Os Nomes do Amor
“Os Nomes do Amor”- “Les Noms des Gens”, França 2011
Direção: Michel Leclerc
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Ela é Bahia Benmahmoud (Sara Forestier, atriz excelente e bela), jovem, cabelos longos cacheados, olhos verdes e corpo perfeito, filha de francesa e imigrante argelino.
Ele é Arthur Martin (Jacques Gamblier), quarenta anos, sisudo veterinário especialista em epidemias globais. Filho de judia que sobreviveu ao campo de concentração (e que nunca tocou nessa história) e de um francês mais velho, ambos conservadores.
Bahia e Jacques parecem em nada feitos um para o outro. No entanto, a vida os coloca frente a frente. Intuitivamente se procuram. Na verdade, ambos guardam, secretamente, histórias de infâncias difíceis.
Extrovertida até demais, Bahia, que tem que responder a todo mundo que seu nome não é brasileiro, resolveu seguir, ao pé da letra, o lema do tempo de sua mãe “ex-hippie”: “Faça o amor, não faça a guerra.”
Tudo acaba na cama. Tenta converter os “fascistas” (todos aqueles que não são de esquerda como ela), seduzindo-os para suas idéias políticas, através das delícias de seu corpo de ninfa pagã.
Jacques Martin não tem saída. Curva-se aos encantos de Bahia, apesar de seu superego rígido, herdado de sua mãe judia.
Original e sensual é a cena em que, antes de transar com Bahia, veste-a da cabeça aos pés, com carinho. Faz isso com ela, que a toda hora tem que esconder o seio que escapa do decote farto e desfila nuazinha e natural pelas ruas de Paris. Vestindo-a para depois despi-la, mostra a ela o seu amor.
“Os Nomes do Amor” é uma comédia inteligente, adulta, para quem tem um mínimo de instrução política. No Brasil pode passar batida a participação de Leonel Jospin, ex-primeiro ministro e candidato a presidente na época em que foi filmada a cena.
O roteiro, premiado com o César 2011, o Oscar francês, e escrito pelo diretor Michel Leclerc e sua mulher, Bahia Kasmi, fala da ocupação da Argélia pelos francêses, da deportação dos judeus da França em 1942, da atual situação política, do racismo e da eleição que colocou Sarkozy na presidência. De forma engraçada e sem perder a ironia.
No fundo está em questão o tema da identidade, do sobrenome das pessoas, como diz o título em francês, mal traduzido, talvez para fazer crer que se trata de uma historinha romântica.
Na França de hoje, bem como em toda a Europa, misturam-se as nacionalidades e a imigração maciça é um fato.
Pois bem. Falar desse assunto sério sem perder o poder da crítica e manter o humor inteligente, é o ponto forte de “Os Nomes do Amor”.
Recomendo o filme especialmente para quem não tem falsos pudores, entende um pouco de política e gosta de gente natural e afetuosa, como a personagem Bahia, que deu o César de melhor atriz de 2011 para Sara Forestier, uma comediante como poucas. Linda e talentosa. Vale a pena vê-la, rir das situações cômicas e se deixar seduzir pelo filme, que faz a gente sair leve do cinema.