Robin Hood
"Robin Hood”, Estados Unidos / Reino Unido, 2010
Direção: Ridley Scott
Certamente não é o Robin Hood de nossa infância, o salteador dos bosques de Sherwood com seu bando de foras-da-lei divertidos, roubando dos ricos para dar aos pobres. Little John, Frei Tuck, a bela e suave Lady Marion e ele de roupa justa de couro, arco e flecha na mão, escondido na copa das árvores, mirando o xerife.
Mas vamos deixar de lado os saudosismos e abrir o coração para essa mais nova obra de um diretor e elenco talentosos.
É o Robin Hood de Ridley Scott, um dos diretores mais criativos do cinema americano, que nos deu os inesquecíveis “Blade Runner” (1982) e “Alien” (1979) e mais recentemente “O gladiador” (2000).
Há um aviso no fim do filme: aqui começa a lenda. Ou seja, a história que vai ser contada é outra, mistura de realidade e imaginação.
Estamos na Inglaterra do século XII, dividida pela guerra civil. O rei Ricardo Coração de Leão morreu e seu corpo é trazido de volta das Cruzadas por seus homens. Um deles é Robin, arqueiro do rei. E é ele que vai entregar a coroa a João, o outro filho da rainha Eleonora da Aquitânia.
Injusto e cruel, o novo rei sangra seu povo com pesados impostos.
É frente a esse estado de coisas que vai se insurgir Robin Hood, nesse filme um homem que vai se politizando.
Tudo é discórdia e enfrentamento entre os ingleses, até que um mal maior se agiganta: os franceses querem se aproveitar desse clima para invadir a Inglaterra. Mas eis que ela se levanta, todos os seus filhos unidos.
“Lutar até que os cordeiros se tornem leões” é a inscrição no punho da espada de Robin Hood. Desistir, nunca.
Já vimos muitas batalhas de inúmeras guerras no cinema. A que põe face a face francêses e ingleses é um belo e cruel espetáculo coreografado pelo olho esteta de Ridley Scott. Nela, quase que dá para sentir o frio da água enxarcando roupas e corpos daqueles bravos. O mar se tinge de vermelho e o som de espadas, lanças e flechas se mistura aos urros e uivos de homens de um outro tempo. Parecem semi-deuses lutando, não meros mortais.
Russel Crowe está esplêndido como um Robin Hood viril, maduro e encantado por Cate Blanchett que perde o diáfano de sua lourice para encarar uma Lady Marion morena, forte, sedutora, pés no chão.
Max Von Sidow, sempre competente, faz o pai cego de Lady Marion. E as dezenas de outros personagens, guerreiros musculosos, enchem a tela de testosterona, em uma dança viril.
Mesmo quem não gosta de filmes de ação vai se render ao capricho e apuro com que esse filme foi tratado.
Prestem atenção nos magníficos desenhos animados que acompanham os créditos finais.
O Robin Hood de Ridley Scott merece ser visto.