Inside Llewyn Davis – Balada de Um Homem Comum

“Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum”- “Inside Llewyn Davis” Estados Unidos, 2013

Direção: Joel e Ethan Cohen

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Estamos no começo dos anos 60 e Llweyn Davis (Oscar Isaac, ator e músico da Guatemala), um cantor sem emprego, procura  trabalho em Nova York.

Não tem um vintém e seu caso com Jean (Carey Mulligan), casada com o amigo dele, Jim Berkey (Justin Timberlake) não deu certo. Ela está grávida, com raiva dele e espera que pague pelo aborto.

Vivendo e morando de favor na casa de amigos, acorda um dia, atrapalha-se com a janela e o gato deles foge. O pobre e desesperado Llewlyn vai atrás mas o gato desaparece. O que dizer aos amigos?

Algum tempo depois parece que  recupera o bichano e agarra-se a ele mas uma carona com Roland, um tipo pavoroso, faz com que mesmo essa amizade felina tenha fim.

Sem um canto seu, sem emprego, sem amor e prestes a perder o apoio dos poucos amigos que o ajudam, a vida dele vai mal.

O filme dos irmãos Cohen retrata uma situação cruel. Por que o jovem cantor de música folk não consegue nada na vida? Será que esse é o seu destino ou é ele mesmo que não faz nada para se ajudar?

Ele é como um cão sem dono, à mercê da bondade ou maldade das pessoas. Ou como uma folha ao vento. E o pior é que o mundo em que ele vive tem pouca compaixão.

Triste e frustrante, o filme pinta um cenário quase que sem nenhuma esperança para o protagonista.

Ele parece que se esforça para dar certo mas a evidência dos fatos mostra o contrário. Mas não é que ele não tenha talento. Não tem sorte.

O fato é que Llewyn, que canta lindamente músicas tristes, está só porque seu parceiro de dupla saltou da ponte para a morte.

A depressão e o luto pesado pelo suicídio do parceiro levam Llewyn a uma sinistra e calada auto-destruição.

Um beco sem saída.

Provávelmente, o voo na ponte será também o seu fim.

O filme ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2013.

Nas indicações para o Oscar, “Inside Llewyn Davis” só aparece na lista dos melhores na fotografia e mixagem de som. Muito pouco para os Cohen, Joel, 59 anos e Ethan 56, que ganharam o Oscar de melhor filme e diretor em 2008 com “Onde os Fracos não tem Vez – No Country for Old Men” e também o de melhor roteiro adaptado.

Talvez a história triste e desencantada do músico dos anos 60 tenha assustado os senhores da Academia.

Noite do Oscar 2014 – Minhas Opiniões

Ontem, no calor da entrega dos prêmios, deixei muita coisa de lado. Afinal, àquela hora tardia, não dava para escrever tudo.

Nas imagens que ficaram na minha cabeça, percebo a Academia mudando, para premiar filmes mais baratos e feitos com alma e indignação.

“12 Anos de Escravidão” e “Clube de Compras Dallas” são libelos contra o sofrimento de pessoas que, ou perdem injustamente sua liberdade, uma vergonha para a humanidade, ontem e ainda hoje, ou morrem por causa de interesses de laboratórios farmacêuticos cooptados por governos. Outra vergonha mundial.

E também parece que a Academia não gostou de dois filmes que focavam gente mentirosa e drogada. Apesar de que, na minha opinião, “O Lobo de Wall Street” é um filme altamente moral, com uma lição importante para se aprender. O que não acontece com “Trapaça”. Os dois filmes não ganharam nada. Achei injusto. Leonardo DiCaprio realizou, sob a direção do mestre Scorsese, um belo trabalho.

“Ela”, meu filme favorito, do grande Spike Jonze, comandou um dos momentos mais singelos e românticos da noite com a linda canção “The Moon Song”, que deveria ganhar. Esse rapaz talentoso e original, levou para casa, merecidamente, o Oscar de roteiro original. Ele tem belas ideias.

“Gravidade”, lançado no Festival de Veneza e muito elogiado desde então, mereceu cada prêmio que recebeu. Alfonso Cuarón fez poesia no espaço e reconheceram seu talento com o Oscar de diretor.

Outro ponto que eu notei: as minorias gay e negra, foram altamente valorizadas. No tapete vermelho, Portia Di Rossi, companheira de Ellen Degeneres, a apresentadora da noite, contava tranquilamente que não podiam ir a nenhuma festa do Oscar porque Ellen acorda cedo para o seu show na TV.

E “Clube de Compras Dallas”defende o direito das pessoas exercerem sua sexualidade sem que precisem temer as consequências mortais da AIDS e possam se tratar de uma doença que hoje em dia não mata como nos anos 80.

A grande estrela da noite foi Lupita Nyong’o que trouxe a África para o Oscar e esbanjou talento e elegância.

E, para reafirmar seu direito a todos os prêmios, Cate Blanchett nem sequer foi respingada pelas ofensas dirigidas ao diretor Woody Allen, a quem agradeceu no seu discurso.

Angelina Jolie recebeu o Oscar por sua participação solidária a favor dos que sofrem e estava linda como sempre. Seu sorriso iluminou a tela. Na plateia, palmas do marido orgulhoso.

Ellen Degeneres foi uma ótima mestre de cerimônias e o “timing” dela funcionou. Sobraram umas farpas para Liza Minelli, que virou a cara e para Bradley Cooper, a quem entregou um prêmio de consolação divertido que ele recebeu friamente.

Adorei as fotos de celular que ela organizou e que trouxe para o Oscar a mania atual de colocar fotos na internet. Afinal, eles são gente como a gente. Bem mais brilhantes e glamurosos, admito.