O Casamento do Ano

“O Casamento do Ano” – “The Big Wedding”, Estados Unidos, 2013

Direção: Justin Zackman

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O que acontece quando o público vê os nomes do elenco desse filme? No mínimo surge uma grande curiosidade para ver como é que Robert De Niro, Diane Keaton, Susan Sarandon e Robin Williams estão envelhecendo.

E eles estão bem. Alguns até, melhores do que muitos de nós, que acompanhamos a carreira deles desde que todos éramos bem crianças ainda.

O cinema tem disso. Cria uma intimidade entre as estrelas e nós. E queremos ver como estão. Saber se as plásticas deram certo e, principalmente, se o velho carisma continua lá.

E, claro, isso faz com que a crítica dessa parte do público ao filme seja amena. Sabemos que é uma comédia, com os nossos velhos conhecidos e que eles estão bem nos papéis que
escolheram.

E é então com um sorriso de cumplicidade que acompanhamos o desfile de clichês da trama, as situações nada originais que acontecem e os diálogos previsíveis. Tudo bem, não foi para ver um filme sob esse ângulo que viemos assistir a “O Casamento do Ano”.

Quanto às estrelas mais jovens, Amanda Seyfried e Ben Barnes, dão o toque juvenil e combinam bem com o cenário e o romance.

Alíás é uma casa de sonho em Connecticut que abre a primeira cena. O jardim manicurado, a grande árvore aconchegante, o lago, tudo é de encher os olhos.

E o público mais jovem, principalmente as meninas, vão suspirar e acompanhar cada passo do casamento, sonhando com o delas.

Katherine Heigh, como a problemática filha mais velha de casal De Niro e Keaton, tem as melhores cenas e se destaca entre os atores mais jovens.

O direto e roteirista Justin Zackman, 42 anos, se sai muito bem, aliás. Todo mundo deve ter se divertido muito fazendo esse filme, inclusive o diretor.

Filmes como “O Casamento do Ano” não são para a crítica. São feitos sob medida para os fãs do elenco e para quem gosta de relaxar com uma comédia sem maiores pretensões.

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O Estranho Caso de Angélica

“O Estranho Caso de Angélica”- Idem, Brasil/Espanha/França/Portugal

Direção: Manoel de Oliveira

 

É uma lição de vida. Com 104 anos, o genial  diretor de cinema português, Manoel de Oliveira, consegue pensar e realizar um filme sobre a morte.

“O Estranho Caso de Angélica” parece que foi feito com aquela matéria prima que evitamos. O medo da morte e mais, do sofrimento ao ter que passar por ela, assusta a todos nós, seres humanos. Ora, Manoel de Oliveira está bem vivo mas mais perto dela e deve pensar nela mais do que nós, que achamos, mas não sabemos, que vamos viver mais do que ele.

A história do filme é simples e romântica.
Um fotógrafo (Ricardo Trêpa), se apaixona por uma moça morta (Pilar Lopes de Ayala). Ao fotografá-la na “chaise longue” de seda azul, onde parece dormir, com os cabelos louros emoldurando seu belo rosto, ele se assusta. Imagina, ou vê, pelo olho da camêra, que ela sorriu para ele.

E daí em diante, a vida não mais o encanta.

Sonha com Angélica e se vê voando com ela, que veio buscá-lo. Ao passar pelo rio, ele colhe uma flor para ela.

Parecem os noivos do quadro de Chagall, sempre voando, vestidos nos trajes do casamento.

Ao acordar, assustado grita:

“- Angélica!”

E esse grito vai ressoar algumas vezes durante o filme. Todos que cercam Isaac, o fotógrafo, pensam que ele enlouqueceu. Viera para documentar o trabalho nas vinhas da região do Douro, feita ainda de modo tradicional, com os camponeses cantando. Agora, esquece-se de tudo, só pensa nela.

Mas Manoel de Oliveira também deve sonhar com Angélica, o anjo da boa morte. Espera encontrá-la e unir-se a ela, num estado inebriado como Isaac. Sonho, desejo de morrer nos braços de uma morte feminina, encantadora, apaixonante.

Acho que todos nós, ainda, mais dia menos dia, vamos precisar de uma Angélica. Um anjo bom que nos faça esquecer que somos mortais e que tememos a morte.

Um pequeno filme precioso.

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