Um caderno com páginas em branco. Uma mão feminina escreve “The Help”.
Eugenia Phelan (Emma Stone), chamada ”Skeeter” por todos, branca e rica, volta à sua cidade natal, Jackson, no Mississipi. Acaba de se formar em jornalismo e quer ser escritora.
Relembrando sua infância, parece que acorda para o racismo, onipresente nas famílias que ela conhece, inclusive na sua própria.
As empregadas negras que sempre se dedicaram a cuidar da casa e dos filhos das donas da cidade são o material que escolhe para o seu livro. Mal pagas e tratadas sem um mínimo de respeito e gratidão, despertam na moça um sentimento de solidariedade. O título “The Help” que Skeeter escolhe se refere a elas.
Estamos nos anos 60 quando começam os movimentos em prol dos direitos civis, com Martin Luther King à frente.
Bem sabemos que o racismo, filho do preconceito, mora no fundo do coração humano, sustentado por um tremendo egoísmo e pelo comodismo. Sempre existiu e existirá porque, conscientizar-se dele depende de despir-se de idéias preconcebidas para analisá-las com frieza, o que é difícil, frente ao medo de mudança que todos temos e o hábito humano de aceitar o que reza a tradição.
Mas Skeeter é jovem e corajosa e consegue que Aibileen Clark (Viola Davis), empregada de uma de suas conhecidas a ajude.
Aibeleen é a protagonista do filme. Vai ajudar Skeeter lendo para ela as histórias que escreve há anos, contadas por sua avó escrava e sua mãe, também empregada doméstica.
O filme “Histórias Cruzadas” que tem o mérito de trazer à tona essa discussão, que nunca envelhece, tem direção de arte, cenários e figurinos perfeitos. Mas brilha mesmo através da atuação de suas atrizes, indicadas aos principais prêmios.
Viola Davis faz uma empregada dócil, babá carinhosa para os filhos de seus patrões, apesar de viver uma tragédia secreta. Foi indicada à melhor atriz no Oscar.
Octavia Spencer (indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante) é Minny, engraçada e orgulhosa. São dela alguns dos melhores momentos do filme, contracenando com Brice Dallas Howard, a Hilly Hollbrook, patroa racista e má que posa de líder da comunidade.
Já Jessica Chastain, a inesquecível mãe de “Árvore da Vida”(também indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante) que é branca, loura e linda, é considerada cidadã de segunda categoria por suas origens sociais e é discriminada pelas pedantes donas da cidade.
Para vocês verem que preconceito não é só racismo.
“Histórias Cruzadas” é um filme honesto, bem feito, com excelentes atuações. Vale a pena ser visto.
Foi uma surpresa de bilheteria nos Estados Unidos e é um forte candidato ao Oscar de melhor filme do ano.
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