Adeus Minha Rainha

“Adeus Minha Rainha”- “Les Adieux à La Reine”, França/ Espanha 2012

Direção: Benoit Jacquot

Quatro dias em Versailles, 14 a 17 de julho de 1789. São horas de temores, desenganos, traições, despedidas.

Corredores sombrios e sussurros amedrontados, iluminados à luz de velas, nas noites que envolveram a nobreza da França em presságios funestos.

“Adeus Minha Rainha” tem clima de pesadelo.

Os acontecimentos que mudaram a história da França e influenciaram o destino de outros países pelo mundo afora, aqui são vistos através dos olhos da leitora de Maria Antonieta, a rainha a quem Sidonie Laborde (a bela e excelente Léa Seydoux) ama e obedece.

O ângulo escolhido para narrar os primeiros dias da insurreição que acabou com a monarquia francesa e instalou um regime sanguinário, foi buscado no romance de Chantal Thomas. A ficção ajuda a penetrar na intimidade daqueles que vão perder seu poder mas que ainda não sabem.

Há um cenário de pompa envolto em sombras de medo. A famosa Galeria dos Espelhos de Versailles reflete imagens da realeza com uma beleza manchada pela tristeza do fim.

A cena em que Maria Antonieta (a atriz alemã Diane Kruger, belíssima) recebe em seus aposentos a amiga e amante, a duquesa Gabrielle de Polignac (a morena sedutora, Virginie Ledoyen), vestida de seda verde absinto, bordada com flores de ouro e plumas na cabeça, é bela e patética. A rainha destronada perde tudo, inclusive seu amor equivocado, uma aproveitadora que se enriquece às custas de seduzi-la e que foge disfarçada, com medo de ser assassinada.

Maria Antonieta perdeu também a esperança e a juventude, que vê em Gabrielle e Sidonie. Seu semblante aristocrático e arrogante não mostra mais o brilho que tinha. Ela, que queria fugir para Metz, tem que obedecer ao rei, que escolhe ficar, por sua honra e posição:

“- O povo não quer apenas pão, eles querem o poder. Como pode alguém ambicionar o poder? Para mim foi sempre uma maldição sob o manto de arminho”, diz Luis XVI à rainha.

E ele parte para Paris, deixando a família em Versailles. O resto é trágico, como todos sabem.

Benoit Jaquot, o diretor e co-roteirista, privilegia o “close” para passar ao espectador uma experiência nova, uma identificação com esses personagens. Por trás da revolta vencedora, o rosto dos derrotados, daqueles que são objeto de ódio da massa popular.

A fotografia de Romain Winding tem tons dourados no começo e caminha para cores frias e sombrias, azuis e cinzas desbotados, conforme deterioram para  o desespero os acontecimentos no palácio.

Um filme original e belo, que aborda a Revolução Francesa através dos sentimentos e conflitos dos que viveram naqueles últimos dias em Versailles.

Este post tem 0 Comentários

  1. Danian Dare disse:

    Danian darling por aqui comentando, gostei do “darling”, remeteu-me a Julie Christie e Julie Andrews por Darling e Darling Lili. Nada mais atual, no cenário nacional, do que o clima de Adéus,Minha Rainha, onde provavelmente cabeças também rolaram. Esse filme toca no aspecto trágico da vida da rainha de França, vítima, também da susseção de fatos que culminou com a revolução francesa e a mudança nos rumos da história. Vítima do marketing político, o qual acusaram-na de proferir a tão insensível frase:”Se o povo não tem pão que comam brioches!”, aumentando ainda mais o ódio do povo francês, e olha que por lá o povo gosta de rainhas. Porém o lado pelo qual a Marie Antoinette é sempre lembranda, o da rainha mais fashion da história, prevalece à tragédia e nos faz entender que a moda nos faz perder a cabeça como o da rainha de França. Rsrsrs…Vive la Reine!!!

    • Eleonora Rosset disse:

      Danian chéri,
      Coitada de Marie Antoinette… Pagou com a cabeça os erros de toda uma classe.
      Essa foto que ilustra a resenha foi tirada em Versailles no “Hameau” que ela fez construir e lá passava horas sem fim. Uma pequena fazenda que lembrava a ela seus tempos de menina. Uma figura difícil de esquecer e que inspirou tantas lendas qto modas.
      Obrigada pelo comentário especial!
      Bjs

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