The Crown 6a temporada, 2023

“The Crown”, 6ª temporada, Reino Unido, 2023

Direção: Christian Schwochow

Oferecimento Arezzo

Brilha a Tour Eiffel na noite de Paris. E um rapaz passeia com seu cãozinho. De repente uma Mercedes preta passa a toda pela avenida, perseguida por motos e outros carros. Assustado, o rapaz ouve um estrondo e imediatamente liga para a polícia. Avisa do acidente que acabou de acontecer no túnel Pont de l’Alma.

Em sua 6ª temporada, a série de grande sucesso, coloca em primeiro plano a princesa triste, Lady Diana. Sabemos como sua morte foi lamentada pelo mundo todo que acompanhava sua história.

O tempo volta na tela e o Primeiro Ministro, Tony Blair, tenta convencer a rainha Elizabeth II de que Diana, mesmo divorciada, podia ser útil à Coroa. Ele comenta a fama que ela tem e o carinho dos súditos com ela. Mas o muro que a deixou fora da família real é alto e inexpugnável. Aos 36 anos, Diana é considerada “persona non grata” pela rainha (Imelda Stanton), mesmo sendo a mãe de um futuro rei.

Para quem acompanhou a série e leu sobre os acontecimentos, é como se encontrássemos velhos conhecidos. Os atores continuam ótimos. Principalmente Elizabeth Debicki, que encontrou o caminho certo para interpretar Lady Di sem imitação barata e criando o clima de carisma que a rodeava. Imelda Stanton faz a rainha com o rosto e a entonação da voz. E Mohamed Al-Fayed tem em Salim Daw o interprete perfeito.

E uma pergunta. É tudo verdade? A narrativa dos eventos é respeitada mas o criador, Peter Morgan, inseriu cenas imaginadas, especialmente as conversas que só os personagens reais podem dizer se são exatas.

A figura que ocupa mais espaço que a rainha é o pai de Dodi Al-Fayed, o companheiro de Diana que morreu no acidente. Esse egípcio bilionário que quer chegar de qualquer jeito à elite britânica compra o Harrod’s, o Ritz de Paris e o castelo que acolheu o rei que abdicou do trono por amor. Seu sonho é casar o filho com Diana.

Enfim, Diana é vista como uma pessoa carente, com uma infância sem mãe e pai negligente. Ela quer ser amada. Mas essa parte infantil de sua personalidade a faz querer um amor sem jaça. Inexistente. E a presença de Camila na vida de Charles mexeu profundamente com sua auto estima e sentimentos de rejeição. Pobre menina.

São 4 episódios disponíveis e mais uma segunda parte, finalizando a série, a partir de 14 de dezembro.

Vou maratonar.

Nyad

“Nyad”- Idem, Estados Unidos, 2023

Direção: Jimmy Chin e Elizabeth Chai

Quando Diana Nyad era criança, seu pai lhe explicou que seu sobrenome queria dizer “ninfa do mar”. E Diana se lembra disso e de uma conversa com a mãe, quando as duas passeavam na praia à noite, numa entrevista aos 64 anos:

“- Que são aquelas luzes lá longe?” pergunta Diana.

“- É Cuba minha filha. Quem sabe um dia você vai nadando até lá?”

Porque a pequena Diana era apaixonada pelo mar e adorava suas aulas de natação na piscina. Sua braçada foi ficando cada vez mais firme e ritmada e ela começou a ganhar medalhas.

Seu sonho era fazer aquilo que sua mãe lhe dissera. Nadar 110 milhas (177 km) de Cuba à Florida. E foi o que ela fez. Depois de 4 tentativas, uma aos 20 anos, ela finalmente conseguiu realizar seu sonho em 2013, aos 64 anos de idade.

Sua treinadora e melhor amiga (Jodie Foster) acompanhou todas as tentativas e se orgulhou quando Diana alcançou o que tanto se empenhou para conquistar. Sua presença foi sempre um incentivo e segurança para Nyad.

Annette Bening se entregou de corpo e alma na interpretação dessa mulher forte e obcecada, muitas vezes difícil, com o seu projeto. Merecia o Oscar. Treinou durante um ano para enfrentar o mar e conseguir a performance que exige a personagem. Aliás o filme merece prêmios, não só pela direção de atores mas também com a beleza das imagens.

O casal que dirigiu o filme (Elizabeth Chai e Jimmy Chin) já nos tinha dado “Free Solo” documentário sobre um alpinista que não usa cordas e “The Rescue” sobre os meninos que ficaram presos numa caverna na Tailândia. Em “Nyad” eles se superam mostrando a atriz no papel da personagem que enfrentou tubarões, águas-vivas, vespas do mar, tempestades e fortes correntezas, nunca desistindo.

Ela nadou 53 horas para realizar seu sonho, o de ser a primeira pessoa a nadar sem parar de Cuba à praia de Key West, onde foi recebida por uma multidão que a aplaudia. Merecidamente.