Encontros

“Encontros”- “Deux Moi”, França, 2019

Direção: Cédric Klapish

Os românticos vão adorar essa história dirigida por Cédric Klapish (“O Albergue Espanhol” 2002, “Bonecas Russas” 2005, “Paris” 2008), sobre dois jovens solitários em Paris, morando em prédios vizinhos, que procuram um ao outro, sem saber.

Mélanie (Ana Girardot) é uma linda mulher de mais ou menos 30 anos, que trabalha num laboratório de pesquisas farmacêuticas mas que reflete em toda sua postura algo que está errado nela. No momento está muito preocupada porque precisa fazer uma apresentação dos resultados de sua equipe perante um auditório de especialistas. Sente-se incapaz.

Rémy (François Civil) é um jovem atraente, também de mais ou menos 30 anos, que anda desmazelado, encolhido, com um olhar para baixo, nenhuma segurança em si mesmo e dificuldade de se expressar. Ele é operário de um grande armazém, prestes a ser despedido e trocado por robôs.

Os dois tem o mesmo olhar perdido. E usam o mesmo metrô mas não se veem, cercados de gente das mais diversas origens, etnias e cores.

Quando chegam em casa, nos prédios vizinhos em frente às linhas do metrô, tendo acima deles a igreja branca do Sacré-Coeur no alto da colina, saem à janela e ao terraço. Ela come um pêssego e ele bebe uma cerveja. Em outros dias ela fuma e só a fumaça branca do cigarro chega até ele.

Olham a mesma paisagem mas não sabem um do outro.

Nós os vemos com aquele olhar de procura e torcemos para que eles se encontrem logo. Mas sabe do que mais? Não iria dar certo nesse momento.

Mélanie e Rémy vão à mesma farmácia, no mesmo minuto. E reclamam da mesma coisa: problemas com o sono. Um leva um relaxante e outro um estimulante mas não é disso que eles precisam.

Na academia, Rémy conversa com um colega durante um intervalo na parede de escalada:

“- É normal. Todo mundo tem dias bons e maus” diz o outro.

“- Eu só tenho dias ruins”, reclama Rémy.

Chegam a frequentar a mesma loja de alimentos, onde são atendidos pelo dono simpático que indica as melhores iguarias, mas não se olham.

Mélanie escuta suas amigas e passa a frequentar “sites” de relacionamentos mas todos os homens que aparecem só fazem ela beber mais do que o normal.

E, no metrô, uma crise de ansiedade faz com que Rémy passe mal. Algo houve naquele dia no metrô que mexeu fortemente com os conflitos internos de Rémy.

O médico percebe e recomenda uma psicoterapia.

Mélanie teve a mesma ideia, apesar de nenhum ataque de pânico nem de ansiedade.

E lá vão eles. Rémy com um senhor de cabelos brancos (François Berléand) e Mélanie com uma psicoterapeuta bem feminina (Camille Cotin).

E começou assim um ponto em comum com os dois. Cada um quer saber o que o impede de viver uma vida de melhor qualidade e quem sabe encontrar um par.

Não é da noite para o dia que isso pode acontecer mas algumas experiências adiante e coragem para ver lá dentro deles o que carregam de traumas infantís não solucionados, vão talvez aproximá-los.

É o que espera a plateia que sai leve desse “Encontros” encantador.

Este post tem 0 Comentários

  1. Cláudio disse:

    Puxa, que bom é ler um texto de uma apaixonada pelo cinema e que, ainda por cima, escreve de maneira tão singela e envolvente. Fazia tempo que não visitava seu blog, daqui não saio mais.

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