Las Acacias
“As Acácias” – “Las Acacias”, Argentina/Espanha, 2011
Direção: Pablo Giorgelli
Um caminhão na estrada leva embora o bosque de acácias que antes brilhava ao sol. Os machados e as serras elétricas derrubaram tudo. Uma beleza perdida.
O que será que aconteceu com esse caminhoneiro da carga de acácias que tem um semblante tão fechado?
Mas não sabemos nada sobre ele.
E quer o seu destino que, daquela vez, a viagem do Paraguai a Buenos Aires, será diferente. Ele não vai sozinho. Uma carona é imposta e ele não tem outro remédio senão aceitar calado.
E o já sombrio caminhoneiro não disfarça o mau humor com a presença da jovem mãe e ainda por cima, uma bebê de meses, dividindo o espaço estreito da cabina do caminhão.
Clima emocional seco, quase sem palavras, só olhares de soslaio, naquele diálogo mudo dos dois.
Ao longo do caminho, entretanto, algo muito tímido vai começando a acontecer naquela boleia de caminhão.
Uma aproximação entre dois seres solitários e maltratados pela vida é possível?
Uma nota de esperança envolve o espectador quando sai do cinema.
Pablo Giorgelli, diretor argentino de primeira viagem, já mostra em “As Acácias” que sabe fazer cinema e emocionar, sem nenhum apelo a músicas melosas (o filme não tem trilha sonora, só ruídos ambientais) ou diálogos com confissões e pedidos de empatia.
O diretor também não se apressa em contar a história. O tempo em “As Acácias” não é demais nem de menos. Tempo justo.
Feito de pequenos nadas, som ambiente, “closes” nos rostos dos personagens e poucas palavras trocadas, o filme faz o espectador se interessar por Rúben (Germano De Silva) e Jacinta (Hebe Duarte), acompanhando num suspense incomodado, o decorrer daquela viagem.
Um roteiro original, minimalista, vence aos poucos a barreira da falta de comunicação entre os personagens e entre o filme e a plateia. E emociona.
Não é à toa que Pablo Giorgelli ganhou a Câmara de Ouro, como melhor diretor, no Festival de Cannes de 2011 e vem acumulando outros prêmios por onde passa.
Merecido.
Olá Eleonora,
Fico muito feliz em perceber que a sua viagem está atendendo às suas expectativas.Temos muitos males na face da Terra, mas o planeta ainda conserva inúmeras belezas e é inteligente quem busca as belezas e não os males…
Esse filme parece muito simbólico e como todo síbolo, dá margem a diversas interpretações.No meu modo de ver, os machados e as serras acabaram com um símbolo e o caminhão levou embora as esperanças…A acácia não apodrece, não se corrompe, não se deixa atacar pelos predadores naturais.Moisés utilizou-se da acácia para a construção dos elementos mais sagrados: a Arca, a Mesa e o Altar…
E vejo no semblante fechado a tristeza de quem vê imperar a podridão, a corrupção e a proliferação dos predadores do poder, deixando ao invés da beleza dos bosques, um cenário de pobreza.Muito bem colocado por você que não é à toa que o Pablo acumula prêmios.Um filme aparentemente despretencioso, é expressivamente rico quando se vê pelo ângulo simbólico.
Eleonora, desejo-lhe uma ótima continuidade de viagem e um excelente fim de semana!
Hugo
Hugo querido,
Belo comentário!
Bjs
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Minha Sinopse
Nasci em São Paulo, Capital. Sou a primeira filha de sete irmãos nascidos de Yvette e Octavio Pereira de Almeida, casada com Ivo Rosset. Estudei Psicologia na PUC de SP e Direito no Mackenzie. Sou psicanalista, membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de SP. Atendo em meu consultório há mais de 30 anos. Sempre adorei cinema, desde as sessões Tom e Jerry, passando pelo Cine Bijou até o saudoso Belas Artes. Meus filmes preferidos: “Morte em Veneza” de Visconti e “Asas do Desejo” de Wim Wenders.
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