Clark

“Clark”- Idem, Suécia, 2022

Direção: Jonas Akerlund

Prepare-se para conhecer um personagem da vida real, o mais famoso ladrão de bancos da Suécia, que escreveu suas incríveis memórias, verdades e mentiras, que foram adaptadas para a minissérie “Clark” com seis episódios.

Só para ter uma ideia, o primeiro episódio chama-se: “Ser o melhor em ser o melhor não era para mim, então decidi ser o melhor em ser o pior.”

O sueco irreverente, Clark Olofsson, tornou-se conhecido por causa de seus famosos roubos a bancos. Não era violento e nem machucava ninguém.  O acontecimento conhecido como “Síndrome de Estocolmo” inspirou-se num desses roubos que durou 6 dias. Os reféns confiavam mais nele, Clark, do que na polícia, que a qualquer momento poderia entrar atirando e colocando em perigo suas vidas.

Nesse famoso roubo de banco em 1973, uma das quatro reféns telefonou para o Primeiro Ministro de dentro do banco, para pedir que a polícia não ferisse nenhum dos reféns e também nenhum dos dois ladrões.

Isso mostra um pouco do carisma que Clark possuía. Ele encantava a todos e principalmente as mulheres.

A vida dele foi um entrar e sair da prisão, sempre fugindo e sendo apanhado para ser conduzido a uma prisão de maior segurança. Numa delas levou livros e leu toda uma pilha na solitária.

E tudo começa com o seu nascimento em 1947 e a infância filmados em preto e branco porque são lembranças duras que o menino vive. Pai alcoólatra, violento e cruel que, no entanto, o menino admirava e desculpava. A mãe fazia o que podia mas era psicótica, com surtos graves. Internada num hospital psiquiátrico, lá viveu até sua morte. Ela foi uma presença amorosa na vida do filho, mas sem passar um sentimento de segurança de que tanto ele precisava. Os dois eram reféns do pai.

O modo como a minissérie foi filmada, em vários estilos, preto e branco na infância, colorido suave, depois mais forte, quadrinhos, de cabeça para baixo e outros mais, tenta passar para o público a maneira maníaca com que Clark vivia. Ele abrigava vários personagens dentro de si mesmo.

O ator sueco Bill Skarsgard dá um show de interpretação. Mas não espere ver um filme comportado porque há de tudo, sexo, drogas, bebidas e rock. Folias e loucuras com ele e seu bando de amigos.

Mas Clark era um tipo carinhoso e não violento. Ele aprendeu com o pai que ninguém ama alguém arrogante e cruel. Por isso, parte do carisma de Clark era o carinho que tinha com as pessoas, um carinho narcísico. Ou seja, mais porque ele próprio queria ser amado.

No final, a jornalista que escreveria sua biografia chega perto de conhecê-lo e entender que o verdadeiro Clark nunca tinha deixado de ser o menino de sua infância.

Ótima série.

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