Intimidade

“Intimidade” - “Intimidad”, Espanha, 2022

Direção: Jorge Torregrossa e outros

Essa série tem como cenário o País Basco, a cidade de Bilbao, a terra entre Espanha e França, onde habitam os bascos desde o século XVI.

Em seus 8 episódios vamos conhecer a história de mulheres que lutam pelos seus plenos direitos, o que lhes é negado pelo sistema patriarcal. Elas vivem num mundo onde os homens acreditam que tem mais direitos que elas. Aliás não é só lá que isso acontece.

Os campos da política e da vida privada serão os lugares onde essas mulheres aparecerão lutando contra inimigos em comum. Sem medo de errar, vamos constatar um fato: a violência sexual digital atinge mulheres de todos os níveis sociais. E isso está longe de só acontecer nessa terra tão verde, cercada pelos Pirineus e banhada pelo mar do golfo de Biscaia.

Duas mulheres vão sofrer e ter suas vidas privadas devassadas por motivos diferentes. Daí o título da série. É na intimidade que o mal contra elas é exercido sem nenhum pudor.

A personagem principal é Malen Zurbini, interpretada com garra por Itziar Ituno, que é a vice prefeita e depois prefeita substituta, candidata à eleição. Ela é competente e forte e é a favorita dos eleitores nas pesquisas. Mas os homens de seu partido ambicionam o poder e vão agir contra ela. Um vídeo com conteúdo sexual, uma transa na praia, viraliza e poderia ser a razão para ela desistir das eleições. O casamento aberto que já não ia bem e a filha adolescente, discriminada na escola por causa do vídeo, fazem a prefeita entrar em depressão e culpar-se pelo acontecido.

O tema da culpa e da confiança no parceiro sexual vai aparecer também com Ane (Veronica Echegui), operária numa fábrica onde vídeo e fotos de uma orgia, com Ane em primeiro plano, são compartilhadas entre os colegas de trabalho. Ela, que já não estava bem, não aguenta o clima pesado e se suicida. A imagem de seu corpo boiando inerte no mar é logo a primeira cena da série.

E a questão principal é colocada e defendida pela detetive policial (Ana Wagener) que tenta convencer a prefeita de que ela é vítima de um crime e não a culpada. O mesmo se aplica no caso de Ane, que vivia com sua irmã Bejo (Patricia Lopes Arnaiz). Esta fica se sentindo traída com o suicídio da irmã porque não confiara nela para que lutassem juntas contra o terrível assédio que Ane sofria. O luto estava sendo complicado.

Todas essas vidas entremeadas são mostradas com uma fotografia impecável e um roteiro bem escrito (Veronica Fernández e Laura Sarmiento). A música, sempre bem encaixada, é de Aitor Etxebarria.

“Intimidade” é uma série que vale a pena ver pelo suspense e pelas reflexões que provoca em todos nós.

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