Effie Gray – Uma Paixão Reprimida

“Effie Gray – Uma Paixão Reprimida”- “Effie Gray”, Reino Unido, 2014

Direção: Richard Laxton

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Effie Gray (Dakota Fanning, ótima atriz), uma menina bonita de 12 anos, conheceu seu futuro marido, John Ruskin, rico e dez anos mais velho que ela, quando ele veio visitar a casa fria onde ela morava com mais seis irmãos na Escócia. O avô dele tinha se enforcado lá.

Um mau augúrio para o relacionamento dos dois. E um toque de sadismo no neto.

John Ruskin (Greg Wise) tornou-se um aclamado crítico de arte da era vitoriana, escritor e professor. E, para o seu “anjo”, como ele a chamava, escreveu um conto de fadas bem estranho. Um rei anão era a figura principal.

Vemos o casal, ela ainda uma menina, frente a uma estátua de uma ninfa que, para evitar os avanços de Apolo, transforma-se em uma árvore. Mal sabia ela que iriam viver os papéis opostos aos da estátua durante o casamento deles que durou 6 anos.

A produção de arte recria a era vitoriana em detalhes e mostra Veneza bela e romântica e a Escócia sob eterna chuva, montanhas e lagos grandiosos. E é em sua terra natal que Effie vai entender que precisa do divórcio.

Muito foi dito e escrito sobre o comportamento de John Ruskin. A história deu o que falar. Mas Effie conseguiu a anulação do casamento com base na impotência do marido e o fato de que ainda era virgem.

Quem ajudou Effie a ganhar a liberdade foi Lady Eastlake, interpretada por Emma Thompson, que também escreveu o roteiro do filme baseado no fato real. Effie conseguiu o divórcio e se casou com o pintor John Everret Millais, protegido de Ruskin. E tiveram oito filhos.

Quanto a Ruskin nunca se casou. As hipóteses mais diversas foram comentadas. Seria ele gay? Na Inglaterra vitoriana esse era um comportamento proibido para um “gentleman”. Ou pedófilo? Numa carta ele declarou gostar só de meninas entre 12 e 16 anos. Outros ainda achavam que o repugnava os pelos pubianos e até o sangue menstrual da mulher.

Nada disso foi confirmado. O que importa é que, em plena era vitoriana, uma mulher se revolte e peça a anulação de um casamento que a humilhava e a impedia de ter filhos.

Effie fez valer os seus direitos. Brava!

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Memórias de uma Gueixa

“Memórias de uma Gueixa”- “Memoirs of a Gueixa”, França, Japão, Estados Unidos, 2005

Direção: Rob Marshall

Uma violenta tempestade cai sobre a vila de pescadores. Altas ondas se quebram com estrondo nas rochas. Um deles, num casebre, vela pela esposa próxima da morte. Não tem outra saída. Vai vender as filhas para que não morram de fome. As duas meninas choram, mas são arrastadas para o trem e vendidas em Kyoto.

“Eu não nasci para ser uma gueixa, mas a correnteza me levou”, conta em “off” uma delas e pela voz deduzimos que muito tempo se passou. Ela vai contar sua história que começa em 1929.

Chiyo (Suzuka Ohjo) é a mais nova das irmãs e tem 9 anos. É vendida para uma casa de gueixas onde irá trabalhar e, se for elegante o bastante, se tornará gueixa, para servir à clientela da casa. A irmã mais velha é vendida diretamente para a prostituição.

Beleza, volúpia exotismo, sedução, desfilam em cenários iluminados por lamparinas. Brilham as sedas, os adereços dos cabelos e a fumaça dos cigarros preenche o espaço com espelhos.

Isso vai encantar os olhos dos espectadores. A adaptação do livro de Arthur Golden mereceu 3 Oscars: figurinos, fotografia e direção de arte.

Estamos numa casa de gueixas, onde passam as cenas da educação sofrida de Chiyo. Ela trabalha como escrava na casa de Mamãe (Koori Momoi) e a gueixa da casa é a linda e pérfida Hatsumomo (Gong Li, mais bela do que nunca).

A menina trabalha sem descanso. Procura a irmã, mas não a encontra.

Um dia Chiyo olhava o rio da ponte, melancólica, quando o “Presidente”, rico homem de negócios, se acerca e comenta “os olhos de chuva” da menina. Ela se encanta com aquele homem que a trata tão bem e guarda o lenço dele como um talismã.  Será o seu amor secreto para sempre.

Crescendo em beleza e graça, ela é comprada de Mamãe por Mameha (Michelle Yeoh, belíssima) e torna-se Sayuri (Ziyi Zhang, uma estrela chinesa), que será mais tarde a gueixa mais famosa de todo o reino.

A história continua com cenas magníficas como a da dança de Sayuri, o festival da primavera com as cerejeiras em flor e haverá um tom amargo quando da Segunda Guerra. Japão derrotado vê a invasão dos soldados americanos que não entendem nada sobre aquele mundo tradicional e humilhado. Empobrecido.

“Memórias de uma Gueixa”, contada pela mais bonita e sedutora dentre elas, assim explica:

“Gueixas não são cortesãs nem esposas. Criam um mundo secreto de beleza. Ser gueixa é ser uma artista”.

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