Mare of Easttown

“Mare of Easttown”, Idem, Estados Unidos, 2021

Direção: Craig Zobel

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O que se passa com aquela mulher que deve ter uns quarenta e poucos anos, o rosto bonito, mas sempre sombrio? Qual dor a habita? Ela não sorri.

Marianne Sheeran, apelido Mare, mora nessa cidadezinha da Pensilvânia onde todos se conhecem. Ou assim parece. Porque muita coisa escondida vai surgir no decorrer da história.

Ela (Kate Winslet) é detetive da polícia local, durona, sem vaidades e parece que vive para o seu trabalho. Mora com a mãe (Jean Smart) com quem tem relações impacientes, a filha adolescente Siobhan (Angourice Rice) e um menino pequeno, seu neto.

É somente com essa criança que Mare experimenta sentimentos ternos. Quando chega do trabalho e ele já está dormindo, ela se deita ao lado e relaxa um pouco. Mas como é triste o seu olhar…

Essa série da HBOMAX, tem 7 episódios e, muito bem escrita por Brad Ingelsby, deu o Emmy de melhor atriz para Kate Winslet, que está sensacional. Ela passa uma dúvida para o espectador. Como é Mare na verdade? Competente e inteligente sem dúvida. Mas algo dentro dela a faz distante, fria com quase todos.

É com a amiga Lori (Julianne Nicholson, Emmy de melhor atriz coadjuvante) que ela se abre mais. Com ela há abraços inesperados e simpatia.

Há segredos e silêncios em “Mare of Easttown” entre todos os personagens. E, quando uma garota é assassinada, parece que todos podem ter a ver com isso. ”Lady Hawk”, outro dos apelidos de Mare, mergulha nesse caso e outros desaparecimentos de meninas que parecem estar ligados com aquela morte.

E Mare não aceita respostas fáceis. Ela vai fundo e se envolve profundamente com todos os possíveis detalhes que esclareçam o acontecido. Correndo perigo até. O detetive Colin Zabel (Emmy de melhor ator coadjuvante) na pele de Evan Peters, se esforça para conseguir segui-la, mas é difícil.

E por que ela é assim? Sua vida pessoal é quase nula, divorciada, solitária e quase masculina no seu jeito de beber cerveja e se vestir.

E, quando chega na cidadezinha um novo personagem. Richard Ryan (Guy Pearce), escritor e professor na escola local, uma atração acontece entre os dois. Ela parece pela primeira vez interessada em algo além de seu trabalho.

Mas é com o auxílio de uma terapeuta que Mare começa a lidar com algo que está sendo negado, muito forte e ligado a profundos sentimentos de culpa.

Desvendar mortes e desaparecimentos é o trabalho de Mare. Mas existe algo dentro de si mesma que ela negligencia, põe de lado, como se fosse um obstáculo que a impede de viver plenamente, mas ela não quer ver. O trabalho interno está sendo evitado.

Intrigante, com um excelente roteiro e elenco primoroso, onde brilha o talento de Kate Winslet, “Mare of Easttown” vale a pena ser vista, sabendo-se que é uma série para adultos que também lidam com aspectos conflitantes em seu interior.

Uma série muito acima da média.

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