Grace de Monaco

“Grace de Monaco”- “Grace of Monaco”, França, Estados Unidos, Bélgica, Itália, 2014

Direção: Olivier Dahan

Ela era a princesa mais bonita do mundo.

Antes, tinha sido uma atriz festejada. Grace Kelly era loira, alta, aristocrática e bela. “O Cisne – The Swan” e “High Society – Alta Sociedade”, ambos de 1956, ela estrelou logo depois do Oscar de melhor atriz em “Amar e Sofrer – The Country Girl” de 1954.

E foi no Festival de Cannes que ela conheceu o príncipe com quem se casou em 1956, ela com 26 anos e Rainier com 33. Aquele vestido de noiva de sonho, a multidão aplaudindo nas ruas de Monte Carlo e acompanhando a passagem do Rolls Royce com a futura princesa, ajudaram a criar o mito. Nada poderia ser mais perfeito.

Fotografada por onde passava, ela tornou-se também um ícone da moda. Basta lembrar da bolsa Hermès que ela usava e que passou a se chamar “Kelly”.

A imagem de Grace Kelly tem, até hoje, 23 após sua morte, uma marca de graça e elegância atemporais. Por isso, fica difícil fazer um filme sobre ela.

Nicole Kidman é linda e boa atriz. Em “Grace de Monaco”, vestida como a princesa, ela consegue passar algo da magia que envolvia sua personagem na vida real. Mas há momentos em que o rosto da atriz fica duro, sem a expressão doce de Grace e a personagem vira uma caricatura, um arremedo infeliz.

Tim Roth, bom ator, está sofrível no papel de Rainier III, mas, se nem o próprio parecia ser um príncipe encantado, o ator consegue ser ainda menos charmoso, sempre com um olhar de tédio e fastio.

Quem mais brilha é Paz Vega, que arrasa como Maria Callas, com brilhantes e esmeraldas ofuscantes, chapéus extraordinários e maquiagem de deusa grega.

Frank Langella, como o padre que parece ser o melhor amigo e confidente de Grace, está ótimo e rouba todas as cenas em que aparece, fazendo pensar que a princesa precisava dele para entender o que veio fazer em Monaco:

“- Não sei como vou viver em um lugar onde não posso ser eu mesma”, choraminga ela.

“- Você veio aqui para interpretar Sua Alteza Sereníssima, Princesa de Monaco. É o maior papel de sua vida”, responde o padre.

O roteiro de Arash Amel às vezes beira o ridículo.

Salvam-se as belas paisagens, locações à beira do mar azul turquesa, a direção de arte impecável e os figurinos maravilhosos, graças à Dior e aos arquivos da Maison Balenciaga, como rezam os créditos finais.

Odiado em Cannes, onde abriu o Festival desse ano e rejeitado pela família de Grace Kelly por ser “baseado em referências históricas erradas e dúbias”, o filme “Grace de Monaco” poderia ter sido uma homenagem à princesa mais bonita do mundo. Está longe disso, apesar de ser um filme razoável.

Uma pena.

Este post tem 0 Comentários

  1. Danian Dare disse:

    Não assisti ao filme e nei sei quando poderei, mas pela imagens não me entusiasmei. Acho difícil reproduzir a história de personalidades tão marcantes quanto de sua alteza sereníssima. Gosto até da Nicole Kidman e a acho bonita, porém, já acho a Grace muito mais. Daí, já começa as comparações e as rejeições. Quanto a reconstitituição de cenários, figurinos e tantas outras coisas, por não ser parecido exatamente com o original altera a real visão da princesa e de tudo ao seu redor. Não é a princesa no salão dourado do palácio dos Grimaldi, vestida por Marc Bohan em poses para fotos oficiais. Houve exatidão, na reprodução da tiara Societé de Bains de Mer não muito usado pela princesa durante sua vida. Mas são exigências de minha parte um tanto perfeccionista e talvez um tanto exagerado de minha parte. O que me faz lembrar a exposição ocorrida, a pouco tempo atrás, na FAAP, sobre a princesa. Haviam jóias que a princesa nunca usou e estavam expostas como sendo dela, quando na verdade era a sua sogra quem as usava. Jóias que a princesa Caroline passou a usar desde os anos 80.

    • Eleonora Rosset disse:

      Danian querido,
      Se vc leu a minha resenha, vc entendeu que a minha opinião sb o filme não foi das melhores. Tb acho difícil retratar pessoas que são ícones na tela.
      Salvam-se as paisagens e Paz Vega que homenageia Maria Callas, sem querer ser ela.
      Volte sempre!
      Bjs

Deixe seu comentário

Obter uma imagen no seu comentário!