Rosa e Momo

“Rosa e Momo”- Idem, Itália, 2020

Direção: Edoardo Ponti

Como é terrível o trabalho do tempo em um belo rosto de mulher. Fazia 10 anos que Sophia Loren não aparecia na tela. Seu último filme foi em 2009, “Nine” de Rob Marshall. Mas tão grande é o talento dela, que já foi considerada como uma das mais sedutoras atrizes que a Itália presenteou ao mundo, que esquecemos das marcas da idade e nos encantamos com sua Madame Rosa.

A personagem foi criada pelo escritor russo de ascendência judaica e naturalizado francês, diplomata e diretor de cinema, Romain Gary (1914-1980). Ele escreveu mais de 30 romances e ganhou duas vezes o Prêmio Goncourt, uma delas com seu livro publicado com pseudônimo em 1975, “La vie devant soi”, que foi adaptado para o cinema em 1978 no filme “Madame Rosa – A vida à sua frente”, dirigido pelo israelense Moshe Mizrahi, que ganhou um Oscar.

Na nova versão, Sophia Loren faz a judia, sobrevivente do Holocausto, que conheceu Auschwitz e os horrores que lá aconteciam. As feridas incuráveis em sua alma fizeram com que ela fosse aparentemente dura, escondendo sua fragilidade de todos.

Aos 86 anos, dirigida pelo filho Edoardo Ponti, que teve como pai Carlo Ponti, grande produtor de cinema, ela volta a Bari, sua cidade natal no sul da Itália, falando o dialeto napolitano, característico do lugar. E interpreta com sutileza essa velha senhora, antiga prostituta, que cuida dos filhos de algumas delas, para que possam trabalhar e assim ganhar sua sobrevivência.

Uma dessas crianças é Momo (Ibrahima Gueye) de 12 anos, que veio do Senegal com a mãe prostituta que morreu quando ele tinha 6 anos. Ele se lembra dela com saudades e conta para outro menino como era linda, carinhosa e alegre. Em sonhos ele a vê como uma leoa com quem brinca. Mas de dia ele está perto de virar um marginal.

Vamos ver essa dupla de seres humanos, sofridos e parecidos, se aproximar e nos emocionar. Madame Rosa vê em Momo um filho que nunca teve e Momo, que tem saudades da mãe, cuida dela com carinho, depois de desencontros entre eles, ambos fechados, aparentemente, para os afetos.

Sophia Loren, excepcional como Madame Rosa, vive com Momo uma relação de que ambos precisavam.

Curto e aparentemente simples, o filme traz profundidades inesperadas.

Aquece o coração.

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