O Grande Gatsby

“O Grande Gatsby”- “The Great Gatsby”, Estados Unidos/ Austrália 2013

Direção: Baz Luhrmann

Será que sonhos podem tornar-se pesadelos? E alguém pode reviver o passado? O que faz o amor renascer?

Essas são as perguntas que estão no cerne da história contada por F. Scott Fitzgerald (1896-1940) em “O Grande Gatsby”, seu famoso livro de 1926, que já foi vivido no cinema por cinco elencos diferentes e seus diretores. A última adaptação, mais presente na memória das pessoas, tinha Robert Redford e Mia Farrow e foi sucesso de público mas teve críticas mistas.

A nova versão que tem Leonardo DiCaprio e Carey Mulligan é muito diferente das outras. O realizador de “Moulin Rouge!” (2001) recria alguns dos climas vistos ali, no mesmo espírito de fantasia que fez a fama de Baz Luhrmann e marcou a carreira de Nicole Kidman.

O diretor australiano escolheu uma narrativa que vai do conto de fadas ao clima de cabaré e filme “noir”, em uma estética neo-barroca que pode não agradar a mentes mais conservadoras.

A outros, vai justamente divertir porque há uma intenção de acompanhar as artes plásticas contemporâneas, com alusões a caricaturas, quadrinhos e excessos carnavalescos. Os malabarismos com a câmara e o 3D são usados de maneira criativa e ajudam na criação dos estados de alma dos personagens.

A cena que apresenta Daisy Buchanan à plateia é de ficar na memória para sempre: cortinas esvoaçam, um braço emerge do sofá, um diamante perfeito no dedo. É Carey Mulligan, divertida, sestrosa, mimada. Vestida por Prada e Miu Miu com brilhos, rendas, transparências e franjas de cristal, ela encanta com a raposa azul emoldurando seu rosto e jóias no cabelo curto nas cenas da festa na casa de Gatsby.

O narrador e testemunha de todas as reviravoltas da história é Toby Maguire, que faz Nick Carraway, primo de Daisy. Como sempre, Toby Maguire é o excelente ator que ajuda na criação de um clima exagerado em torno aos personagens, todos excessivos.

O marido de Daisy,Tom Buchanan, vivido com brilho por Joel Edgerton, é o herdeiro milionário, presunçoso e preconceituoso, além de egoísta ao extremo. Ele e Daisy são a elite endinheirada que se considera acima das leis e da moral. Dão o tom dos “alucinados anos 20” que antecederam à famosa crise de 29.

Leonardo DiCaprio cria um Jay Gatsby com um charme mais infantil do que Robert Redford mas com nuances depressivas. Está ótimo no papel, expressando bem a mania de grandeza, a inadequação e os delírios do personagem, assim como dá vazão ao seu romantismo e ingenuidade pueris.

Sempre à procura de algo que lhe escapa, Gatsby é uma figura angustiada e maníaca mas também sedutor e atraente. Uma mistura irresistível para o lado mais infantil e aventureiro de Daisy.

Ao som de Gershwin, jazz, “Let’s Misbehave” e a bela canção original “Young and Beautiful” cantada por Lana Del Rey, as cenas vão se desenrolando frenéticas até o momento da tragédia. Aí o ritmo da narrativa muda e a fachada estética não desaparece mas cede lugar a uma realidade mais sombria.

Com tudo isso, “O Grande Gatsby” deve agradar às plateias brasileiras e incentivar a leitura do famoso livro do grande F. Scott Fitzgerald. Eu recomendo.

Este post tem 0 Comentários

  1. heddy dayan disse:

    Linda Ele nessa foto, great é vc

  2. Camila Cruz disse:

    Espero sinceramente que essa excessividade visual do Luhrmann faça jus ao que é descrito no livro – e lá essa parte também não é pouca. Acho que ela, aliás, vai ser muito mais fiel ao livro do que a versão de 74 (da qual gostei inteiramente apenas da Lois Chiles, intérprete da Jordan e achei muito anti-roaring 20’s na caracterização).

    O interessante é que o Fitzgerald gosta de colocar os relacionamentos de uma forma mais “realista” no texto, ressaltando os problemas da sociedade da época em algumas personalidades (Daisy, Tom, Mirtle e Jordan são MUITO estereotipados, aliás). Não por acaso, muita gente do meio literário diz que a Daisy é uma mistura da Zelda com uma ex namorada dele, ambas da alta sociedade, enquanto ele era pobre e subiu na vida, como o Jay. A Jordan Baker é claramente baseada em uma jogadora de golf bastante famosa na época, a Edith Cummings que era uma “Flapper” famosa.

    Eu verei o filme apenas amanhã, mas sou tão encantada pelos anos 20 e pelo texto do Fitzgerald que tenho grandes esperanças (o que me lembra de outro filme baseado em livro previsto para esse ano haha). Vamos ver se vou manter a opinião depois da sessão de amanhã.

    • Eleonora Rosset disse:

      Camila querida,
      Espero que vc goste das extravagâncias do Baz Luhrmann! Acho que o F. Scott gostaria de ver o seu livro sendo trazido para esse lado.
      Aguardo sua reação!E escreva pq já vi que vc é craque em literatura. Aliás a gente sempre acha o livro melhor, né? A nossa imaginação é tão subjetiva que cada um cria um livro diferente na própria cabeça… Então não é por aí que se deve julgar um filme.
      Estou aguardando vc!
      Bjs

  3. Danian Dare disse:

    Caríssima,
    Pelo trailer nota-se que é uma festa para os olhos. Além de seguir o rítmo dos anos loucos da década de 20, segue também o rítmo virtual das atuais produções. E tanto rítmo acelerado terminou em crash, das bolsas e economia. Glorious time, glamourous time! Além de todo um figurino flapper girl, bem Joan Crawford no seu início de carreira. Porém isso fez-me lembrar que você, Sra. Rosset, vestiu-se de melindrosa numa festa de aniversário da Marília Grabriela no antigo Gallery. O que nos mostra a uma sua certa queda pelo tema “Roaring 20’s.

    • Eleonora Rosset disse:

      Danian darling,
      Que boa memória! Era um vestido vermelho de franjas e um toque de pluma na cabeça! Bons tempos… E era puro Gatsby and the roaring 20 mesmo.
      Adoro seus comentários!
      Bjs

  4. Euzilene Monteiro dos Santos disse:

    Nossa sou louca, para assistir este filme… porém não tenho aplicativo para baixa_lo… mas já vi as cenas na canção de Lana del Rey

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