Anatomia de um Escândalo
“Anatomia de um Escândalo”-“Anatomy of a Scandal”, Reino Unido, Estados Unidos, 2022
Direção: S. J. Clarkson
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Escândalos sexuais envolvendo pessoas famosas e poderosas sempre chamaram a atenção da mídia e do público. Depois do movimento #MeToo então, dia sim, dia não, alguém perde o posto por acusação de assédio sexual.
O escândalo do filme em questão acontece nos meios políticos ingleses, envolvendo um ministro, membro do Parlamento, jovem e promissor, James Whitehouse (Rupert Friend), bonitão, bem nascido, articulado, egoísta e rico. Ele tinha o perfil de um futuro Primeiro Ministro. A isso James se dedicava com afinco, ajudado pela mulher dele, loura e bela, de uma elegância impecável, Sophie. Os dois se conheceram em Oxford, onde ambos se formaram e começaram a namorar.
Sophie largou a carreira para fazer boa figura ao lado do marido e dos filhos encantadores. Tudo parecia um quadro perfeito.
Mas algo inesperado acontece. James, que posava de marido fiel, se vê no centro de uma acusação grave. Estupro. A vítima, Olivia Litton, muito mais jovem que ele, levara o caso à polícia. Dizia que tinha sido obrigada a transar num elevador estreito da “House of Commons”. Sexo sem consentimento é estupro e crime.
Quando Sophie escuta o marido confessar a infidelidade e pedir perdão a ela quando chega em casa, ela se sente tão mal que corre para vomitar na pia da cozinha. O escândalo poderia ser o fim da carreira política de James mas para ela, era principalmente o fim do casamento perfeito que ela achava que tinha.
Faz as contas e descobre desolada que, enquanto o marido e ela namoravam numa segunda lua de mel na Itália, ele ainda mantinha o caso com a funcionária:
“- Era sexo, apenas sexo”, explica James a Sophie.
Mas o tiro tinha acertado em cheio na reputação do ministro, desempossado do cargo. E Sophie não tinha engolido o que ouvira dele. Assim, passou a observá-lo mais de perto e a rememorar os tempos de Oxford. E a perceber que, como ela era apaixonada por ele, vivia um romance idealizado. Sabia das farras dos rapazes mas encontrava uma desculpa. Afinal “rapazes serão sempre rapazes”, dizia na época para si mesma e não pensava mais no assunto.
Ela vai visitar a sogra (Phoebe Nicholls) na casa em Sussex e fica ainda mais abalada com a conversa delas porque, por trás das palavras de defesa da honra do filho, Sophie viu claramente que a mãe sabia da inclinação de James para a mentira bem contada e que ela conhecia o gigantesco narcisismo do filho.
No tribunal vamos ver cenas reencenadas do dito estupro e principalmente a atuação perfeita e contida de Michelle Dockery como a promotora, fazendo a acusação e enfrentando Josette Simon, a advogada de defesa. As cenas entre as duas nos intervalos do julgamento mostram que nenhuma delas sentia um pingo de simpatia por James Whitehouse.
A série, adaptada do livro de mesmo nome de Sarah Vaughan, tem 6 episódios, dirigidos com um bom ritmo por S.J. Clarkson, cenas imaginárias metafóricas, repetidas em diferentes versões, o que aumenta o suspense e o interesse pelo que acontece no próximo capítulo, já que há sempre um “gancho” forte nas cenas finais de cada episódio.
Sem ser uma série memorável, é um bom entretenimento, com atores bem escolhidos, cenários e ruas de Londres, produção de arte bem feita e figurinos elegantes.
Distrai bem.