Homens, Mulheres e Filhos

“Homens, Mulheres e Filhos”- “Men, Women and Children”, Estados Unidos 2014

Direção: Jason Reitman

Uma sonda no espaço flutua na tela.

A voz de Emma Thompson conta que, em 1977, a Voyager 1 deixou nosso planeta para explorar e fotografar o universo. Levou dentro dela informações sobre o que é um ser humano,  para que os possíveis extra-terrestres, que a encontrem um dia, possam ter uma ideia de como somos e como é a Terra. Foram escolhidos sons do mar, do vento, os batimentos do nosso coração, trinados da voz humana cantando a ária da Rainha da Noite da “Flauta Mágica” de Mozart e o som de um beijo, entre outras informações.

Em 14 de fevereiro de 1990, A NASA mandou um sinal para a Voyager virar-se e fotografar os planetas que havia ultrapassado. E nós aparecemos como um pequeno e pálido ponto azul, perdido na imensidão do universo, recebendo luz fraca do Sol mas ainda visível.

O diretor canadense Jason Reitman, 37 anos, de “Juno”2007 e “Sem Escalas”2009, faz um “zoom” e voltamos para a Terra.

Parece que a intenção dele é vasculhar o estado de coisas aqui na Terra, mais precisamente, numa cidade pequena dos Estados Unidos, e fazer uma foto que nos mostre agora, na segunda década do século XXI.

Vamos seguir a vida de estudantes de uma escola secundária. E ver como andam as relações humanas nessa nossa época de redes sociais e vida virtual.

Estão todo clicando em seus telefones celulares, tablets e computadores. Na tela, aparecem eles com suas mensagens.

Somos levados a seguir Hannah (Olivia Crocichia), que quer virar celebridade, ajudada pela mãe (Judy Greer) que a fotografa em poses sedutoras e pouca roupa. Outra, bem magrinha (Elena Kampouris), só pensa em não comer e informa-se em sites que estimulam a anorexia. Mas quer deixar de ser virgem e não esconde bem sua índole romântica.

Travis Trope faz um garoto cuja vida sexual se resume à masturbação com o auxílio de uma garota da internet. Já seus pais (Adam Sandler e Rosemary DeWitt) que não transam, entram em salas de “chat” para encontrar parceiros secretos.

Brandy (Kaitlyn Dever) é vigiada e gravada pela mãe invasiva (Jennifer Garner), que quase transforma o namoro saudável dela com Tim (Ansel Elgart) em tragédia.

Em todas as histórias, conflitos, angústias e a vontade de amar e ser amado.

Ou seja, a humanidade continua a mesma de sempre, só que agora usa tecnologia para se relacionar ou evitar o outro. Na nossa essência, não mudamos.

Continuamos sendo aqueles dos sons viajando no espaço levados pela Voyager, habitantes de um pequeno e pálido ponto azul, perdido na imensidão do universo.

 

 

Este post tem 0 Comentários

  1. Ana Bete disse:

    Oi Eleonora,
    Como é bom ler seus comentários, sempre inspiradores. Milagrosamente assisti este filme antes de voce 🙂 E estava aguardando suas palavras sobre este que me parece um dos melhores filmes sobre os adolescentes atuais e todos nós, né. E fica a impressão de que, na verdade, meio que duplicamos nossos problemas porque temos que administrar duas vidas: a real e a virtual. Às vezes, a virtual é mais verdadeira que a real, como os comentários sinceros das garotas durante a conversa sobre sexo ou mesmo a “personagem” secreta de Brandy. Isso me fez pensar… Enfim, gostei muito do filme e recomendo a todos.
    Aproveito a ocasião para desejar a voce ötimas festas e um 2015 cada vez mais cinematográfico, se isso é possível 😉
    Abraços,
    Ana Bete

  2. Eleonora Rosset disse:

    Ana Bete querida,
    Estou em Miami e postando os filmes que consegui ver em SP antes de sair. Por isso não estou mt rápida rsrsrs
    Esse filme foi uma surpresa pra mim. Muito bom e com perguntas mais do que respostas. É extremamente tentadora a vida virtual… Uma fuga da realidade. Quase loucura. Mas esse é o desafio. Aprender a usar!
    Boas festas!
    Volte sempre!
    Bjs

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