Bling Ring – A Gangue de Hollywood

“Bling Ring – A Gangue de Hollywood”- “Bling Ring”, Estados Unidos, 2013

Direção: Sofia Coppola

O desejo secreto ou mesmo explícito de ter mais do que os quinze minutos de fama de que falou Andy Warhol, é o centro de “Bling Ring”.

A diretora Sofia Coppola, 42 anos, filha do célebre cineasta Francis Ford Coppola, da trilogia “The Godfather – O Poderoso Chefão”, ocupa um lugar privilegiado na lista de jovens diretores de cinema.

Ela fez sucesso desde o seu primeiro filme, “Virgens Suicidas”1999  e continuou fazendo com os que se seguiram: “Encontros e Desencontros”2003, “Maria Antonieta”2005, “Um Lugar Qualquer”2010. Além de escrever seus próprios roteiros, ela também produz seus filmes. Desde criança, Sofia participou do mundo do cinema fazendo figuração nos filmes do pai e atuando como atriz.

Mas é como diretora que ela mostra a que veio:

“… o que me move é sempre essa vontade de colocar minha câmera perto de pessoas que não estão confortáveis com elas mesmas ou com o mundo.”

Em “Bling Ring” ela mostra, como que em um documentário, ao som de músicas bem escolhidas, a vida de jovens que vivem em Los Angeles e que se enrascaram com a polícia, quando foram pegos depois de invadir e roubar casas de celebridades como Paris Hilton, Lindsay Loham e Audrina Patridge. E é tudo verdade.

Aconteceu entre 2008 e 2009.

Em 2010 foi reportagem da revista de moda e comportamento dos famosos, “Vanity Fair”. “Os Suspeitos Usavam Louboutins” era o titulo do artigo de Nancy Jo Sales, que entrevistou os jovens e suas famílias. Virou livro e agora filme.

Ninguém ali precisava roubar nada. Todos os jovens da gangue eram de classe média alta. E todos obcecados pelos sites, Face e notícias frescas da internet sobre as celebridades que moravam na mesma cidade que eles.

Entrar nas casas era fácil. Como em um templo, eles se maravilhavam com os tesouros guardados nos closets e banheiros das pessoas que eles admiravam.

Um rapaz e quatro garotas. Nicki (Emma Watson), Mark (Israel Broussard), Rebecca (Katie Chang), Sam (Taissa Farmiga) e Chloe (Claire Julian), extasiados, jogavam-se sobre as bolsas Hermès e Chanel (“é uma Birkin!”), os vestidos (Oh! Um Hervé Leger!” ou “um Balenciaga!”) e as joias, maquiagem, perfumes, óculos e sapatos (“Olhem os Louboutins!”).

Levavam o que podiam, roubavam carros e, pior, não se preocupavam com as câmeras de segurança filmando tudo e, proeza máxima, postavam fotos com os “achados”, como aquela de uma das garotas com a bolsa amarela Chanel no Face.

Depois dos saques, iam beber, dançar e se drogar nos “night clubs” da moda, onde se pavoneavam com suas histórias excitantes.

Acabaram na delegacia.

Mas o que buscavam?

Na sociedade consumista em que vivemos, poucos não vão entender o que esses garotos queriam. Porque parece que é o desejo oculto ou explícito de muita gente. A fama a qualquer custo. A moda como fetiche.

Pobres meninos ricos. Comprar uma identidade a esse preço, aos olhos da maioria, foi uma aventura suicida. Mas não para Nick, interpretada com humor por Emma Watson, que finaliza “Bling Ring” anunciando que suas aventuras estarão em breve num site dela.

O filme de Sofia Coppola é um depoimento sobre a nossa triste cultura de massa superficial e seus valores. Mas atire a primeira pedra quem nunca se interessou por isso. São indivíduos muito raros.

Este post tem 0 Comentários

  1. Lauro miguel disse:

    Um big brother em que a audiência interage com os famosos.vele tudo para ser notado.e isso acontece em diferentes níveis cada vez mais… Que loucura nao?? Vou ver o filme. Suas resenhas deixam a gente com vontade de assistir os filmes. Se eu tivesse uma distribuidora contratava vc!!! Hehehe …

    • Eleonora Rosset disse:

      Lauro querido,
      Eu já tinha respondido ao seu agradável comentário mas vejo que não entrou. Vai de novo!
      Pessoas como vc me fazem continuar a escrever minhas resenhas. Por mais trabalho que eu tenha, a recompensa é saber que agrado a leitores como vc! Tomara vc tivesse uma distribuidora Rsrsrs mas a melhor recompensa é vc gostar! Continuo com essa maravilhosa tarefa de escrever sb o cinema, que é a minha paixão!
      Volte sempre para me estimular!
      Bjs

  2. Gostei muito da resenha Eleonora, mas quem falou nos 15 minutos de fama foy Andy Warhol. bj

    • Eleonora Rosset disse:

      Carlos querido,
      Coberto de razão. A memória prega peças.
      Vou corrigir pq é um erro de informação. E agradeço pela leitura atenta do meu blog!
      Bjs

  3. Hugo Ferreira disse:

    Olá Eleonora,
    Aos 53 anos, tenho que recorrer ao Google para me lembrar o que foi mesmo que a Dra Jorgina fez, ou ainda o Ibrahim Abi Ackel, ou mesmo qual era o nome do Juiz “Lalau”…a dinâmica atual é tanta e a informação tão diversificada, que um fato que seja notícia dura no máximo uma semana no consciente popular.Sabe que um dia me perguntaram o nome da minha tataravó paterna e eu não soube responder…e é minha família…rsrs, logo, penso que nâo há que se penitenciar da memória,pois, pelo muito que você nos brinda com sua resenha, ela está ótima…Concordo plenamente com você quando aborda o desejo da fama latente em muitas pessoas e é triste,mas o “credencialismo” é um problema cultural.

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