Simplesmente Amor

“Simplesmente Amor”- “Love Actually”, Reino Unido, França, Estados Unidos, Irlanda, 2003

Direção: Richard Curtis

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Tudo começa num aeroporto com pessoas chegando e sendo abraçadas e beijadas. Casais, pais e filhos, amigos, todos contentes abrindo os braços para quem chega. O narrador comenta a cena e diz que vamos ver o amor em toda parte. É quase Natal.

E as 8 histórias do filme falam de amor. Seja o início ou o fim de um amor, a traição, a perda e o luto, a timidez que dificulta, o sexo que facilita e o amor pelo amigo.

O neozelandês Richard Curtis escreveu o roteiro com o mesmo talento que usou em “Quatro Casamentos e um  Funeral”, “Um Lugar Chamado Notting Hill” e “O Diário de Bridget Jones”. Aqui, além do roteiro, ele dirige pela primeira vez. E faz isso com graça, leveza e não deixando que a gente se perca, seguindo os casais, de alguma forma entrelaçados por uma história de amor.

Londres está enfeitada para o Natal que está chegando. E o roqueiro que já foi mais moço (Bill Nighy) quer aproveitar o espírito natalino para vender seus discos. O empresário ajuda a reciclar uma canção. E ele faz uma promessa hilária.

E uma surpresa vem com o primeiro casal que aparece. Ela está traindo o marido (Colin Firth) com o irmão dele. Deprimido, ele resolve se trancar em sua casa na Provence para escrever. Não estava no programa que a moça da limpeza (Lucia Moniz) fosse uma bela portuguesa.

Numa grande agência, o rapaz dos sanduiches (Kris Marshall) não faz sucesso com as garotas britânicas e vai tentar a sorte na América. Sarah (Laura Linney) também trabalha na agência e está apaixonada pelo desenhista bonitão (o nosso Rodrigo Santoro) que não dá bola para ela.

O dono da agência (Alain Rickman), casado com Karen (a maravilhosa Emma Thompson) sofre com a tentação do assédio da secretária.

John e Judy (Martin Freeman e Joanna Page) são os substitutos dos atores de um filme pornô para o teste de luzes no estúdio. Nus,conversam banalidades para disfarçar o que começa a acontecer entre eles.

Enquanto a linda noiva (Keira Knightley) entra na igreja, o noivo (Chivetel Ejiofor) e seu melhor amigo param de conversar para que Mark (Andrew Lincoln) pudesse filmar tudo o que acontece. E a dúvida é: ele se atrai pelo noivo ou pela noiva?

Liam Neeson faz o viúvo recente que tem que ser o bom padrasto para Sam (Thomas Sangster) que está deprimido com a morte da mãe e vivendo seu primeiro amor não correspondido.

E Hugh Grant é o Primeiro Ministro inglês, com aquele jeito meio inseguro e sexy que chega a 10, Downing Street, e se encanta por Natalie (Martine McCutchen) sua atraente secretária.

O elenco é muito bom mas Hugh Grant e Emma Thompson se destacam.

“Simplesmente Amor” é um filme com um roteiro divertido e inteligente. Vai fazer você sorrir quando acabar de assistir na NETFLIX.

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Synonymes

“Synonymes”- Idem, França, Israel, Alemanha, 2019

Direção: Nadav Lapid

Ele buscava um lugar para ser, existir como pensava que seria melhor.

A França é escolhida por Yoav (Tom Mercier ) como uma espécie de paraíso sonhado, bem diferente de sua terra natal, Israel. Troca Tel-Aviv por Paris, mochila nas costas.

Mas, já na primeira noite lá, num apartamento emprestado, é confrontado por algo que não esperava. Roubam tudo que ele tem. E é tão pouco. Deixam Yoav nu e quase congelado de frio.

Na manhã, é encontrado pelos vizinhos, Émile (Quentin Dolmaire) e Caroline (Louise Chevillotte), que vão ser seus pontos de referência, “pai e mãe” que dão conforto e compreensão. Eles o salvam da morte, aquecem e alimentam.

Refeito, Yoav parte para sua nova vida com roupas de Émile, dinheiro, celular e um dicionário roubado numa livraria. Recusa-se a falar hebraico. Mas seu francês não é tão bom quanto gostaria que fosse. Claro, ele leu mais do que ouviu falar francês. E isso vale também para o estilo de vida que experimenta em Paris. Pouco sabe sobre isso.

Frente ao Sena com Émile, despeja uma porção de palavras detestáveis para qualificar Israel. O amigo, surpreso, responde:

“- É melhor você escolher uma só dessas palavras. Nenhum país é tudo isso que você falou! ”

Logo virá a decepção. Yoav se engana mas não é fácil admitir.

Anda de cabeça baixa frente ao Sena e à Notre Dame, para não se deixar levar pela beleza e perder a rota para o coração de Paris, que ele procura. E não acha. Talvez porque está diante dele mas ele não vê. Assim como é difícil aceitar sua própria identidade colada à sua pele da qual não pode fugir.

Nadav Lapid, 44 anos, o diretor israelense, viveu o que encena em “Synonymes”, quando tinha 20 anos e foi morar na França. Como Yoav, levava tudo a ferro e fogo, sem nuances. Não conseguia tirar de dentro de si aquilo que tentava negar. Projetava no mundo que abandonara algo que o perseguia onde quer que fosse.

Hoje, distanciou-se desse radicalismo da juventude. Amadureceu. Mas diz que seu filme não é para ser “palatável” para o público. Lapid quer chocar, envolver e tirar o espectador da zona de conforto habitual.

E consegue.

“Synonymes” ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim desse ano.

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