Descalços no Parque

“Descalços no Parque”- “Barefoot in the Park”, Estados Unidos, 1967

Direção: Gene Sacks

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Rever esse filme dos anos 60 é um prazer para quem viveu essa época na juventude. Porque é como entrar numa máquina do tempo.

Para os mais jovens, o filme talvez guarde algum encanto também. Porque Jane Fonda e Robert Redford, que eram novatos no cinema, tornaram-se depois grandes nomes.

Em “Descalços no Parque” os dois fazem uma dupla com a química perfeita. Estão muito convincentes como o jovem casal em lua de mel aos beijos e agarramentos na carruagem puxada a cavalo no Central Park, em Nova York, pleno inverno.

Ela faz uma mocinha bem extrovertida e ele um cara mais tranquilo, um advogado, afinal. Mal tinham 30 anos mas era assim naquele tempo.

Jane Fonda é o centro do filme. Assim, ela joga o buquê de noiva para o guarda a cavalo, anunciando que são recém casados. No Plaza, hotel em que se hospedam, ela se agarra felicíssima no braço do marido de tal forma, que ele mal consegue preencher a ficha de cadastro do hotel.

E ficam 5 dias trancados no quarto. Não vemos nem ouvimos nada mas imaginamos a paixão que estão vivendo, só pela pilha de jornais intactos na porta do quarto, aumentando a cada dia e o aviso de “Não Perturbe”.

E quando, por fim, ele tem que trabalhar, ela muito sexy, usando só a camisa dele, vai até o elevador só para ver a cara do marido frente aos outros passageiros entre escandalizados e risonhos com aquela mocinha seminua.

É pura traquinagem, como se dizia, porque ela é uma menina engraçada e levada.

O apartamento deles, pequeno demais e sem elevador, um cômodo, banheiro e um armário que chamam de quarto, é o lugar de cenas hilárias. Todos que tem que subir os cinco lances de escada, chegam exaustos e com falta de ar. Principalmente a coitada da mãe dela, interpretada por Mildred Natwick, que ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante do ano.

A noite no restaurante grego em Staten Island, em pleno fevereiro, o mês mais gélido em Nova York, é inesquecível. A animação de Jane Fonda com o ator francês mais velho e divertido, Charles Boyer, que faz o vizinho do casal que mora no sótão, é uma cena curta mas bem engraçada.

O filme foi adaptado para o cinema pelo próprio autor da peça na Broadway, Neil Simon, nascido em 1927 e ainda vivo e isso fez a diferença. São diálogos bem escritos com o “timing” que o autor percebeu nas reações das plateias da Broadway que lotavam o teatro e fizeram da peça um sucesso.

Edith Head, a legendária figurinista do cinema, veste Jane Fonda com jeans de veludo cotelê e suéteres que realçam seu corpo perfeito. Um conjunto pink de vestido e casaco é delicioso e poderia ser usado até hoje em dia.

Convido vocês a rever esse sucesso que está passando no Netflix e rir sentindo uma ponta de saudade de nós mesmos que vivemos aquela época.

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O Oscar 2018

Eleonora Rosset

O Oscar 2018

Não sei porquê achei a cerimonia dos 90 anos do Oscar meio engessada. O apresentador Jimmy Kimmel parecia apressado demais… Um discurso muito comprido no começo e depois piadas avulsas como a sobre os cachorros de Barbra Streisand que me deixou com a impressão que eu perdi algo. Nem ouvi risadas…

Mas tudo bem. O povo do cinema estava lá, bem vestido e comportado. Só que eu fiquei com a mesma impressão de alguém que disse que a visita surpresa ao cinema ao lado foi mais divertida que o Oscar.

Fiquei com um pouco de saudades das cerimonias de anos atrás, mais solenes. Bem mas isso deve ser coisa minha.

Os prêmios não surpreenderam porque ganharam os favoritos. E merecidos todos.

Amei os prêmios para “A Forma da Água”, o de melhor filme e diretor para o Guillermo del Toro, a trilha sonora para o maravilhoso Alexandre Desplat e a direção de arte esmerada.

Frances McDormand ganhou todos os prêmios de melhor atriz, só faltava mesmo o Oscar. E o discurso dela foi curto mas importante, chamando a atenção dos roteiristas para as mulheres maravilhosas da plateia. Só a ideia de que todas que ganharam um Oscar na vida subissem no palco é que foi um pouco exagerada.

Gary Oldman teve um ano excelente. Levou todos os prêmios de melhor ator.

“Dunkirk” de Christopher Nolan ganhou prêmios técnicos mas marcou presença. E “Blade Runner 2049”de Ridley Scott merecia o de efeitos especiais e fotografia.

“Trama Fantasma” foi destacado pelos figurinos, o mínimo que podiam fazer pelo belo filme de Daniel Day-Lewis.

O Oscar para o filme estrangeiro acertou em cheio porque Daniela Vega é uma grande atriz e o filme de Sebástian Lelio é comovente e atual.

No mais, ator e atriz coadjuvante ganharam também os preferidos, Sam Rockwell de “Três Anúncios para um Crime” e Allison Janney de “I Tonya”.

Melhor canção foi “Remember me” de “Viva – A vida é uma festa”, animação mexicana.

E gostei do prêmio de roteiro adaptado para James Ivory de 89 anos que escreveu para “Me Chame pelo seu Nome” e roteiro original para Jordan Peele que também dirigiu o surpreendente “Corra!”

Os curtas eu não vi, então não sei dizer se eram os melhores.

Os cenários eram quase todos azuis o que não realçou os belos vestidos. Para mim as mais bonitas foram Jennifer Garner de azul, Margot Robbie de branco e Nicole Kidman também de azul. Jane Fonda desfilou seu Balmain branco com um corpo perfeito do alto de seus 80 anos e Gal Gadot mostrou que continua a Mulher Maravilha.

Warren Beatty não deixou Faye Dunaway pegar sequer o envelope mas foi brincadeira porque eles não tiveram culpa da desordem do ano passado.

O Oscar é sempre o Oscar e a gente volta todo ano para ver! Até o próximo.

 

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