Tabula Rasa
“Tabula Rasa”- Idem, Bélgica, 2017
Direção: Veerle Baetens, Jeroen Perceval, Gene Bervoets
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Um dos melhores momentos em séries da Netflix, com 9 episódios, “Tabula Rasa” vem da Bélgica.
É a história de Annemie D’Haeze (Veerle Betens) ou Mie, como ela gosta de ser chamada, que se muda com o marido Benoit (Stjin VanOpstal) e a filha pequena Romy (Cécile Enthoven), para uma casa que tinha sido dos avós de Mie, no meio de uma floresta.
É bom avisar que não vamos ver um filme de terror. A série pode até mesmo parecer pertencer ao gênero, mas depois nos damos conta que se trata de um thriller psicológico, com um roteiro que usa, com muito engenho, os processos que acontecem na mente humana quando precisa de defesas frente à realidade difícil de aceitar.
Assim, Mie sofre de uma amnésia que a impede de lembrar tanto de acontecimentos de seu passado quanto do presente. Ela precisa usar um caderno onde desenha e anota recados para si mesma, sobre o que descobre e o que precisa fazer. Essa amnésia comprometeu o estado de mente de Mie em um acidente de trânsito, envolvendo o carro que ela dirigia, com a filha pequena no banco de trás.
O tempo é importante no contar essa história e, dessa forma, vamos voltar ao passado e retornar ao presente várias vezes. E assim completamos aos poucos o quadro que Mie quer lembrar mas ao mesmo tempo quer esquecer.
E nos perguntamos: qual terá sido o trauma que levou Mie a precisar da amnésia e talvez de alucinações?
Há várias reviravoltas na história que é contada do ponto de vista de Mie, que está internada em um hospital psiquiátrico. Ela não sabe porque está lá e nós também não sabemos. Um inspetor da polícia tem interesse em interrogá-la, porque parece que ela foi a última pessoa a estar com um homem que desapareceu. Ela teria algo a ver com esse sumiço?
O fato é que a série é tão bem montada que prende o espectador, que tenta fazer como Mie faz, ou seja, juntando os pedaços que aparecem e desaparecem da memória, preenchendo assim os buracos de sua mente seguindo pistas que imediatamente são anotadas ou desenhadas no caderno.
E a gente não larga facilmente dessa série. “Tabula Rasa”, que é como se diz em latim quando uma mente está vazia, prende todo mundo que gosta de desvendar segredos.
Eu adorei.