Sadece Sen

“Sadece Sen”- “Só Você”, Turquia, 2014

Direção: Hakan Yunat

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Aqueles dois tinham tudo para se desencontrar mas os caminhos do amor são indecifráveis e misteriosos.

Ali (Ibrahim Çelikkol), 30 anos, homem bonito, alto, forte, olhos expressivos, está encurvado e encolhido quando o encontramos pela primeira vez, no estacionamento onde era vigia noturno. O mundo lhe pesava às costas. O que teria acontecido?

Hazal (Belçim Bilgin) aparece no estacionamento para levar comida ao tio. Quando Ali a vê fica hipnotizado. Não consegue falar. Algo imenso os une desde o começo.

Ali é lunar, sombrio, culpado. Hazal é solar, alegre, faladeira. Mas nem tudo aparece num primeiro encontro entre esses personagens. Aquele vínculo forte e tenebroso ainda vai surgir e fazer o seu papel.

Tudo é delícia e calor no começo. A luz de Hanal ilumina Ali e ele se dá conta de que nascera para cuidar dela. Seu semblante se desanuvia, seu corpo responde às carícias dela.

A casa dela, que é a deles agora, é um ninho de paz, conforto e repouso. O dois precisavam daquilo que Ali fez com a casa e Hazal desabrocha como as flores que ela tanto ama.

Mas a culpa que os dois sentem dá só uma trégua e de novo vem castigar, principalmente Ali.

Hazal tem também uma culpa dolorosa no coração. Seus pais morreram num acidente de carro que ela dirigia. Algo fez todos olharem um homem em chamas que caia de um edifício. O choque de carros foi fatal para os pais de Hazal e ela ficou cega.

Haverá uma maneira de desembaraçar esse novelo de linha com tantos nós?

Dirigido pelo talentoso Hakan Yonat, o roteiro de Ceren Aslan e Asli Zengin, baseado num filme sul coreano de 2011, nos faz sentir o aperto do suspense.

A música original de Ylidiray Gurgen pontua com acerto os momentos bons e os maus. E a fotografia espetacular de Soybut Toran nos mostra lugares simples, belos e naturais, por onde circula o par de atores sedutores e o elenco competente.

“Sadece Sen” é o filme ideal para esse Dia dos Namorados e nos faz lembrar que sentimentos destrutivos só podem ser amenizados se houver amor que possa ser vivido plenamente em suas diferentes faces por toda a nossa vida.

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Mãe

“Mãe”- “Mom”, Índia , 2017

Direção: Ravi Uyawar

Pouco conhecido no Brasil, o cinema indiano tem um público fiel em seu país e começa a ser bem distribuído pelo mundo.

“Mãe” conta uma história que envolve um estupro coletivo. Infelizmente são ocorrências não raras na Índia. Portanto, é mérito do filme trazer o assunto para que possa estimular uma maior reflexão pela sociedade indiana e condenar o ato com veemência.

A personagem principal é interpretada por Sridevi, grande estrela do cinema da Índia, que morreu tragicamente em fevereiro de 2018, aos 54 anos, devido a um acidente num hotel em Dubai, onde a atriz passava uns dias com o marido, o produtor Boney Kapoor. Sua morte causou comoção em seu país, onde era adorada.

“Mãe” nos mostra porque Sridevi era tão famosa. Uma atriz bela e expressiva. Emociona a todos pelo calor de sua interpretação.

No filme, Devik é a segunda esposa de Anand e tem duas filhas. A mais velha é sua enteada Arya (Sagal Ali, ótima) que tem 18 anos e não aceita a madrasta. Apesar do carinho e cuidados sinceros demonstrados pela mulher do pai, a garota não suporta nada que venha dela. Isso causa um problema para o pai de Arya mas sua mulher mostra paciência e acredita que vai conquistar a menina. Compreende que ela está muito chocada e ressentida com a morte da mãe.

Mas vai ser preciso acontecer uma tragédia para que a garota consiga enxergar o que está diante de seus olhos. E entender porque culpa a madrasta pela morte da mãe. Muito regredida, coloca a madrasta no papel da “mãe má” que roubara a “mãe boa”. E além disso via nela a bruxa que enfeitiçara o pai para assumir o papel de mulher dele.

O tema do filme é a vingança. O clima é o de uma tragédia grega. Mas as imagens não são cruas. A violência é mais sugerida que mostrada.

As imagens são belas, com um uso especial da cor que é uma marca registrada dos indianos e a música é o contraponto, composta pelo inspirado A. R. Rahman, que ganhou um Oscar por “Quem quer ser um milionário”.

Mas o brilho maior de “Mãe” é a atuação de Sridevi como a mãe que salva sua filha do coração de mergulhar na depressão ou mesmo na loucura, fazendo com que possa desfrutar assim da vida que está à sua frente.

Namastê.

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