Gran Torino
“Gran Torino”- Idem, Estados Unidos, 2008
Direção: Clint Eastwood
Mesmo num momento de dor, pois ele amava sua mulher Dorothy, Walt Kowaslki não perde o ar austero, de poucos amigos, nem sua dignidade, nas cerimonias fúnebres para ela. Mais. Afasta-se dos dois filhos e suas famílias, que ele sabe que não gostam dele e só pensam em asilo e herança.
Ele é um homem só no mundo, agora que Dorothy se foi e tem por companhia Daisy, a doce labradora que sente a perda da dona tanto quanto ele. Ficam os dois na varanda, depois dos afazeres domésticos, ela sentada aos seus pés e ele com o cigarro e a lata de cerveja. Walt conversa com ela, que parece entender tudo que se passa.
E o assunto são os novos vizinhos que ele olha com desprezo. Veterano da guerra da Coreia, onde ganhou a Estrela de Prata, ele não vê com bons olhos aqueles que habitam ao seu lado. Caprichoso, Walt, aos 78 anos, mantém sua casa e jardim impecáveis e vê com raiva seu bairro tornar-se decadente e violento, abrigando imigrantes asiáticos, negros, indianos e poucos brancos.
Sua maior alegria tem sido lustrar sua joia, um Ford Gran Torino 1972, novinho em folha, que ele mesmo ajudou a montar na fábrica da Ford, onde trabalhou por muitos anos.
É por causa do carro que a história começa. Thao, o vizinho adolescente tímido, é assediado por uma gangue de jovens delinquentes, inclusive um primo, para que sua iniciação seja o roubo do carro precioso.
Dá tudo errado e Walt observa de sua varanda quando a gangue vem ameaçar o jovem Thao e sua família. E dá um jeito de intimidar a turma, que sai correndo. Como consequência, vira ídolo da vizinhança pacata que vê com preocupação a violência e a falta de policiamento. Flores e quitutes chegam de todos os lados.
E Sue (Ahney Her) irmã mais velha de Thao, aproxima-se de Walt e pede que ele proteja e seja um modelo masculino para o irmão que não tivera um pai presente. Sem perder a pose, o passo firme e os olhos apertados e vigilantes, Walt inicia uma relação amistosa com Thao que muda a vida dos dois.
Clint Eastwood vive a figura do mal humorado Walt com classe e elegância no porte altivo e sabe dosar o macho racista e arrogante e um coração ferido por algo muito trágico que viveu na guerra.
Um bom exemplo de mudança de racismo para humanismo, num país onde existem muitos como Walt, antes de passar a encarar o diferente com olhos despidos de prepotência.
Gran Torino é um filme emblemático como o seu protagonista, Clint Eastwood. O personagem, Walt Kowalsky está impregnado pelo rigor em que foi obrigado a suportar no sombrio periodo da Guerra Fria. Há controvérsias em relação ao personagem. Mas o ser humano é controverso em suas constantes mutações. Clint Eastwwod alinhava a sua personalidade não como um superstar e sim como alguem que se sempre se distanciou do glamour e os rasos holofotes do seu oficio. E isso é visível em seus filmes.
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Minha Sinopse
Nasci em São Paulo, Capital. Sou a primeira filha de sete irmãos nascidos de Yvette e Octavio Pereira de Almeida, casada com Ivo Rosset. Estudei Psicologia na PUC de SP e Direito no Mackenzie. Sou psicanalista, membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de SP. Atendo em meu consultório há mais de 30 anos. Sempre adorei cinema, desde as sessões Tom e Jerry, passando pelo Cine Bijou até o saudoso Belas Artes. Meus filmes preferidos: “Morte em Veneza” de Visconti e “Asas do Desejo” de Wim Wenders.
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