AVATAR

"AVATAR", Estados Unidos, 2009

Direção: James Cameron

O filme mais caro da história do cinema, que teria custado 500 milhões de dólares, é também o primeiro filme a ser exibido com tecnologia 3D com legendas.
E esqueçam aqueles óculos de papelão com visores de celofane dos anos 60. Desta vez os óculos são normais e levinhos, de plástico.
Mas James Cameron, conhecido por dirigir ‘’Titanic’’(1997), não ousou apenas no uso de uma tecnologia avançada que usa terceira dimensão e atores transformados em versões digitais (e daí também o nome avatar). Ele quer nos encantar.
Para isso buscou em sua mente todas as lembranças dos livros de ficção científica que leu quando criança.
E nós também, espectadores, somos inundados pelas referências que percebemos a cada instante na tela na qual mergulhamos. E nela vemos surgir algo como o Príncipe Submarino das velhas histórias em quadrinhos, samurais rodopiando com adagas voadoras, piratas do Caribe abordando navios ou ainda Tarzan cortando os ares em seu cipó, David contra Golias e de repente dragões sendo cavalgados na noite…E tanta coisa mais…
Sim. Porque ‘’AVATAR’’ é deslumbrante.
A história tem coisas boas e outras nem tanto, mas quem se interessa só por história se estamos em Pandora?
O planeta distante é um sonho psicodélico: mistura de floresta gigante e fundo do mar com bancos de coral resplandecentes, montanhas flutuando na neblina, cascatas caindo no fundo do vácuo, pássaros pré-históricos em revoada, felinos pelados de enormes caninos à mostra, águas-vivas cintilando na noite como insetos tranqüilos, flores gigantescas de mil cores incandescentes…
E o povo de Pandora é azul com grandes olhos amarelos. Enormes para as dimensões humanas e plenamente adaptados a seu planeta,lembram uma mistura de índios apaches pintados para a guerra com guerreiros Massai africanos com seus longos pescoços, penas nos cabelos em trança e cauda.
Mas para descrevê-los, melhor vê-los em ação, velozes, leves, agressivos e doces, fazendo de tudo para proteger a Árvore Sagrada, lugar onde se comunicam com seus ancestrais.
Porque a tradição e os costumes são respeitados em Pandora.
E quando os soldados-mercenários humanos lá chegam atrás de minério de seu subsolo, será a guerra da ganância destruidora contra a luta para manter o equilíbrio frágil da natureza.
Claro que o filme fala para nós da destruição das florestas tropicais, da falta de cuidado com o nosso planeta Terra, mas também de como podemos mudar tudo isso enquanto é tempo.
Ao escolher Pandora para o nome do planeta onde existem seres que nos ensinam a viver em harmonia, acho que Cameron pensou na mitologia grega. Pandora era uma mulher descuidada e curiosa que, ao abrir uma caixa proibida, soltou no mundo todos os males que assolam o nosso planeta.
Mas, diz o mito, no fundo da caixa ficou a Esperança. Aquela que, sendo forte e protegendo sempre a vida, é a última que morre.
Penso que o filme fala com todo tipo de público com a condição de que o adolescente dentro de nós, mais velhos, esteja vivo, assim como a esperança de salvarmos o nosso planeta azul.
E isso é tarefa de todos nós.

Este post tem 0 Comentários

  1. Rafael j disse:

    Avatar é mesmo um espetáculo. Filme que seduz e encanta do começo ao fim, muito em função do uso impecável do que existe de mais elevado em tecnologia.
    Mas um outro aspecto também surpreende e ajuda a dar ao filme caráter de inovação, a ética defendida no filme destoa do americanismo dos filmes de ação de Hollywood.
    Confrontado com a escolha entre defender sua ‘raça’ permanecendo na missão designada pelos chefes militares muito motivada por anseios econômicos ou mudar de lado optando pela defesa da preservação de uma outra cultura, do meio ambiente e de seus sentimentos, o protagonista fica com a segunda possibilidade. Em terra de Rambo, cowboys e de tantos outros heróis em defesa da honra coletiva e sucesso individual, Avatar vai no caminho contrário, o que motiva nosso fuzileiro paraplégico é a honra individual pelo sucesso coletivo.
    Ai mora a grande novidade.

  2. Sylvia Manzano disse:

    Mal o dia amanheceu e cá estava a crítica da Eleonora, sobre o filme AVATAR.
    Brincadeira: só fui ler às 13:34h. E me lembro do Drummond, pra variar:
    “Vontade de cantar. Mas tão absoluta
    Que me calo, repleto.”
    Deu vontade de escrever tanta coisa, de ver o filme, disso, daquilo, mas me calo.
    Repleta.

  3. Debora Ganc disse:

    Também adorei o filme. Além das mensagens óbvias de salvar a vida do planeta há ainda as subliminares de conexão espiritual. Senti o filme como uma “experiência” dos sentidos.

  4. Sylvia Manzano disse:

    Finalmente fui assistir AVATAR.
    Quando entrei o filme estava no comecinho e tive que sentar na escada, não tinha mais lugar.
    Era gozado olhar para a platéia e ver todos aqueles óculos, q brilhavam no escuro.
    Tive q concordar em ver o filme dublado, pq o horário para o legendado seria às 22:15h, umas 6 horas depois do horário q eu estava no cinema.
    O filme é maravilhoso, mas odeio filme dublado, a dublagem brasileira consegue tirar a dignidade de qualquer filme e AVATAR sem, dúvida é um filme muito digno, pelo menos, na parte que toca a população do planeta Pandora, claro, pq os americanos são a truculência costumeira.
    Então, estou já querendo ir ver outra vez e agora legendado, pra não ficar irritada com a fala dos personagens.
    Não deveria ser proibido fazer uma tradução tão mal feita de um filme?
    Ninguém no filme falaria: e aí, beleza?
    Será que não há nada a se fazer para coibir essas dublagens tão mal feitas?
    Eu fico revoltada com isso, mas mesmo assim, consegui gostar e muito do filme.

  5. PAULO OCTAVIO PEREIRA DE ALMEIDA, disse:

    Acredito que o OSCAR é maior que uma disputa matrimonial… sem entrar nos detalhes técnicos (porque dai o Cameron ganha fácil ) acredito que os questionamentos dos 2 filmes “panfletário anti guerra”(avatar) e “”publictário sobre a guerra” (guerra ao terror ) levam as pessoas a chegar a mesma conclusão….nenhuma guerra é valida quando pensamos como humanos …eta “EX casalzinho 20” hein?

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