Rédeas da Redenção

“Rédeas da Redenção”- “The Mustang”, Estados Unidos, 2019

Direção: Laure de Clermont-Tonnerre

A liberdade é preciosa para nós humanos. Mas, se não a limitamos, podemos pagar um alto preço como consequência. Para um cavalo, nascido nas pradarias americanas, o “Mustang”, cavalo sem dono, selvagem, a liberdade é uma condição necessária para sua existência. Para ele, a rédea que o contém, que o domestica, é um grilhão que o aprisiona.

As primeiras cenas do filme “The Mustang”, dirigido por Laure de Clermont-Tonnerre (intitulado no Brasil “Rédeas da Redenção”, um equívoco), angustia quem ama os animais. Os cavalos que corriam soltos, são obrigados, encurralados por um helicóptero, para que sejam presos e levados para outro destino.

Na tela, ficamos sabendo por um texto escrito, que ainda existem nos Estados Unidos mais de 100.000 mustangues. Sua existência porém, está ameaçada porque a superpopulação e a privatização de terras públicas levam o governo federal a recolher milhares deles. Vão passar a vida em fazendas, servindo à polícia ou pior, alguns deles serão eutanasiados.

Mas o filme vai tratar de ainda outro destino desses cavalos. Vários serão levados para uma prisão rural onde os internos cuidarão deles para que sejam amansados e leiloados.

A ideia é a de que esses homens serão beneficiados por essa tarefa, que vai aproximá-los de animais. A ironia é que, tanto os prisioneiros quanto os cavalos, anseiam por liberdade.

Mas há uma exceção na prisão de Nevada para onde Conan Coleman (o belga Matthias Schoenarts) é  transferido. Ele não quer a liberdade. Entrega-se calado à sua sina. Mal responde ao que lhe é perguntado. Cometeu um crime que encerrou sua vida.

“- Não sou bom com pessoas…”

Um solitário violento. Nas visitas vemos que ele tem uma filha que está grávida. Os dois tem uma não relação. Mal se olham. Não se falam. Há muita raiva.

Levado para conhecer e acalmar o mustangue mais bravo e assustado, Conan vai ter que ensinar o que não sabe. Aquele cavalo que não obedece ordens e mostra que sabe se defender é muito parecido com ele. Os dois estão com raiva e medo, fora de controle por qualquer coisa. Mas anseiam por paz.

A cena de encontro com o homem e o cavalo é tocante. Parece que foi o cavalo que domesticou o homem.

Ainda temos muito que aprender no trato com os animais, habitantes desse planeta Terra como nós. É preciso mais respeito e amor para com eles. No filme vemos como os cavalos selvagens são belos e naturais, soltos e livres.

Será uma utopia imaginar uma convivência mais digna do homem com os animais?

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