Rock ‘n Roll – Por Trás da Fama
“Rock ‘n Roll – Por trás da Fama” - “Rock ‘n Roll”, França 2017
Direção: Guillaume Canet
Marion Cotillard é bem mais conhecida do que seu companheiro, o ator e diretor Guillaume Canet. Ela já ganhou o Oscar por “Piaf”e muitos Césars, o Oscar francês.
Pois bem, os dois resolveram fazer rir, atuando como um casal, com os nomes da vida real mas como personagens fictícios, ridicularizando temas ligados à vida de casal , como a mulher ser mais famosa do que o marido e o culto atual à juventude.
No filme, Canet tem 40 e poucos anos e acha que aparenta bem menos e assim começam o sofrimento e as trapalhadas. Ele contracena, em um filme dentro do filme, com uma garota (Camille Rowe) bem mais jovem, mas não se conforma em fazer o pai dela.
Preocupadíssimo com sua imagem, faz questão de maquiagem bem feita anes das cenas e fica fora de si quando a colega jovenzinha comenta que ele não é mais objeto do desejo das amigas dela, que preferem os atores mais jovens e bem mais “sexy” do que ele.
Pronto. O narcisismo de Canet está seriamente ferido e, guiado por uma auto-destruição feroz, ele vai começar a mudar de vida. Larga a equitação, que era o esporte que praticava e entrega-se à vida noturna, bebendo muito e fazendo papelão quando descobre a cocaína. Exagera em tudo e faz a festa dos “paparazzi”com as fotos dele dando vexame, que saem na internet.
Ao invés de detestar, ele adora esse tipo de publicidade porque acha que é muito mais “rock ‘n roll” e, portanto, melhor para sua imagem de playboy. E mais, vai se aconselhar com Johnny Halliday, ídolo do rock faz muito tempo atrás e conhecido por quebrar todos os tabús. Quem conhece o tipo pode achar graça na cena.
Pobre Guillaume. Além das risadas com as fotos e os vexames em público, ainda tem gente que o chama de Jerôme, trocando seu nome ou pior ainda, de Sr Cotillard.
De erro em erro, o marido de Marion vai se atrapalhando cada vez mais, até que trilha um caminho sem volta. Torna-se viciado em botox, preenchimento e que tais. Seu rosto espanta quem passa por ele. Mas, como acontece com muita gente, ele não se vê como monstruoso mas como espantosamente jovem e belo.
Sua auto-crítica foi para o espaço.
Claro que tudo isso mexe com seu casamento e mesmo com a relação com o filho (Tiffen MichelBorgey), que não quer mais que ele o leve na escola, com vergonha da cara do pai.
E Guillaume, que sempre sentiu muita inveja do sucesso de Marion, consegue o contrário do que queria. As pessoas se afastam dele e ele consegue chamar a atenção não pela beleza ou juventude, mas pelo rosto desfigurado por um médico inescrupuloso.
Despedido do estúdio, separado de Marion, ele ainda tenta um aprimoramento no corpo. E passa a dedicar-se à musculação e aos anabolizantes. É cômica a roupa de músculos que criaram para Canet parecer um halterofilista exagerado.
Há uma crítica mordaz no filme àquelas pessoas que se deixaram seduzir pela “fonte da juventude” prometida por procedimentos equivocados, que custam os olhos da cara e só pioram a pessoa que não sabe parar, obcecada por sempre melhores resultados.
Num mundo cada vez mais ridículo nessa fobia pelo envelhecimento, o filme de Guillaume Canet ensina uma lição com um humor ácido e até mesmo alguns toques de insanidade.