O Artista
“O Artista”- “The Artist”, França/ Bélgica, 2011
Direção: Michel Hazanavicius
Oferecimento
Para gostar do filme “O Artista”, mudo, com letreiros à antiga, em preto e branco, são necessários alguns requisitos mas o principal deles é ter imaginação.
O filme é para quem não precisa de palavras faladas para ter empatia pelos atores e interesse pela história. Ou então para quem gosta de construir um filme próprio dentro de si, valendo-se da memória afetiva para escolher as vozes dos artistas, os ruídos da vida que vivemos e fazer parte da história.
É para quem não precisa de efeitos especiais e gosta de uma história de amor contada com simplicidade e eficiência.
Outro desses requisitos é não ter menos de 40 anos e ter visto Chaplin, O Gordo e o Magro, os irmãos Marx e lembrar-se desses e de outros filmes mudos que passavam nos inícios da TV no Brasil.
Mas mesmo quem é muito jovem e tem imaginação mas nunca viu filmes mudos ou não se interesssa por eles, pode gostar de “O Artista” porque o filme tem os ingredientes do sucesso: amor contrariado, uma garota engraçada, bonita e de bom coração, dois parceiros que dançam como Fred e Ginger e um cão muito especial.
O “Jack Russel terrier” Uggie não fala. Seus latidos também são mudos. E esse cachorrinho não precisa de mais nada do que de sua simples presença e seus truques bem aprendidos para detonar a química que existe entre ele e o Artista.
O filme conta a história de um astro do cinema mudo, George Valentin (Jean Dujardin) e começa em 1927, alguns anos antes do “crash” da Bolsa de New York e do aparecimento dos primeiros filmes falados.
Ele encontra uma garota chamada Peppy Miller, que deseja ser estrela de cinema e com ela vai reformular algumas das idéias que ele tinha sobre a vida.
Quem faz a garota brejeira é Bérénice Bejo, nascida em Buenos Aires mas criada em Paris, casada com o diretor do filme. Ela foi indicada a melhor atriz coadjuvante no Oscar.
O filme foi rodado em Hollywood e algumas das locações são cenários verdadeiros da época de ouro do cinema mudo, como a casa da atriz Mary Pickford.
“- É um filme que contraria o que vem sendo feito no momento. Sei que isso é uma das coisas que as pessoas apreciam nele”, diz o diretor francês Michel Hazanavicius.
Mas o filme não tem técnicas ultrapassadas. Foi usado um computador para gerar imagens, como por exemplo a recriação das ruas de Hollywood nos anos 30. O jeito de usar a câmara e a iluminação são sofisticados e contemporâneos. A trilha sonora excelente de Ludovic Bource foi premiada com o Globo de Ouro.
Jean Dujardin também levou o Globo de Ouro na categoria comédia/musical e o SAG (‘Screen Actors Guild Award”), confirmando assim o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes no ano passado e a indicação para o Oscar.
Michel Hazanavicius, além das 10 indicações do seu filme para o Oscar, faturou o cobiçado prêmio do “Directors Guild Awards”, seus iguais, e levou também o Globo de Ouro para casa.
Ironicamente, um filme francês e mudo, pode ser o primeiro não americano a ganhar o prêmio de melhor filme do ano.
Será?
Saberemos isso no dia 26 de fevereiro, dia da festa do Oscar.