Certo agora, errado antes

“Certo agora, errado antes”- “Right Now, Wrong Then”, Coreia do Sul, 2015

Direção: Hong Sang-soo

Esperem surpreender-se com esse último e, aparentemente, banal filme do diretor sul-coreano famoso, para quem Isabelle Huppert trabalhou em “A Visitante Francesa – In Another Country” de 2012.

A história é simples. Um diretor de cinema ainda jovem, atraente e famoso, vai exibir seu filme em Suwon, uma cidade da Coreia do Sul. Quando ele chega, vai para o hotel e, ao lado, existe um antigo palácio. Ele vê da janela  de seu quarto uma mocinha bonita entrar e também vai ao local. Fica conhecendo a garota, conversam e ele descobre que ela é pintora. Visitam o ateliê dela e ele opina sobre o quadro que ela está pintando.Vão a um restaurante, bebem muito e depois seguem para um café de uma amiga da mocinha. O diretor tem só essa noite na cidade, porque, no dia seguinte, logo depois da exibição do seu filme e perguntas dos espectadores, ele volta para casa em Seul.

Só que vamos ver essa mesma história se repetir na tela. São os mesmos personagens, as mesmas cenas mas com uma ligeira modificação de gestos, posturas e conversas. E o resultado é completamente diferente nessa segunda vez que vemos a história.

É quase como se o diretor nos mostrasse uma lição de moral. Com apenas pequenas modificações, os personagens tornam-se mais naturais, espontâneos, mais maduros até.

Em uma entrevista, o diretor Hong Sang-soo, 55 anos, conta que filmou a primeira parte, editou e mostrou para os atores. E apenas sugeriu que, na segunda vez, o diretor de cinema iria ser um homem bom para aquela garota.

O jeito desse diretor trabalhar é bem diferente dos outros. Ele se inspira com pouca coisa no início das filmagens e vai construindo a história a cada dia que passa. Mas foi a primeira vez que teve a ideia de contar a mesma história com poucas modificações e resultados diferentes.

O filme é bem original e leva o espectador a comparar, em seu íntimo, as duas história e escolher a melhor. Porque a plateia pode julgar pelos resultados. Pela maneira como os personagens acabam se envolvendo.

O filme ganhou o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno, como o melhor filme. O ator Jung JaeYoung recebeu o prêmio de melhor ator.

Se a vida fosse como o filme de Hong Sang-soo, teríamos sempre uma oportunidade de vive-la de uma maneira um pouco diferente. Talvez com mais flexibilidade, menos egoismo e uma maior aceitação dos outros como eles realmente são. Mas, sabendo que é impossível, o melhor é acertar na primeira e única chance que temos. É difícil mas não impossível aprendermos a ser melhores pessoas conforme a vida passa e ensina.

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