Gloria

“Gloria”- Idem, Chile, 2013

Direção: Sebastián Lelio

Ela tem 58 anos mas parece menos. Divorciada há 10, tem dois filhos criados e um bom emprego. Ainda guarda um porte leve e adora dançar.

Não todas as noites, mas quando tem vontade, vai a uma boate frequentada por gente de sua idade. E a vemos, de óculos e colar de pérolas encontrar um velho conhecido na pista de dança. Mas não é esse tipo de homem que ela quer.

Volta à casa e lá está ele, o gato do vizinho, que escolheu morar com Gloria, apesar de ser devolvido ao corredor toda vez que ela o encontra. O dono dele é um cara surtado, vizinho do andar de cima, que grita e fala alto durante a noite.

Dia seguinte, Gloria canta junto a música romântica que vem do som do carro. Ela é uma pessoa assim. Alimenta a esperança de encontrar alguém, um companheiro que também queira alguém.

E, ao que parece, de noite na boate, pode ser que seja ele, aquele que flertou com ela e veio sentar a seu lado perguntando:

“- Você é sempre tão alegre?”

Ele dança bem e mantém olhos nos olhos nas músicas românticas. Está divorciado há um ano. Seus corpos maduros criam uma química boa, uma satisfação que ambos buscam.

Mas Gloria, que tem uma convivência nada invasiva com seus filhos, um rapaz que é pai solteiro e uma moça que dá aulas de ioga e apresenta o namorado sueco para a mãe, vai se surpreender com Rodolfo e a dependência que ele demonstra cada vez que o celular toca e são suas duas filhas ou a ex que ele sustenta. Tudo isso durante o jantar com Glória, que ele ainda não apresentou para as filhas, para evitar complicações.

Paciente, ela ouve as explicações de Rodolfo, mal formuladas e indicativas da fragilidade dele e da mútua dependência que mantém com a família.

Gloria não merece, nem quer um segundo lugar na vida de um homem. Quanto mais com alguém tão confuso e inseguro.

Mas ela dá uma nova chance a ele depois de um rompimento.

Paulina Garcia ganhou o Urso de Prata de melhor atriz em Berlim, onde “Gloria” era o representante chileno. Merecido. A atriz de teatro, cinema e televisão, é quem ilumina a tela nesse filme escrito pelo diretor Sebastián Lelio, do ponto de vista da personagem Gloria.

Determinada e afetuosa ela não é o tipo que fica chorando num canto quando se decepciona. Segue em frente.

“Gloria” é um filme que mostra uma mulher que sabe que ninguém é de ninguém e que ficar sozinha pode ser melhor do que uma companhia parasita, que não dá nada em troca de sua alegria.

O grande final só podia mesmo ser a música “Gloria” de Umberto Tozzi que, nos anos 70, levava todo mundo para dançar na pista.

Belo final.

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