Maria
“Maria”- “Maria Callas”, Estados Unidos,2024
Direção: Pablo Larrain
Oferecimento
A vida de Maria Callas foi uma ópera. Difícil, dura, e luminosa e surpreendente, ao mesmo tempo. Em seu filme, o diretor chileno Pablo Larrain cria, com o roteiro de Steven Knight, uma fantasia sobre a diva nos seus últimos dias, aos 53 anos (2 de dezembro de 1913-16 de setembro de 1977).
Na abertura, em preto e branco, a vemos cantar “Ave Maria” do “Otello” de Puccini. E já estamos fascinados com ela e sua voz potente e bela. Angelina Jolie a interpreta com paixão.
O apartamento da diva, Avenida Gerorge Mendel,é um palco luxuoso onde ela vive com seus dois guardiões, Bruna (Alba Rohrwacher) e Ferrucio (Pierfrancesco Favino).
Um piano é arrastado de cá para lá, numa dança insana, assim como na mente de Maria o passado faz reviravoltas. Ela vagueia pelo apartamento e já não sabe dstinguir a realidade da alucinação.
Magérrima, entope-se de remédios para poder viver. Procura o que perdeu. O que tiraram dela. Vamos ver trechos e momentos da vida de Maria, ora em colorido, ora em preto e branco, numa grande entrevista onde conta sua versão da existência.
Angelina Jolie faz de sua Callas um alterego que nos comove, coadjuvada pelas árias que canta. Ouvimos “Traviata”,o coro do “Va Pensiero”do “Nabuco”, “Tosca” de Puccini, “Madame Buterfly”,” Ana Bolena” , “O Mio Babino Caro” de Giani Schichi e “Casta Diva” de Bellini, seu maior sucesso.
Dois poodles correm pelo apartamento mas não recebem um carinho da dona deles. É o lado frio dela. Procura mas repele ao mesmo tempo. Ela se volta inteiramente para seus proprios fantasmas. Procura a voz que está perdendo.
Veremos cenas que trazem alucinações misturadas com lembranças do passado. Olha para trás. Foi feliz?
Onassis (Haluck Bilginer) que a proibiu de cantar, a mãe que a obrigou a cantar e agora que ela pode cantar sua voz a atraiçoa.
Num restaurante onde é a última a sair, responde ao garçom que lhe oferece o que comer:
“- Não tenho fome. Venho ao restaurante para ser adorada.”
Ela precisa ser admirada. O anos passaram e as plateias já não aplaudem.
Pobre Maria. Fragilíssima. Sucumbe só.
Nas cenas da vida real que passam na tela com os créditos finais, ela está bela e charmosa mas já aparece a carência que a acompanhou por toda a vida.