Obsessão

“Obsessão”- “The Paperboy” Estados Unidos, 2012

Direção: Lee Daniels

É quase uma regra sem exceção. Pessoas fragilizadas, quando acuadas, tendem à violência. Se o ambiente estimular, uma pessoa dessas perde a cabeça. “Obsessão” vai mostrar como isso acontece.

Os irmãos Jansen, Jack (Zac Efron) e Ward (Mattew McConaughey), vão passar por apuros ao se interessar em desvendar o assassinato de um xerife, odiado pelos negros e temido pelos brancos, na Flórida do fim dos anos 60.

Quem foi para a prisão, condenado à morte, é um sujeito desbocado e esquisito (John Cusack).

Ward, o mais velho dos irmãos é jornalista e acha, juntamente com o amigo negro, também jornalista, que a história pode levá-los à fama, se conseguirem provar a inocência do acusado.

O caçula Jack, o “paperboy”(entregador de jornais), é muito jovem, largou a faculdade e vai onde o irmão for.

Zac Efron empresta sua figura de garoto bonito ao nadador Jack, que, muito carente, vai sofrer as consequências do abandono materno, quando era criança. Largados com o pai, dono do jornal local, rude e ausente, quem vai cuidar do pequeno Jack é a empregada negra Anita (a cantora Macy Gray), que é a narradora em “off “da história.

Tudo em meio às perseguições raciais que levavam brancos e negros a confrontos violentos.

Não é à toa que, em certo momento aparece Angela Davis na TV, a ativista pelos direitos humanos dos negros e uma branca comenta com sarcasmo:

“- Agora ela vai querer ser presidente do país…”

E, para incendiar a cena, surge a garçonete Charlotte Bess (Nicole Kidman, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante no ano passado por esse papel), que gosta de escrever cartas para os presidiários, que a ajudam a manter a auto-estima, rebaixada por um passado obscuro e um presente sem futuro.

Sensual, bonita, cafona e sem controle, a vida de Charlotte é um namoro com o perigo.

Os dois irmãos ficam conhecendo essa bomba-relógio em forma de sereia, porque ela resolve se envolver com o suposto assassino, via cartas despudoradas, e quer ajudá-los a inocentá-lo.

Charlotte, roupas justas e curtas, em cores berrantes, maquiagem pesada que realça os olhos azuis e a boca carnuda, cabelos louros com franja petulante, é a encarnação do desejo explosivo.

E o jovem Jack vai se apaixonar perdidamente por ela, mais velha que ele e uma pessoa perturbada.

O diretor Lee Daniels e o escritor do livro “Paperboy”, Pete Dexter, foram os co-autores do roteiro. A história é contada, propositalmente, de maneira embaralhada, o que faz o espectador se prender mais na narrativa e deixa todo mundo em suspense.

Há cenas fortes envolvendo sexo e violência mas certas pessoas se escandalizaram mais com o xixi que Nicole Kidman faz em cima de Zac Efron na praia, no papel de Jack, para aplacar a dor causada por um ataque de águas-vivas.

A trama é envolvente, a trilha sonora muito boa, a fotografia entre o antigo e o novo e o elenco responde com talento à direção inteligente de Lee Daniels que já nos deu “Preciosa” 2009, Oscar de melhor atriz e roteiro, em 2010.

Se você não for uma pessoa pudica, vai gostar.

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