Eleonora Rosset - Uma Psicanalista vai ao Cinema

Na bela e exótica Istambul, a cidade da Turquia que tem um lado na Europa e outro na Ásia, cortada pelo estreito de Bósforo, vamos assistir a um drama envolvendo duas famílias poderosas.

Dois rapazes, Peyami (Cagatay Ulusoy) e Dimitri são primos e foram criados na fazenda de seus avós.

Numa cena que se passa entre o avô e seus dois netos, percebemos que eles são muito diferentes. Peyami é muito ligado ao avô e Dimitri é invejoso dessa proximidade. Quando o avô presenteia Peyami com um potro, Dimitri (Salih Bademci) some com o animal e diz para Peyami:

“- Você nunca vai ter o que é meu.”

Os anos passam e Peyami torna-se um famoso costureiro e alfaiate, a profissão do seu avô. Nas cenas iniciais vemos um desfile de roupas de alta costura, assinadas por Peyami.

Dimitri na plateia se impressiona com o sucesso do primo e não esconde a inveja. Mais uma vez vemos claramente que aqueles que se dizem melhores amigos e irmãos, vivem um conflito de amor e ódio.

E o clímax disso tudo é a bela Esvet (Sifanur Gul), noiva de Dimitri por imposição da família, que foge nas vésperas do casamento. Ela desaparece.

Existem vários segredos que vão sendo desvendados ao longo das três temporadas da história que é um novelão. Mas prende a atenção e nos envolve porque aqui se conta uma história de amores não correspondidos, envolvidos em segredos de família.

A Turquia e seu modo de fazer cinema agradam a muita gente. Trata-se de uma cultura tradicional, machista, sem dúvida, mas que também sabe ser romântica e bela.

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O primeiro filme falado em inglês de Pedro Almodóvar é diferente dos outros que ele assina. Há um toque de severidade e um humor restrito nessa história sobre duas amigas que se aproximam depois de um tempo afastadas. Martha (Tilda Swinton) procura Ingrid (Julianne Moore) para contar-lhe que está doente.

Martha precisa de Ingrid pra acompanhá-la até o final. Tem uma doença terminal e optou por comandar a própria morte. Ela é uma mulher decidida, sem sentimentalismos.

Martha enfrentou a morte diversas vezes em sua profissão de fotógrafa de guerra e Ingrid, escritora de ficção, reluta um pouco mas acaba aceitando ser a pessoa que está no quarto ao lado quando tudo acontecer.

Mas não se trata de um dramalhão. Nem poderia porque o diretor trata do assunto com muita delicadeza. “O Quarto a Lado” tem um quê de “Fale com Ela” mas Almodóvar” é um cineasta criativo que a cada filme mostra uma outra faceta de sua personalidade.

As conversas entre as duas são gostosas e divertidas. Relembram a juventude e surge o tema maternidade, tão caro ao diretor.

As atrizes, tão bem escolhidas, estão maravilhosas e comoventes.

Entre cores vivas mas elegantes, que combinam com as personagens, há uma beleza que a câmera procura nas linhas arquitetônicas, nos tecidos, nos móveis e objetos, imagens que nos confortam.

A trilha sonora segue o mesmo caminho e se faz presente sem alarde pontuando emoções.

Um filme inesquecível. Ganhou o Leão de Ouro em Veneza.

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