Os Invisíveis

“Os Invisíveis”- “Die unsichbaten”, Alemanha, 2017

Direção: Claus Rafle

Em outubro de 1941, em meio à Segunda Guerra, começou na Alemanha a deportação de judeus para os campos de concentração. Todos haviam recebido uma comunicação do governo nazista para que declarassem seus bens sob pena de prisão.

Esse documentário do diretor Claus Rafle vai contar uma história, pouco conhecida, sobre os judeus alemães de Berlim que se recusaram a obedecer essas ordens. Foram 7.000 os que fizeram a opção de ficar “invisíveis” ou seja, não usavam a estrela amarela obrigatória e tinham papéis falsificados.

No docudrama, entrevistas com quatro desses judeus que viveram clandestinamente em Berlim, alternam-se com a encenação do que eles contam, com atores e cenários que recriam a época. Há também cenas de jornais filmados com registros da guerra e da vida na cidade, muito bem editadas com o resto do material.

Assim, Cioma Schonhaus (interpretado por Max Mauff), de 20 anos, não acompanha seus pais na deportação. Muito habilidoso, formado no Liceu de Arte, consegue falsificar passaportes com perfeição, tendo salvado muitos que precisavam de novos documentos.

Ruth Gumpei (Ruby O. Fee) é a segunda a dar seu testemunho:

“- Quanto mais pioravam as leis contra os judeus, mais tínhamos o desejo de nos esconder.”

E muitos foram ajudados a entrar na ilegalidade por famílias alemãs que os abrigavam. Por várias razões, inclusive porque não aprovavam a política de Hitler.

Foi o que aconteceu com Eugen Fried (Aaron Altaras) de 16 anos, que tinha a mãe casada com um alemão. Seu padrasto o ajuda a conseguir abrigo com famílias comunistas.

Hanni Levy (Alice Dwyer) tinha 17 anos e teve que mudar a cor dos cabelos e o seu nome e foi ajudada por uma amiga católica de sua mãe.

A verdade é que todos os “invisíveis” viviam um dia de cada vez porque não sabiam o que aconteceria no amanhã. A maioria passava fome e estava assustada. Inclusive pelo perigo de ser reconhecido pelos judeus que trabalhavam para a Gestapo, denunciando os outros e acreditando na falsa promessa de que seriam poupados da deportação.

Cerca de 1.500 dos 7.000 “invisíveis” sobreviveram em Berlim até o fim da guerra. Muitos dos que os ajudaram foram agraciados com o título de “Justos entre as Nações” pelo Yad Vashem.

O docudrama de Claus Rafle é oportuno em tempos nos quais vemos crescer a intolerância e os regimes autoritários. É nosso dever fazer a juventude saber o que aconteceu para que isso nunca mais se repita.

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