Anna – O Perigo tem Nome

“Anna - O Perigo Tem Nome “- “Anna”, França, 2019

Direção: Luc Besson

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Luc Besson, 60 anos, foi o diretor de “Imensidão Azul – Le Grand Bleu” de 1988, que emocionou as plateias contando a amizade de dois mergulhadores em apneia, com belas tomadas submarinas, que se passa na Grécia. Depois veio o sucesso de “Nikita – Criada para Matar” de 1990, que era estrelado por Anne Parillaud, uma assassina e viciada usada em missões especiais. Aí foi a vez do futurista “O Quinto Elemento” de 1997, com a bela Mila Jovovich, que foi casada com o diretor e “Lucy” de 2014 com Scarlet Johansson que, depois de contrabandear drogas no seu estomago, passa a ter superpoderes.

O novo Besson, seu 18º filme, “Anna”, tem bastante de “Nikita”, algo de “Lucy” e também de “O Profissional” de 1994, com Jean Reno e Natalie Portman, a menina de 12 anos que quer aprender a matar para vingar o  assassinato de seu irmão de 4 anos.

A jovem russa Anna Poliatova (Sacha Luss) nos é apresentada aos poucos, em vários momentos de sua vida, o que vai explicando as motivações da personagem. Ela é outra bela loura da galeria de Besson que vai partir para o caminho do assassinato, treinada pela KGB e dona de uma inteligência bastante acima da média.

Anna é modelo de uma agência parisiense mas usa essa profissão como fachada, inclusive para atrair os homens que deve eliminar.

Na verdade ela é uma assassina profissional usada pela chefe da KGB, Olga (Helen Mirren, esplêndida), para missões extremamente perigosas. Como excelente atriz que ela é, Helen Mirren faz de Olga uma mulher rígida e exigente, mas tudo com uma fina ironia que empresta humor à personagem.

O filme tem ação, reviravoltas na história e Anna mostra seu corpo flexível em lutas com homens que tem o dobro de seu tamanho. Chega a dar conta de uma pequena multidão deles num restaurante em Paris.

Sempre vestida de maneira sexy, ora ela é loura, sua cor natural, ora morena, sendo que de qualquer cor e tamanho, o cabelo de Anna é um de seus atrativos. Pele perfeita e olhos azuis completam a beleza da atriz.

Num dos “flashbacks” entendemos porque Anna resolve se envolver em espionagem e assassinato. Orfã, vivendo muito jovem com um homem rude e brutal, não tendo outra saída, resolve aceitar a proposta de Alex Tchenkov (Luke Evans) de tornar-se uma agente da KGB por cinco anos e depois poder desfrutar de total liberdade e uma boa vida garantida.

Não ficamos sabendo como foi treinada mas vemos sua eficiência e as estratégias mortais que utiliza.

Sua sexualidade é cheia de mistérios mas há uma impressão de que ela foi tão abusada, que o sexo virou outra coisa para ela. Anna parece fria mas é certamente carente de afeto e anseia por sua liberdade e um outro tipo de vida.

Ela se diz uma boneca russa. Há muitas dentro dela e nem todas são visíveis.

Saber que Luc Besson está enfrentando acusações de assédio e estupro leva a entender algumas das motivações que o levaram a escrever esse roteiro. Comparado a outros de seus filmes, “Anna” fica devendo mas é um bom entretenimento para quem gosta de filmes de ação com reviravoltas e uma linda heroína.

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Shakespeare Apaixonado

“Shakespeare Apaixonado”- “Shakespeare in Love”, Estados Unidos, 1998

Direção: John Madden

Quem foi Shakespeare? Até hoje há somente hipóteses  sobre sua identidade e sua vida privada.  De certo mesmo, sua obra fala por ele, grande autor teatral e poeta, que compreendeu a natureza humana como poucos.

Mas no filme “Shakespeare Apaixonado” não há nenhum interesse em fazer biografia. Há um canal aberto para a ficção na vida do autor, muito bem aproveitado no melhor filme do Oscar 1999.

Sucesso de público mundo afora, o filme narra uma história que acontece na era elizabetana na Inglaterra, ou seja, a Rainha Elizabeth (Judi Dench, ótima) reinava.

Naquela época era proibida a presença de mulheres no elenco das peças de teatro. Só homens eram atores.

No roteiro de Tom Stoppard, William Shakespeare (Joseph Fiennes), pobre poeta e autor de teatro, vivia um branco criativo. Nada lhe vinha como inspiração para sua nova peça.

A peste que assolava Londres piorava bem o cenário.

É aí que Lady Viola de Lesseps (Gwyneth Paltrow, linda e talentosa), amante do teatro e admiradora de Shakespeare, disfarçada de homem, com bigode falso e peruca, recita um poema e encanta o poeta, que acaba descobrindo que ela é uma bela jovem.

Depois de alguns desencontros e atrapalhações, finalmente os apaixonados estão na cama dela, protegidos pela aia.

Ardentes, livres, entregues um ao outro. É alí que renasce a inspiração de Will, que noite após noite, recita as palavras da peça que tem como musa, Viola. Nasce “Romeu e Julieta” do amor entre Viola e Will.

O filme é muito bem produzido e tem ótimo elenco. Levou sete Oscars, entre os quais melhor filme, melhor atriz para Gwyneth Paltrow, melhor atriz coadjuvante para Judi Dench, melhor figurino, produção de arte e trilha sonora.

Há quem considerasse na época uma injustiça tantos Oscars para o filme de John Madden. Mas “Shakespeare Apaixonado” sem pretensão, diverte e mexe com a curiosidade da plateia em torno ao par Viola e Will que, como Romeu e Julieta, vão viver um grande amor proibido.

Gwyneth Paltrow está bela, muito bem vestida e discretamente despida nas cenas de cama. Ela se entrega ao papel e nos emociona com seu amor pela arte e pelo artista, que ainda não era o famoso autor que se tornaria, a partir justamente de “Romeu e Julieta”.

Foi nesse ano que Fernanda Montenegro foi indicada ao Oscar de melhor atriz por “Central do Brasil” de Walter Salles. Pena. Mas nem só de Oscar vive uma atriz. A carreira da nossa foi e ainda é brilhante.

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