Meu País

“Meu País”- Brasil, 2011

Direção: André Ristum

 

“Meu País”- Brasil, 2011

Direção: André Ristum

 

O prólogo de “Meu País” já anuncia que o passado será o lugar no qual se procura a lembrança do que não se tem mais.

O velho pai (Paulo José) sonha angustiado com crianças brincando na praia. A mãe está lá também? Não sabemos dizer, porque as imagens são distorcidas, borradas.

Enquanto o pai afunda no coma, os filhos são mostrados, cada um qual é. Tiago (Cauã Reymond), o mais novo, na farra. Mulheres, jogo e champagne. Marcos (Rodrigo Santoro), o mais velho, em Roma com a mulher italiana (Anita Caprioli), chegando do trabalho na empresa da familia dela.

A morte do pai traz Marcos e sua mulher para o Brasil. A casa patriarcal os acolhe com todas as suas lembranças.

Os irmãos se encontram novamente. Há ternura no abraço . Mas são tão diferentes…

No cemitério vemos que a mãe deles já está lá no jazigo familiar, há muito tempo.

E é essa falta, esse luto, a procura do que se perdeu e se quer recuperar, que é o coração do filme “Meu País”, primeiro longa de André Ristum.

Um segredo bem guardado vai revelar aos irmãos um lado desconhecido do pai deles e, assim, ficamos conhecendo melhor os dois. O legado do pai é afetivo e cada um vai reagir conforme o que escolheu até aqui na vida.

Obrigatóriamente, uma nova estrutura familiar terá que ser buscada, apesar de todas as dificuldades.

O exílio, usado no filme em sua acepção mais abrangente, é ser expulso do lugar de origem, para Marcos não só o Brasil mas o país da infância.

A história da recuperação do passado vivido e do não vivido, marca o amadurecimento de Marcos e Tiago. É um recomeço.

O filme “Meu País” tem sido premiado e elogiado por onde passa. O diretor André Ristum, filho do também diretor de cinema Jirges Ristum, valeu-se de sua biografia para contar a história do seu filme. Assim como Marcos, ele nasceu no Brasil e viveu um tempo no Itália. Durante a ditadura militar seu pai foi perseguido e passou 12 anos exilado na Europa com a família. Voltou ao Brasil em 1984, para morrer.

A fotografia do filme, assinada por Helcio “Alemão” Nagamine, surpreende porque não é natural em nenhum momento. É como se as imagens fossem vistas em um álbum antigo com fotos desbotadas. Contribue assim para criar o clima buscado pelo diretor.

“Meu País” é principalmente um filme de atores e conta com um elenco de destaque. Rodrigo Santoro, esbanjando classe, beleza e um italiano perfeito. Cauã Reymond, com seu talento natural empresta rebeldia e bom coração ao seu personagem e Debora Falabella dosa com doçura o impacto que causa sua presença na tela.

“Meu País” é um filme em “closeup” que procura o íntimo de cada personagem. Quem tem sensibilidade para esse tipo de viagem, vai gostar.

 

Este post tem 0 Comentários

  1. Vai-nos dizer que essa criaturinha rechonchuda nos braços do papai é quem nós vamos pensar que é?!
    Feliz dia da Criança, que um dia fomos e sempre seremos.
    Bjs
    P.S. “Meu País” vai estar na minha lista, por sua indicação.

  2. Eleonora Rosset disse:

    Wilson,
    Acertou!Já fui criança e ainda sou, em algum lugar de mim mesma.
    Bjs

  3. Já era um bebê dos olhos d’água,
    que mais tarde virou a

    “morena dos olhos d’água
    tira os seus olhos do mar
    vem ver q a vida ainda vale
    o sorriso q eu tenho pra lhe dar.”

  4. soniaClara Ghivelder disse:

    Olá querida
    Esta semana ainda vou asistir este filme cujo comentário seu, como sempre, um estímulo.
    Estamos aqui no Rio, na semana do Festival, por isso, ainda não pude assistir “Copacabana” que deve ser bastante bom.
    Esse em questão, quero assistir porque gosto da personalidade cinematoráfica do Rodrigo Santoro e dos outros meus colegas.
    Até bréve e que criancinha mais bonita….
    Baci
    Sonia Clara

    • Eleonora Rosset disse:

      Sonia Clara querida,
      Vc vai gostar dos dois filmes. Atores talentosos fazem valer sp os espaços que ocupam. Aliás vc sabe bem disso, grande atriz que vc é!
      Bjs

  5. cassia disse:

    Eleonora, seu comentário, como sempre inteligente, me deixou animada para assistir este filme. Que bom seguir ter estas dicas. Cássia

    • Eleonora Rosset disse:

      Cássia querida,
      Que bom saber que vc está lendo as minhas resenhas. Só falta a gente voltar a marcar um cineminha juntas como antigamente.
      Bjs

    • Jorge disse:

      Dear Ari, my English language is unmf6glich, but I will Dir sagen, I love your Blog, the puteircs, the people, einfach wunderbar. Und ich muss das jedesmal ausdrfccken, wenn ich bei Dir vorbeischaue. Ich bin total, aber wirklich t o t a l hingerissen. Viele Grfcdfe von Cosmee

  6. Nancy Prandini disse:

    Prezada Eleonora

    Sempre li a seu respeito, porém, nunca havia visto você falar e, hoje, assisti o Amaury, por acaso e, senti, orgulho por você..
    Você entende este sentimento?
    Você me provocou um bem estar que há muito tempo não sentia ao ver uma entrevista, um depoimento, rápido demais, para uma mulher tão delicada, forte ao mesmo tempo, esclarecidíssima e bastante distante das grosserias que, infelizmente, estão em rede nacional.
    Parabéns, Eleonora e muito obrigada por esta oportunidade. Amei!!!!!

  7. Dilhermando Alves disse:

    Eleonora,

    Assim como a Nancy Prandini, tive o prazer de presenciar a sincera entrevista que prestou ao Sr. Amaury, devo parabenizá-la pelo ótimo trabalho de suas resenhas das novidades do cine. Sou jovem, e concordo que os jovens estão à busca da felicidade, mas, falta-lhes que sejam mais objetivos, e menos neuróticos. Enquanto ao estilo, é difícil ver um jovem como eu, vestir-se com peças de alfaiataria, será bom isto? ou é o clássico que satisfaz?
    Um Abraço,
    Dilhermando Alves

  8. Odenice Araujo Braga disse:

    Hoje assintindo um programa vi e ouvi voce falar, me impresionou com claresa e elgancia como conduzio o assunto. se for possíve me indicque um bom curso de psconalise. atenciosamente Odenice

  9. acesse twitter.com/juliokirchof Obrigado.
    JK

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