O Monge

“O Monge”- “Le Moine” Espanha/ França 2011

Direção: Dominik Moll

 

Estética gótica, cenário medieval e um olhar freudiano são os atrativos desse filme sombrio que se passa na Espanha do século XVII.

“- A cada pecador, seu pecado”, diz o monge no escuro do confessionário para um homem que reincide sempre no pecado da carne.

“- Satanás é muito poderoso…”, responde quem estava ajoelhado do lado de fora.

“- Satã só tem os poderes que nós mesmos lhe damos”, responde o confessor.

“- Simples assim? “ pergunta o pecador.

“- Sim”, responde o monge.

Nesse diálogo está colocado o desafio que o monge Ambrósio não sabia que teria que enfrentar um dia. Do alto de sua pureza, o sem pecados condena aquele que cede às tentações.

Mas a história do monge, baseada no romance gótico e anti-papista de Mattew Lewis que viveu no século XVIII na Inglaterra protestante e que foi adaptada pelo próprio diretor do filme, tem suas raízes em segredos do passado que vão ditar o destino do personagem principal.

Como na tragédia grega de Édipo, Ambrósio bebê ainda, foi abandonado na porta do convento por alguém que não teve coragem de lançá-lo às águas do rio.

Ele carrega consigo uma maldição que desconhece.

O monge tenta aliviar suas dores de cabeça, que o deixam insone, no roseiral que cuida desde pequeno.

Mas, quando aparece o enviado do Mal, Ambrósio, que se julgava imune às tentações, verá que não é tão simples assim não ceder aos desejos mais íntimos da carne e do coração.

A natureza humana, com suas fraquezas e limites, será testada duramente, durante o desenvolver da história de Ambrósio, interpretado com grande entrega por Vincent Cassel.

Quem se comportava como um santo, descobre-se filho do homem e assume um pacto faustiano.

O clima de sombras e presságios de “O Monge” deve muito à música de Alberto Iglesias, que usa lindamente cantos gregorianos e à fotografia de Patrick Blossier, de claros e escuros, que adicionam os elementos necessários à trama, que sugere tragédias desde o início.

Sem ser um filme imperdível, “O Monge” tem o mérito de lidar com o grotesco sem apelar para imagens de mau gosto e sustos baratos.

É um filme de suspense que conta a história com classe e bom gosto. Até mesmo com poesia e inspiração, eu diria.

Este post tem 0 Comentários

  1. Lendo seu texto fiquei c/ vontade de visitar esse filme- -confessionário e esse Monge. Li e imaginei “coisas” que não eram só do séc. XVIII, mas de todos os séculos, desde o princípio dos tempos e quem sabe por qto tempo+!
    Bj

  2. Os franceses mais uma vez mostrando que estão em ótima fase no cinema !! Cassel esta muito bem!! A historia prende e a trilha sonora e fotografias sao lindas !!
    Uma ótima sugestão para quem gosta de filmes de época !!
    Ótima dica Eleonora !!!
    Bacio

  3. Marcia disse:

    estou gravando o filme agora…..
    vamos ver..
    beijos….gosto de todas suas dicas.

  4. Eleonora Rosset disse:

    Marcia querida,
    Depois me conta o que achou do filme, tá? Bjs

  5. Luiz Roberto de Paula Dias disse:

    Por tudo que li acima, fiquei muito interessado e conferir as belas músicas e fotografia que você cita, depois te conto que eu achei, bjs

  6. Luiz Roberto de Paula Dias disse:

    Enfim Eleonora, comecei a a por meus filmes em dia, Gostei de ter visto esse primeiro, um clima bem sombrio, e de algumas nuances de cores, faz com que você preste a atenção a cada diálogo, cada movimento e se envolva com a bela música de fundo, gostei da atuação de Cassel, que fez bem a sua transfiguração do bem para o mal. foi mais uma ótima oportunidade de ir ao cinema, obrigado, bjs

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