Halston
“Halston”- Idem, Estados Unidos, 2021
Direção: Ryan Murphy
Ele era um menino triste, que morava em Indiana, numa casa pobre. Catava as penas que encontrava no galpão e com elas fazia chapéus para consolar sua mãe, que chorava por causa das brigas constantes com o pai dele. Ele era um homem violento que criticava a educação que a mãe amorosa dava ao filho.
Muitos anos depois, foi ele que fez o “pillbox hat”, o chapéu que Jackie Kennedy usou em 1961, quando seu marido John tornou-se presidente dos Estados Unidos.
Ficou famoso da noite para o dia porque Jackie contou para a imprensa que seu vestido era de Oleg Cassini e o chapéu era um Halston. Na manhã seguinte todas as americanas queriam um chapéu igual ao dela.
Só que a moda de usar chapéu passou. E, em 1968 Halston tinha que inventar algo que todas as mulheres quisessem outra vez. Os vestidos longos e fluidos com estampas geométricas agradaram no desfile mas elas queriam roupas para usar de dia. Foi o que a mais famosa socialite de Nova York pediu a Halston numa visita à sua butique. E ela fica deslumbrada com os vestidos “chemisiers” de camurça sintética:
“- Quero um de cada cor”, diz Babe Paley a um encantado Halston.
Pronto. Halston conseguiu. Tinha agora seu próprio espaço na Madison Avenue, um apartamento decorado com móveis minimalistas, um escritório vermelho extravagante e Liza Minelli era sua melhor amiga.
Elsa Peretti, jovem italiana de boa família era sua modelo preferida e foi quem desenhou o vidro do perfume Halston. Depois de brigar com aquele que ela adorava, ela viria a ser uma designer de jóias famosa, exclusiva da Tiffany’s.
Halston colecionava amantes mas Eric, gerente da loja foi o primeiro que durou mais do que os outros até a chegada de Victor Hugo. Ele era um garoto de programa venezuelano que fazia o que queria com Halston.
A rotina de todas as noites era o Studio 54, onde o mundo fashion dançava, se mostrava, cheirava cocaína e procurava novos parceiros. Uma loucura.
E, de excesso em excesso, Halston (1938-1990) que tinha subido ao topo do mundo vindo do nada, vê sua vida esvair-se antes da hora. Aquela mente criativa tinha conseguido tudo que queria mas se esquecera de que tudo tem limite.
Numa interpretação brilhante, Ewan McGregor desfila na tela como o personagem que Halston inventara para si mesmo. Base bronzeada no rosto, cabelos com gomalina, suéter preto de gola alta, óculos escuros, um cigarro na mão e um ego insatisfeito, sempre à procura de algo que não achou.
Ele foi a maior celebridade da moda americana mas acabou sem o seu próprio nome, vendido por milhões de dólares.
Angustiado e sofrido, apesar da fama e da riqueza, a série de 5 episódios, muito bem produzida, conta algumas das histórias em torno a esse homem que nunca conseguiu consolo nem para sua mãe e menos ainda para si mesmo.
Uma pena.