Hiroshima, Mon Amour

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“Hiroshima, Mon Amour” de 1959 é lançado com cópia restaurada em DVD da Versátil – Dirigido pelo lendário Alain Resnais, 91 anos, ainda na ativa rodando seu último filme em Paris e com roteiro da escritora Marguerite Duras, “Hiroshima, Mon Amour” é um clássico do cinema. Com Emmanuelle Riva e Eiji Okada, filmado no pós-guerra, durante a chamada Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, fala da guerra e da bomba nuclear mas, principalmente, de amores impossíveis.

As cenas entre “Elle” (Riva) e “Lui” (Okada) vão ficar na história como as mais sensuais e ardentes que o cinema já mostrou.

A história tem “flash-backs” inovadores e trata da psicologia dos personagens e da memória.

Filmado em preto e branco, a restauração devolveu principalmente o som do filme, tão importante, já que o texto que é dito é extremamente poético. Para colecionar.

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Camille Outra Vez

“Camille Outra Vez” - “Camille Redouble”, França 2012

Direção: Noémie Lvovsky

Em pleno filme B, a atriz só serve como uma garganta a ser cortada e sangrar abundantemente.

No camarim, a outra pergunta:

“- Você teve falas?”

“- Argh…” responde ela revirando os olhos.

Camille Vaillant, 40 anos, atriz sem futuro, uma filha de 16 anos, afoga as mágoas no álcool. Seu marido e pai de sua filha, que conheceu quando estavam ainda na escola, vai abandoná-la por outra mais jovem.

Amarga, seu olhar traduz desprezo pelo mundo que a cerca.

Durante os créditos, objetos como cigarros, plumas, brilhos, relógio, palitos de fósforo, sobem e descem na tela num balé em câmara lenta.

Na noite de Ano Novo, ela anda pelas ruas no meio da neve e, a caminho de uma festa, resolve entrar numa relojoaria, estranhamente aberta naquela hora da noite.

E aqui começa a graça desse filme que faz todos se lembrarem de “Peggy Sue – Seu Passado a Espera” de Copolla (1986).

Mas, apesar de alguns pontos em comum, o filme francês é bem diferente do americano.

Assim, como numa fábula encantada, Jean-Pierre Léaud faz o relojoeiro mágico que abre as portas do tempo para Camille. Ele mexe no relógio dela, parado há muito, presente de seus pais aos 16 anos, quando conheceu o marido, ficou grávida e sua mãe morreu. E consegue tirar de seu dedo o anel, primeiro presente do marido. Esses objetos icônicos vão ser a chave para a volta ao passado.

Na festa de réveillon à fantasia, no meio das amigas do tempo do colégio, dançando uma música da sua adolescência, ela desmaia para acordar num hospital nos anos 80.

O tempo foi para trás. Camille tem 16 anos novamente. E esse é o maior encanto do filme de Noémie Lvovsky, 48 anos, diretora, atriz e co-roteirista de “Camille Outra Vez”.

Ela consegue passar para o espectador essa transformação para adolescente apenas alongando o cabelo e vestindo as roupas cafonas dos anos 80. E Noémie não tem um corpinho de menina.

Mas é o brilho nos olhos e o frescor do sorriso, quando anda em sua bicicleta de menina, que faz o pacto com o espectador. Todos nós nos lembramos de nossa adolescência nos espelhando na animação dela.

Claro que ela vai tentar mudar o futuro que só ela conhece. Mas o tema do filme parece ser a redescoberta do amor. Não só o entre homem e mulher mas também o amor filial.

Pois é com ternura que Camille encara os pais e num ato comovente grava as vozes deles. Essa será a cápsula do tempo que fará com que o passado devolva algo que ela valoriza mais quando volta a ser menina. E ela consegue levar  para o futuro a sua recuperada capacidade de amar.

O elenco, que também não é de adolescentes, convence pelo mesmo motivo que a atriz principal ou seja, não são caricaturas, são eles mesmos, lembrando-se da adolescência.

“Camille Outra Vez” é uma boa comédia francesa e, assim sendo, não consegue ser superficial ou gratuita. Mas também não é um filme de Francis Ford Coppola e portanto, as angústias são vividas com mais leveza e ironia.

Um filme que surpreende e nos envolve, mesmo a contragosto.

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