O Palhaço
“O Palhaço”- Brasil, 2011
Direção: Selton Mello
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Dentro de todos nós existe um lugar onde o circo tem o seu picadeiro. Lá, palhaços são os reis da brincadeira. Com eles rimos, “sem peias nem meias”.
É nessa camada ingênua, primitiva e terna do nosso íntimo que se faz a nossa interação com o novo filme escrito, dirigido e interpretado por Selton Mello, “O Palhaço”, premiado no Festival de Paulínia com a melhor direção.
Estamos em um circo pobrinho, mambembe. Uma trupe de saltimbancos. A lona é rasgada, a acomodação pouca, as roupas gastas. Não importa, porque o brilho estará nos olhos de quem vê o artista nesse espaço mágico.
Claro que Selton Mello inspira-se na linguagem universal usada por gênios do cinema como Fellini e Chaplin. Mas aqui, o palhaço está vestido de verde e amarelo e o circo enfeitado pela paisagem de homens e mulheres simples com crianças nos braços, uma platéia unida, sem mau humor, sob a lona do Circo Esperança.
“Puro Sangue” (Paulo José) e Pangaré (Selton Mello), pai e filho palhaços, abrem o espetáculo. E desfilam a gorda com roupas de menina, a dançarina de vermelho, odalisca e espanhola atraindo olhares, os músicos, os equilibristas e a menina bonita que causa admiração pela lourice.
Há um congraçamento, um sentido de família no circo, que Selton Mello incorporou com perfeição no seu roteiro. Gerações de atores se misturam, contracenando nesse filme que quer ser feliz.
Já começa pela dupla de pai e filho palhaços. Paulo José tem uma longa e vitoriosa história de palcos e telas e o Parkinson não o desencorajou. Continua a ser o ator que carrega a emoção nos olhos brilhantes.
Há uma comunicação comovente entre os dois palhaços que supera a barreira da fantasia e faz pensar na continuidade da profissão de ator. Aliás, na vocação necessária ao exercício pleno dessa arte.
E vamos reencontrar figuras da TV que não vemos há muito tempo. Estão lá Moacir Franco numa ponta magistralmente aproveitada como o delegado Justo e premiada no Festival de Paulínia, o “Zé Bonitinho”, Jorge Loredo e o simpático Ferrugem. Larissa Manoela faz, com graça, o contraponto da nova geração.
“O Palhaço” é um filme delicado, intimista, que não serve gargalhadas, nem piadas chulas.
Nesse filme encantador, você vai sorrir e lembrar da sua infância.