3 Corações

“3 Corações”- “3 Coeurs”, França, Alemanha, Bélgica, 2014

Direção: Benoit Jacquot

Quem não teve na vida um amor não vivido? São eles a porta de entrada para as já famosas “vidas paralelas”, sempre idealizadas, principalmente quando as coisas não vão bem em nossas relações afetivas.

E então, aquele amor que não vivemos porque não aconteceu, passa a ocupar a mente com promessas que não foram cumpridas. E se…

O fato é que frustrações são frequentes nas vidas dos seres humanos e esses amores não acontecidos passam a ser o oásis sonhado no deserto.

Foi o que aconteceu com Marc e Sylvie em “3 Corações”.

Os dois se encontraram numa noite em que, por coincidência, trombaram um no outro na cidade de interior onde ela morava. Marc estava lá a trabalho mas perdera o trem, estava só e de mau humor, não sabia onde tinha ido parar o celular e buscava um hotel para passar a noite e voltar para Paris.

Foi assim que começou a conversa:

“- Com licença, sabe onde posso encontrar um hotel?”

E foram conversando noite adentro até o sol nascer e sem trocar nomes ou endereços. Meio de improviso, combinam que ela irá a Paris e marcam um encontro no Jardim das Tulherias.

Sylvie vivia um momento de impasse em sua vida. Seu marido terá que ir trabalhar e viver nos Estados Unidos e ela hesitava em segui-lo.

O aparecimento desse homem parece que a distrai dessa decisão a ser tomada. Confidencia a Sophie, sua irmã querida com quem trabalha na loja de antiguidades que tinha sido da mãe delas, que encontrara alguém.

E vai ao seu encontro com muitas expectativas.

Mas quis o acaso que, problemas no trabalho e um ataque de pânico, fizessem com que ele se atrasasse muito e ela já tivesse ido embora quando ele chega ao encontro marcado.

Sylvie (Charlotte Gainsbourg) e Sophie (Chiara Mastroianni) são irmãs. Catherine Deneuve é a mãe delas. Benoit Poelvoorde é Marc, o homem que as irmãs vão amar, uma sem saber da outra, até a hora em que tudo pode ou não vir à tona.

O roteiro é bem escrito pelo diretor Benoit Jacquot (“Adeus Minha Rainha”) e Julien Boivent. O espectador segue a história, não sabendo bem por quem torcer porque as duas irmãs são encantadoras e não merecem sofrer por esse homem que, aliás, não é nenhum príncipe encantado.

Catherine Deneuve, a mãe delas, posa de matriarca impecável, desfila sua eterna beleza e não se mete na vida das filhas, que sempre correm para ela quando as coisas desandam. Mas seus olhares aflitos dão a perceber que, talvez, ela seja a única que sabe de tudo.

O final é a coroação daquilo que eu chamei de “vidas paralelas” no início desse texto. E se… Seria tudo tão diferente…

São mentirinhas que contamos para nós mesmos para nos distrair da realidade inevitável.

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