Primeiro Passo para o Oscar – são indicados os candidatos aos prêmios do “Actors Guild”

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Eleonora Rosset

O sindicato dos atores acaba de divulgar sua lista anual de vinte atores, indicados para ganhar os prêmios de 2013, o “SAG AWARDS”.

Por que é tão importante para o Oscar essa lista?

Para vocês terem uma ideia, há três anos atrás, dezenove dos vinte indicados, também apareceram na lista do Oscar. No ano passado, foram dezessete coincidências. Então, fica todo mundo de olho nesses atores indicados pelo sindicato, como se essa lista fosse um pré-Oscar.

E o mais importante dessas indicações é que, aqueles que votam, são os atores e atrizes de Hollywood, os mesmos que também votam em várias categorias no Oscar e não os jornalistas como acontece com “O Globo de Ouro”.

A cerimônia vai acontecer em Los Angeles no dia 27 de janeiro próximo.

Vamos então à lista.

 

 

Melhor elenco –

“Argo”, dirigido por Bem Affleck e que vimos aqui no Brasil, “Lincoln”, “O Lado Bom da Vida – Silver Linings Playbook”, “Os Miseráveis” que estreia por aqui no começo de fevereiro e o inglês “O Exótico Hotel Marigold” que também já passou em São Paulo.

 

Melhor Ator –

Daniel Day-Lewis aparece como o favorito nas apostas por “Lincoln”, Bradley Cooper aparece com “O Lado Bom da Vida – Silver Linings Playbook”, John Hawkes por “The Sessions”, Hugh Jackman por “Os Miseráveis”, que vai estrear no Brasil no começo de fevereiro e Denzel Washington por “Flight”.

 

Melhor Atriz –

Jessica Chastain, indicada ao Oscar o ano passado, por “Zero Dark Thyrty”, Marion Cotillard pelo maravilhoso “Rust and Bones”, Jennifer Lawrence por “O Lado Bom da Vida – Silver Linings Playbook”, Helen Mirren (Oscar por “A Rainha”) agora em “Hitchcock” e Naomi Watts por “The Impossible”.

 

Melhor Ator Coadjuvante –

Alan Arkin por sua interpretação brilhante em “Argo”, Javier Bardem pelo vilão imbatível que ele interpretou em “007- Operação Skyfall”, Robert de Niro por “O Lado Bom da Vida – Silver Linings Playbook”, Seymour Hoffman por “The Master”e Tommy Lee Jones também por “The Master”.

 

Melhor Atriz Coadjuvante –

Anne Hathaway é a favorita por sua Fantine em “Os Miseráveis”, Sally Field por “Lincoln”, Helen Hunt por “The Sessions”, Nicole Kidman por “Paperboy”e Maggie Smith pela deliciosa aposentada que vai para a India em “O Exótico Hotel Marigold”.

 

No Brasil vimos “Argo”, “007- Operação Skyfall” e “O Exótico Hotel Marigold”. Vamos torcer para que a distribuição de todos esses filmes aconteça antes da cerimônia do Oscar, que será em 24 de fevereiro em Los Angeles.

 

 

 

 

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Infância Clandestina

“Infância Clandestina”- Idem, Argentina/ Brasil /Espanha, 2011

Direção: Benjamin Ávila

Um menino de onze anos volta a seu país, a Argentina, em 1979, pela mão de brasileiros. Vemos a travessia de um rio e a passagem por barreiras na fronteira Brasil- Argentina. Ele, que nasceu Juan, por causa de Perón, agora vai se chamar Ernesto, por causa de Che Guevara.

O pai desenha para ele todos os disfarces que o Che usou e diz, antes de fazê-lo passar pela fronteira, com um novo passaporte:

“- Agora são as suas aventuras. Você vai se chamar Ernesto.”

O casal de “montoneros”, idealistas políticos que querem acabar com a ditadura militar cruel que assola a Argentina (de 1976 a 1983), volta ao país natal na clandestinidade, depois de se exilar em Cuba e no Brasil. Horácio (Cesar Troncoso) e Cristina (a uruguaia Natalia Oreiro), mais a bebê Vicky e o menino de 11 anos, agora Ernesto (o maravilhoso ator mirim, Teo Gutiérrez), vão tentar viver uma vida dupla em um vilarejo, onde, com o irmão de Horácio, tio Beto, irão se refugiar atrás de uma fabriqueta de amendoim com chocolate, enquanto levam avante seu plano de derrubar a ditadura, junto a outros “montoneros”.

O diretor Benjamin Ávila, avisa, desde o início, que o filme é baseado em fatos reais. Mais que reais, autobiográficos, já que o diretor viveu, qual o menino do filme, situações de crianças que tem os pais na luta armada.

E “Infância Clandestina” é o ponto de vista infantil sobre o mundo dos adultos. A câmara chega muito perto. Íntima, focaliza olhos, boca e ouvidos de Juan/ Ernesto, que, aos 11 anos, está numa idade em que começa a se posicionar frente ao mundo à sua volta. Espreita, quer saber o que se passa.

O país e a bandeira amada azul e branca, sem o sol dos militares, da guerra, já significam muito para ele. Mas e o amor?

Ainda muito ligado à mãe, bonita e carinhosa, testemunha encantado o seu canto, acompanhado-se ao violão ( a atriz Natalia Oreiro é também cantora), com os companheiros num churrasco. E, no parque, faz a ela perguntas sobre o amor dela pelo pai, muito próximos e amando as brincadeiras que ela faz.

Mas é o tio Beto que vai entender que Ernesto estava vivendo seu primeiro amor, com uma coleguinha de escola, Maria, graciosa ginasta olímpica. Seus conselhos de como tratar as “minas”, meninas, tem para o menino o sabor de uma conversa que jamais poderia ter com o pai, tímido e intimidante, apesar de prezar muito a família.

“Infância Clandestina” tem uma posição política corajosa quando retrata o movimento que foi totalmente dizimado pelos militares que estavam no poder. Mas não esquece o que se passava no íntimo do menino que começava a vida de adolescente. E não faz vista grossa frente aos sofrimentos que esse tipo de criança passa.

O uso do recurso aos quadrinhos em algumas passagens mais violentas, é uma originalidade de “Infância Clandestina”, que remete ao que é vivido pela criança e que se torna depois uma lembrança afetiva indelével.

Benjamin Ávila escreveu o roteiro com o brasileiro Marcelo Muller e escolheu muito bem o elenco do filme, premiado já em alguns festivais por onde passou. Aliás, o filme foi indicado pela Argentina, para representar o país no Oscar de melhor filme estrangeiro, no ano que vem.

Intimista, delicado e corajoso, “Infância Clandestina” emociona e faz pensar em como os adultos fazem sofrer a crianças, com a vida egoísta que levam, sejam militantes políticos ou não.

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