Meteora

“Meteora”- Idem, Alemanha, França e Grécia, 2012

Direção: Spiros Stathoulopoulos

Numa paisagem majestosa (Kalambaka, Grécia), onde tronam dois blocos de pedras colossais, o silêncio é rompido apenas pelo canto de pássaros, o sino das cabras e o vento.

Como se fossem enormes colunas, tais pedras sustentam em seu cume, um monastério de padres ortodoxos e noutra, um convento de freiras. Face a face.

Estamos fora do tempo em “Meteora”.

Mas o isolamento em que vivem essas pessoas religiosas é quebrado por acaso. A freira Urania (Tamila Koulieva) espera o saco que vai içá-la para cima e encontra o padre Theodorus (Theo Alexander), jovem e bonito.

Nada falam mas algo se passa entre eles.

O primitivo e natural desejo assoma à superfície daqueles seres que se vestem de negro, mantém os olhos baixos e falam somente com Deus através da oração.

Quando ele retorna ao monastério pela longa escadaria, leva ela no coração e na mente.

E o encantador em “Meteora” é que o que se passa entre eles, e o caminho de cada um para o alto, é reproduzido em desenhos que parecem ícones de igreja ortodoxa. Surpresos, vemos figurinhas diminutas se mexerem entre os mosaicos dourados.

À luz de velas, cada um em sua igreja, venera os mesmos ícones que, para nós, ganham vida e recontam o encontro.

Theodorus, estático aos pés do precipício pergunta:

“- Vós testais a humanidade o tempo todo?”

E logo uma luz, brilhante como um raio de sol, dança na parede do quarto de Urania. Bem que ela se penitencia, queimando a mão na vela para afastar pensamentos proibidos mas sua carne palpita.

E ela, em desenho, vê o chão se abrir e aparecer o inferno.

Ele também tem visões de um mar de sangue que jorra, por sua culpa, mas a vontade de vê-la é maior e então ele usa um ícone espelhado para chamá-la em seu quarto.

Um piquenique, cozinhado por ele, é a ocasião para a paixão aflorar. O vinho atiça o desejo.

“O desespero é o único pecado sem perdão”, descobrem os dois numa história de um santo antigo e riem dos sons das palavras “desespero” e “liberdade” em grego e russo.

Como para todos os amantes, antes e depois deles, o riso é o sinal da excitação que os invade.

Estão felizes juntos e isso vai ser mais forte que a proibição e a austeridade.

Spiros Stathoulopolos dirigiu, roteirizou e fotografou um filme raro, com um ritmo lento como os dias das pedras e tocante como as batidas fortes de dois corações.

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