdas que saem como notícias nos jornais, para provar a si mesmo que tudo é aleatório, sem sentido, nessa vida.

A única certeza é a morte. E, por isso, tem um altar em casa, presidido pelo retrato da mãe, morta quando ele nasceu. Na velha cristaleira coleciona os presentes/oferendas que compra para a defunta: ” bibelots”de vidro, pássaros com asas de cristal, frágeis como ele.

O pai morreu também, em circunstâncias trágicas, quando ele tinha 19 anos. E assim, Roberto acumula culpas infantis inconfessáveis e inconscientes.

Leva flores para o túmulo de seus únicos entes queridos, lá no fundo igualmente detestados (porque o impedem de viver), toda a semana. E vocifera contra o mundo, impotente.

Veterano da Guerra das Malvinas, na qual a Argentina declarou guerra à Inglaterra e foi derrotada sem piedade, Roberto esconde muitas mágoas em seu coração. Pensa nelas cada vez que vai ao aeroporto ver os aviões pousando e decolando, enquanto almoça sentado numa cadeira, com a comida em cima do capô de sua velha Fiat.

E, justamente por estar ali, é que Roberto vai encontrar Jun (Ignácio Huang, ator chinês que vive na Argentina).

O orfão argentino fareja de longe o orfão chinês.

Jogado para fora do táxi porque não fala espanhol, o jovem chinesinho vai ser amparado por Roberto, à sua própria revelia.

Há uma compulsão em ajudar o desconhecido, já que Roberto não ajuda a si mesmo a viver uma vida melhor. Nisso, incluído está a simpática Mari (Muriel Santa Ana) que o adora com timidez e vê em Roberto “sentimento e nobreza”, como escreve na carta que enviou para ele.

“Um conto chinês” é uma comédia com elementos de humor negro e se baseia numa história verídica, por mais incrível que isso possa parecer. Se você tiver paciência, fique até os créditos finais e veja a notícia usada na adaptação sendo divulgada pela TV russa.

O diretor e roteirista, Sebastian Borenzstein, toca o filme com delicadeza, fazendo com que o espectador deduza quase tudo do vinculo entre o argentino que não fala chinês e o chinês que não fala espanhol, através da mímica, das expressões faciais e linguagem corporal dos ótimos atores.

O choque cultural cede frente às carências dos personagens, porque falam mais alto.

Vá você também, como o fizeram mais de um milhão de argentinos, se emocionar com “Um Conto Chinês”.

Duvido que você não se envolva com esse filme.

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