O Verão do Skylab

“O Verão do Skylab”- “ Le Skylab”, França 2012

Direção: Julie Delpy

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Tudo começa numa viagem de trem. Albertine, o marido e os filhos não conseguem se sentar juntos porque ninguém quer ceder seu lugar:

“- Pessoas más…”, diz Albertine.

E, sentando em seu lugar, entre zangada e cansada, ela começa a se lembrar das férias da infância, em Saint-Malo.

E somos transportados, aos onze anos dela (Lou Alvarez excelente), ao verão de 1979, que ficou em sua memória como aquele em que sua mãe (Julie Delpy, a diretora e roteirista)tinha certeza de que o Skylab, um satélite americano fora de controle, iria cair na Bretanha, onde ficava a casa da avó deles.

Mamie  (Bernadette Lafont) faz 67 anos e a família inteira, tios, tias e primos de todas as idades se reúnem para comemorar. As crianças ficam dormindo em barracas no jardim, menos Albertine por causa do medo de sua mãe de que o Skylab caia justo em sua cabeça, e os adultos na casa.

Nas refeições, a família, dividida em duas mesas, adultos e crianças separados, vão comer o carneiro que o tio matou e vai preparar para o churrasco. Todas as crianças vão espiar a carcaça sem cabeça pendurada no galpão.

Ironicamente, toda essa função é observada pelo pequeno rebanho que pasta e bale junto à casa.

Estamos no princípio da era onde tudo é comprado no supermercado, já embalado e sem semelhança com nada vivo.

Outra coisa que mostra que os tempos mudaram, é a observação de Albertine sobre a idade da avó:

“- Você faz 67 anos? Está velha mesmo.”

A praia de nudistas, ao lado daquela que a família frequenta, levanta a curiosidade e a malícia de quase todos.

A política divide as opiniões e a possibilidade de Mitterrand ganhar as eleições, é motivo para se pensar em deixar o país. Não os pais de Albertine, de esquerda e liberais, mas os tios de direita.

Porém entendam, são brigas em família, que não levam a nada grave. Todo mundo se entende e até protegem as maluquices do tio Hubert (Albert Delpy, pai da diretora) e compreendem o tio Roger (Dénis Manochet) que lutou na guerra da Argélia e não se acostuma com os tempos de paz.

Quarto filme dirigido por Julie Delpy, “O Verão do Skylab” é terno com a família de Albertine e pronto a ser compreendido por todos que viveram aquela época e mesmo os que não viveram, porque as famílias felizes são sempre iguais, as infelizes é que são diferentes, já dizia o grande Tolstoi.

Todo mundo sai feliz do cinema com o filme. Julie Delpy é uma diretora que consegue recuperar, com graça e naturalidade, a ternura das relações humanas.

O Casamento do Ano

“O Casamento do Ano” – “The Big Wedding”, Estados Unidos, 2013

Direção: Justin Zackman

O que acontece quando o público vê os nomes do elenco desse filme? No mínimo surge uma grande curiosidade para ver como é que Robert De Niro, Diane Keaton, Susan Sarandon e Robin Williams estão envelhecendo.

E eles estão bem. Alguns até, melhores do que muitos de nós, que acompanhamos a carreira deles desde que todos éramos bem crianças ainda.

O cinema tem disso. Cria uma intimidade entre as estrelas e nós. E queremos ver como estão. Saber se as plásticas deram certo e, principalmente, se o velho carisma continua lá.

E, claro, isso faz com que a crítica dessa parte do público ao filme seja amena. Sabemos que é uma comédia, com os nossos velhos conhecidos e que eles estão bem nos papéis que
escolheram.

E é então com um sorriso de cumplicidade que acompanhamos o desfile de clichês da trama, as situações nada originais que acontecem e os diálogos previsíveis. Tudo bem, não foi para ver um filme sob esse ângulo que viemos assistir a “O Casamento do Ano”.

Quanto às estrelas mais jovens, Amanda Seyfried e Ben Barnes, dão o toque juvenil e combinam bem com o cenário e o romance.

Alíás é uma casa de sonho em Connecticut que abre a primeira cena. O jardim manicurado, a grande árvore aconchegante, o lago, tudo é de encher os olhos.

E o público mais jovem, principalmente as meninas, vão suspirar e acompanhar cada passo do casamento, sonhando com o delas.

Katherine Heigh, como a problemática filha mais velha de casal De Niro e Keaton, tem as melhores cenas e se destaca entre os atores mais jovens.

O direto e roteirista Justin Zackman, 42 anos, se sai muito bem, aliás. Todo mundo deve ter se divertido muito fazendo esse filme, inclusive o diretor.

Filmes como “O Casamento do Ano” não são para a crítica. São feitos sob medida para os fãs do elenco e para quem gosta de relaxar com uma comédia sem maiores pretensões.