Contra o Tempo

“Contra o Tempo”- “Source Code”, Estados Unidos, França, 2011

Direção: Duncan Jones

Um cartão postal da cidade de Chicago se mostra aos nossos olhos. Altos prédios espelhados refletem-se em águas azuis. Um helicóptero sobrevoa o cenário perfeito.

A cena muda e seguimos um trem brilhante que se desloca rápido na paisagem bucólica.

É nesse trem que o Capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal) acorda para um pesadelo.

A jovem à sua frente (Michelle Monaghan), toda íntima, acha que ele é o professor de história chamado Sean. O espelho do banheiro para onde ele corre, enjoado, o assusta ainda mais. Não é ele o homem que o olha espantado lá de dentro da superfície prateada.

De repente, uma explosão envolve tudo em chamas.

E o Capitão Stevens acorda, desnorteado, com a voz de uma mulher que o chama:

“- Você está bem. Está no Castelo Sitiado. Tente focar.”

“- Eu estava no meu helicóptero numa missão no Afeganistão, depois no trem e agora aqui…” responde perdido.

Ele está em uma espécie de cápsula espacial. Em uma telinha à sua frente é observado por aquela mulher que diz ser a Capitã Goodwin (Vera Farmiga).

Há muito não se via um filme como “Contra o Tempo”.

É ficção científica e também um suspense com ação que, contrariando o esperado nesse gênero de filme, articula inteligência e intriga, em uma história bem contada, usando as novas formulações instigantes da física quântica sobre a existência de universos paralelos. Efeitos especiais não são o centro das atenções.

Vamos ver o Capitão da Força Aérea Americana submeter-se à sua revelia, a um programa “top secret” do exército, chamado “Source Code”ou seja, “Código Fonte”, que é explicado assim, pelo inventor do projeto, dr Rutledge, ao próprio Capitão Stevens:

“- Não é uma viagem no tempo. É um acesso a uma realidade paralela.”

Trata-se de interferir no futuro. E isso graças a uma memória de 8 minutos que permaneceria viva no cérebro de um homem morto. Uma espécie de pós-imagem que permitiria que, conectado a outro cérebro, houvesse acesso ao acontecido no passado para que se pudesse coletar informações para interferir no curso futuro desses acontecimentos.

E o que se espera do Capitão Stevens? Que ele volte aos 8 minutos finais da vida do professor Sean Fentress, que morreu na explosão do trem e que descubra quem é o terrorista.

Sua missão principal é evitar que esse mesmo homem que explodiu o trem e matou todas aquelas pessoas, tenha êxito em explodir uma bomba radioativa em Chicago, causando 2 milhões de mortes.

Por seis vezes veremos o Capitão Stevens ir e voltar do trem à capsula, tentando cada vez mais adaptar-se à situação para bem desempenhar a sua missão.

Mas o interessante é que vamos percebendo que, nessa realidade paralela que ele visita no trem, ele sente que não é mais só o Capitão Stevens. Há como que “um novo eu”, misto de capitão e professor, que sabe liderar e cumprir uma missão e que se descobre apaixonado por Christina, a jovem à sua frente no trem, envolvida com o professor Sean.

O roteiro é escrito por Ben Ripley, que estréia com êxito nessa função.

O diretor, filho do cantor e ator David Bowie e que dirigiu o elogiado “Moon”- “Lunar” de 2009, sabe levar a história de forma a provocar uma identificação do espectador com o Capitão Stevens, criando uma empatia que é essencial para que a gente se prenda ao enredo, sem piscar, para não perder nenhuma pista.

No final, os grandes e expressivos olhos azuis de Vera Farmiga emprestam à Capitã Goodwin o lampejo de compaixão que a leva a libertar o Capitão Stevens de um destino terrível, para que ele tavez possa viver uma realidade nova.

“Contra o Tempo” é uma bela oportunidade de ver um ótimo filme e poder pensar sobre essa proposta de ousar mais para tentar realizar nossos desejos.

Este post tem 0 Comentários

  1. Nanna disse:

    Uma coisa que amo no cinema americano é a ficção. Seu texto parece uma pipoca, dá vontade de mais, de ver o filme. Parabéns pela Vejinha. Bjos da Safo.

  2. renato alves disse:

    Vi o trailer adorei. Vi o filme e amei.

  3. Eleonora Rosset disse:

    Nanna querida,
    Que delicia vc abrir os comentários do meu novo blog na Vejinha!
    Se vc acha que eu sou gostosa como pipoca no cinema, entào estou feliz. O meu sonho é poder levar o amor do cinema para todo mundo, principalmente para quem ainda não descobriu como o cinema é apaixonante e como te leva para o mundo, abrindo horizontes!
    Pipoca pode ser um atrativo que leve as pessoas a se deliciar com ocinema. A imagem foi mt feliz. Obrigada. Mil bjs

  4. Pierre Levon disse:

    Parabens. Conteudo muito interessante e blog lindo.

  5. Carlos Almir Morissy disse:

    Cara Sra.Rosset,

    Sua engendrada critica deixou-me intrigado quando ao
    desenrolar da trama ,que emociona mas também acelera os batimentos cardíacos.

    Penso que sua contribuição a cultura nacional vem ,em boa hora, engrandecer o panorama intelectual e quiçá lançar um olhar pós freudiano às telas.

    Folgo em contar com sua elegante opinião e não pense que deixei de perceber suas tiradas mordazes , sua danadinha…

  6. Eleonora Rosset disse:

    Carlos Almir,
    Obrigada pelo seu comentário. Espero agradar sp aos leitores gentis como vc.
    E pode me chamar de Eleonora,tá?
    Abraços

  7. sandro disse:

    Por acaso ao chegar em casa na madrugada tive a felicidade de ver a sua entrevista no do Aumary jr. apesar de não ser um esprectador do programa nesse dia resolvi assistir devido ser trata de cinenema. E tive grata supresa de ver as sua entrevista apesar que estava esperando a sengunda em verdade porem fui supreendido pela sua entrevista com os comentarios simples porem de grande relevancia ” temos de assistir filmes ruins p/ poder saber o que é bom”, ” a vida ter momentos ruins e não so momentos bons” vindo da senhora me deixou mto contente pois é especialista e acaba com os mitos que tudo tem de ser bom e que existe a felicidade sem restrição

  8. Eleonora Rosset disse:

    Querido Sandro,
    Vejo pelo seu comentário que vc tem mt sensibildade e que gosta de aprender.
    Realmente, penso que felicidade é coisa que dura momentos. Mas que valem às vêzes por uma vida! Por isso vamos correr atrás dos nossos sonhos e realizá-los com alegria. Mas, sabendo que a felicidade precisa sp ser reconquistada.
    E por tudo isso,é preciso sonhar e trabalhar a favor dos nossos desejos. Só depende de nós e de um pouco de sorte,claro!

  9. Isabel disse:

    Este blog para mim é um “achado!”.Sou “viciada” em filmes.Parabéns!Pretendo visitar aqui sempre!

    • Eleonora Rosset disse:

      Isabel,
      Eu também sou viciada em filmes como vc. Venha sempre e vc não vai se decepcionar. Vou alimentar o nosso vício com gosto !
      Bjs

  10. Edson disse:

    Cara Eleonora… a sempre “morena dos olhos d’água”…

    Fui assistir este filme hoje, e não só gostei como gostei muuuito… Apesar do surrealismo do enredo, é todo muito bem amarrado e nos deixa curioso por como seria o final.. (embora tenha uma pequena incoerência na composição final… mas… é cinema, não é realidade, não é???)

    Gostei da dica… valeu a pena..

  11. Querida Eleonora, o teu olhar é como uma outra camera que vai além decodificando outras experiencias nem sempre possiveis de se ver. O filme é demais ficção, ou desejo , sempre gostariamos de voltar ao passado e rever erros e reorganizar nossas histórias-estórias. Parabéns como sempre

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