360

“360”- Reino Unido, França, Austria 2012

Direção: Fernando Meirelles

“360”- Reino Unido, França, Austria
2012

Direção: Fernando Meirelles

 

Nunca o mundo todo pareceu tão acessivel a todos como
hoje em dia. Aviões cruzam os céus e aproximam pessoas e lugares, antes
inatingíveis. Mas, do mesmo modo, há um lado caótico e impessoal nessa
proximidade de estranhos, que deixa lacunas na comunicação.

Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”2002, “Jardineiro
Fiel”2005, “Ensaio sobre a Cegueira”2008), gosta de movimentar sua câmara e
andar atrás de seus personagens.

Em “360”, adaptação da peça de teatro “La Ronde”do
austriaco Arthur Schnitzler (1862-1931) pelo roteirista britânico Peter Morgan,
o mundo dá voltas e os personagens se conectam, viajando por Viena, Paris,
Londres, Bratislava, Denver e Phoenix.

“- São nove histórias e a gente fica com a impressão de
que não pôde desenvolvê-las como gostaria”, diz Meirelles.

Mas esse é o charme do filme que segue os personagens
durante um certo trecho do caminho e logo tem que abandoná-los para seguir
outros. Há uma pressa contemporânea que marca os relacionamentos entre os seres
humanos e os torna fragmentados.

Na história entram na roda uma prostituta eslovaca
(Lucia Siposová) e sua irmã Anna (Gabriela Marcikova), um empresário inglês
(Jude Law) casado com Rose (Rachel Weisz) que tem um caso com um fotógrafo
brasileiro (Juliano Cazarré) que vive com a namorada ( Maria Flor, atriz muito
expressiva) em Londres, que decide voltar para o Brasil e conhece no voo o
britânico John ( Anthony Hopkins), ex-alcoólatra que procura a filha
desaparecida nos Estados Unidos e também Tyler (Ben Foster), criminoso em
liberdade condicional. Enquanto isso, em Paris, uma russa mal casada (Katrina
Vasilieva) com um chefe do crime se apaixona por outro, enquanto o marido se vê
envolvido com a irmã da prostituta eslovaca do início do filme. Giro de 360
graus.

Lá pelas tantas, um dos personagens diz ao
outro:

“- Cheguei em uma bifurcação. Estamos em caminhos
separados agora. Onde irão nossos caminhos?”

Essa é a pergunta que todos nós nos fazemos, um dia ou
outro. Por isso nos identificamos com esses personagens que buscam a ligação com
outros parceiros mas também se separam porque a vida continua e novas
experiências os aguardam.

O filme de Fernando Meirelles é visualmente bonito, os
atores brasileiros estão ótimos, falando um excelente inglês com charmoso
sotaque e Anthony Hopkins é um “monstro”em sua atuação sempre
excepcional.

Se algo parece rigido na história de “360” é, talvez,
porque o mundo é redondo e, girando nesse angulo proposto, voltamos sempre ao
mesmo lugar e ao mesmo ser humano, sempre igual em suas incertezas, buscas e
confusões em seus amores e paixões, aonde quer que estejam.

 

Este post tem 0 Comentários

  1. Paola Cury disse:

    test

  2. Paola Cury disse:

    Eleonora, concordo com a sua visao sobre o que significa os “360”, nome do filme, mas durante a toda a narrativa de cada historia, voce comeca a perceber que as continuacoes da vida de cada personagem nao sao “obvias”, aos nossos sentidos…isso e so uma pequena observaçâo, sem deixar de enfatisar a trilha sonora, feita pela mulher de Fernando Meirelles,Ciça Meirelles, primorosa…bjs

    • Eleonora Rosset disse:

      Paola querida,
      Concordo com vc e por isso que eu escrevi que a rapidez do mundo de hoje fragmenta as relações humanas…
      E vc tem toda a razão de lembrar da Ciça Meirelles que fez um tranalho precioso na trilha sonora.
      Vc é uma espectadora atenta!
      Bjs

  3. Luiz Roberto de Paula Dias disse:

    Acabei de chegar do Kinoplex, e gostei imensamente do Filme Eleonora, tomei o cuidado de ler a sua crítica, antes de sair para melhor aproveita-lo; Os atores são ótimos já por eles mesmos, é um prazer sempre ver Anthony Hopkins representando, e nesse caso não foi diferente, que ator e o seu personagem conta muito bem a sua estória, fazendo par com a excelente Maria Flor,de que pessoalmente gosto bastante.
    Claro que pelo que li acima, já tinha uma boa noção do que seria o mesmo, mas saí do cinema feliz com toda a trama e a capacidade do Fernando Meirelles de nos prender em todo o desenrolar de cada uma delas, com excelente resultado.
    Boa ambientação, bela fotografia, ótimos Atores; um programão. bjs

    • Eleonora Rosset disse:

      Luiz Roberto querido,
      Vc teve a mesma experiência que eu tive
      no cinema: seguimos a trama com interesse, interpretada por atores que convencem em seus personagens.
      A idéia é fazer a câmara correr atrás deles, alusão a trocas rápidas e até mesmo superficiais do mundo contemporâneo.
      Histórias de amor que começam e terminam num ciclo de 360 graus.
      Fernando Meirelles é talentoso e, mesmo que não tenha inteira liberdade para fazer a história que ele quer,mostra que conhece o oficio de diretor.
      Todo brasileiro deveria prestigiar o trabalho desse nosso diretor talentoso!
      Nós fizemos isso , né?
      Bjs

      • Luiz Roberto de Paula Dias disse:

        É sempre muito bom prestigiar talentos como ele, saímos com uma sensação de orgulho, pela pela bela criação, mesmo que como você bem diz, sem toda a liberdade que gostaria de ter, bjs

  4. Marcelo disse:

    Gostaria de saber o nome da música que Paulinho da Viola canta no filme 360º. Alguém saberia me informar? Obrigado
    Marcelo

  5. Sylviamanzano disse:

    Gosto muito da memória.
    Se não tivesse lido essa resenha, como iria me lembrar que fiquei tão impactada qdo assisti “Cidade de Deus”, que fui 7 x seguidas quase na mesma semana, assistir o filme de novo.
    Saía do cinema e já planejava qdo ia ver de novo.
    Vi lá no Espaço Unibanco, na Augusta.
    Depois, acho que anos depois assisti “O jardineiro fiel” e amei de novo, mas assisti uma vez só.
    Achei um filme sensacional, denúncia importantíssima das indústrias farmacêuticas e me lembro até hj de uma cena da Rachel Weisz, se enxugando com uma toalha, depois de tomar banho.
    Depois vi o Fernando Meirelles elogiando e acho que até apoiando o Kassab na eleição, baseado no projeto “Cidade Limpa”.
    Nunca esqueci desse fato é nunca o perdoarei por isso.
    Ficava pensando: como uma pessoa pode ser tão sensível e humana por um lado e tão superficial e vulgar por outro?

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