Prometheus
“Prometheus”- Idem, Estados Unidos, 2012
Direção: Ridley Scott
Um cenário de pesadelo mais do que de sonho… Uma nave imensa sobrevoa o lugar. Que planeta estranho é esse?
Uma figura com manto e capuz, aproxima-se da grande cascata de águas negras e revoltas que se lança com fúria no abismo. Seu rosto branco e inexpressivo lembra o de uma estátua grega. O corpo enorme mostra músculos bem torneados mas ele não é feito de carne e osso.
A nave em forma de disco se inclina e sobe.
A figura estatuesca bebe uma espécie de geleia e começa a desintegrar-se. Entramos com a câmara em seu corpo e vemos células brilharem. O corpo cai nas águas escuras. Mergulhamos com ele.
Lá no fundo, uma estranha forma vermelha pulsa e brilha. Dentro ou fora da carcaça?
Assim começa “Prometheus”, o novo Ridley Scott que volta à ficção científica que o tornou famoso em 1979, com “Alien – O Oitavo Passageiro” e depois “Blade Runner” em 1982.
“Prometheus” é uma introdução a “Alien”?
Alguns pensam que sim, já que o filme se passa 30 anos antes em 2093. E mais, se vocês se lembrarem, a tripulação da nave “Nostromo” de “Alien”, encontra, no planeta em que pousam, uma nave com um piloto muito parecido com a figura do início de “Prometheus”, com um buraco no peito, de onde parece que algo saiu com violência. O “Space Jokey” como ficou conhecido.
Já “Prometheus” conta a história de uma nave que parte da Terra para um planeta distante, guiada pela teoria de dois cientistas, Elizabeth Shaw e Charlie Holloway (Noomi Rapace da versão sueca de “Millenium”e Logan Marshall-Green). Baseados em escavações arqueológicas de diferentes culturas e pesquisas de DNA, deparam com um mesmo enigma que eles querem decifrar: a raça humana teria sido criada por seres de outro planeta, que eles chamam de “Os Engenheiros”?
Essa expedição tem, portanto, perguntas filosóficas tão importantes quanto antigas: quem somos, de onde viemos, quem nos criou?
Outros temas que aparecem mas são pouco desenvolvidos, tornariam o filme mais claro porque seriam discutidas as motivações dos personagens que tripulam a nave, dando mais corpo e alma a eles. Aliás “Prometheus” peca por apresentar personagens dos quais sabemos muito pouco.
Charlize Theron, sempre uma presença marcante, faz a filha do investidor do projeto que chefia a expedição. Fria e sarcástica.
Na verdade, o filme tira o fôlego do espectador pela beleza das cenas filmadas em um 3D, que aqui é indispensável. Tudo é enorme e espantoso. A fotografia empolga. E esse é o ponto forte do filme.
Uma cena ficará na nossa lembrança pela força do seu encantamento e originalidade: a recriação holográfica do universo, quando o robô David aciona os controles da nave extra-terrestre, lembrando “a música das esferas” de que falava Pitágoras, ou seja, a ideia de que os astros, ao se moverem, gerariam sons.
O filósofo e matemático grego pensava que haveria uma música cósmica que nos abriria para novos graus de compreensão. “Os Engenheiros” usavam esse tipo de conhecimento?
Sabe-se que onde há luz há sombras, mas como entender as figuras titânicas dos dois filmes, que explodem de dentro para fora dando nascimento ao monstro que representa a morte e o mal? Ou isso precisa ser compreendido de outra maneira?
Noomi Rapace faz a mulher frágil/forte e muito feminina que vai continuar a busca da resposta ao enigma da criação da raça humana.
Numa alusão divertida à tenente Ripley, papel da atriz estreante na época, Sigourney Weaver, que em “Alien” leva com ela o gato ao abandonar a nave, em “Prometheus”, a dra Elizabeth leva com ela o robô David, interpretado por Michael Fassbender, ator esplêndido em tudo que faz. Ele é o personagem mais intrigante do filme e parece saber mais sobre “os Engenheiros” do que os outros tripulantes da nave.
Haverá continuação como aconteceu com “Alien”?
Aliás nenhuma delas foi dirigida por Ridley Scott e nunca chegaram aos pés da qualidade do primeiro filme dirigido pelo diretor inglês.
Ou o enigma da criação do homem pelos “Engenheiros” permanecerá para sempre um mistério?
Só Ridley Scott poderá responder a essa questão.
E, ao que sabemos, ele se prepara para rodar um filme sobre o personagem bíblico Moisés, quando ele ainda era um príncipe do Egito.
Paciência. E pensar que ele levou 30 anos para voltar à ficção científica depois de “Blade Runner”…
Ridley Scott + ficção científica = imperdível
P.O,
Verdade. Mas sabe o que eu tb percebo? Cobrança. Como se a pessoa fosse com tanta expectativa ao cinema que não visse os acertos mas só os erros.
Por exemplo, eu me lembro de ir ver 2001 do Kubrick e achar uma maravilha e o pessoalzinho do lado que não entendeu nada, sair falando mal. E hoje, todo mundo acha o máximo.
Eu adoro ficção cientifica bem feita e com perguntas instigantes, o que é mt raro… Ridley Scott continua bom, mano! Vá ver e depois me conta!
Bjs
Querida Eleonora
Ainda estou pensando neste filme extraordinário do Ridley Scott.
É, sem dúvida, plena a sua maturidade ao conceber um filme com tantas metáforas e sutis questionamentos teológicos.
O ideal é assistir este filme sem pensar no “Alien”, e no “Blade Runner” mas é inevitável. A gente pensa, sim. Não tem importancia. A substancia deste filme é muito grande, a especulação sobre o mistério que é a nossa existencia é feita de uma maneira cinematograficamente colossal através de maquetes, cenários, figurinos, e o cinza que talvez nos queira dizer o que jamais saberemos.
Não sei exatamente quantos anos tem Ridley Scott, mas sua experiencia de vida e até mesmo as suas inquietações subjetivas são mostradas neste filme com respeito por aquilo que podemos chamar de desconhecido.
O androide do Michael Fassbender é uma maravilha de composição. Um rosto do nada para o nada. Charlize Theron, lindíssima as usual, e ótima atriz. A impressionante sequencia da atriz Noomi Rapace ao retirar o monstrengo enquanto grávida é um grande momento do filme.
A maquete do ” Engenheiro” mostrada quase no final do fime consiste de uma meia lua e alguma coisa apontando como se fosse um dedo. De Deus? Não sei e nem pretendo saber. Let it be…
Bjoss
Sonia Clara
Sonia querida,
Bom ler vc de novo!
Eu tb acho que é melhor ficar com as perguntas desse filme que é mais filosófico que Alien e Blade Runner. Mas, como ele mesmo disse, é o mesmo mundo… Claro, a cabeça privilegiada dele que constroi realidades que não existem.
Eu acho genial e estimulante.
Como qdo eu lia certos contos do Asimov.
Algo é sugerido, ” food for thoughts”!
Bjs
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Minha Sinopse
Nasci em São Paulo, Capital. Sou a primeira filha de sete irmãos nascidos de Yvette e Octavio Pereira de Almeida, casada com Ivo Rosset. Estudei Psicologia na PUC de SP e Direito no Mackenzie. Sou psicanalista, membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de SP. Atendo em meu consultório há mais de 30 anos. Sempre adorei cinema, desde as sessões Tom e Jerry, passando pelo Cine Bijou até o saudoso Belas Artes. Meus filmes preferidos: “Morte em Veneza” de Visconti e “Asas do Desejo” de Wim Wenders.
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