Um Divã para Dois

“Um Divã para Dois”- “Hope Springs”, Estados Unidos, 2012

Direção: David Frankel

Quem foi que disse que a geração de mais de 60 anos está
fora do cinema americano?

É verdade que casais maduros costumam aparecer mais em
filmes europeus. Mas, em se tratando de Meryl Streep, ganhadora de três Oscars (
“Dama de Ferro”, no ano passado, “A Escolha de Sofia”, 1982 e “Kramer X Kramer”,
1978) parece que tanto o público mais velho quanto o de 40 anos, vai se
interessar por tudo quanto ela fizer.

No ano passado o seu par foi George Clooney em
“Simplesmente Complicado” e, nesse ano,
com 63, faz um casal com Tommy Lee Jones, de 65 anos, tendo como
assunto  os casais americanos de terceira
idade, de classe média.

Não que seja um privilégio da classe média americana ter
casais que tem problemas com sexo e intimidade. A venda de Viagra e congêneres
pelo mundo todo, fala a favor de que os homens maduros não querem abrir mão de
sua sexualidade. Mas, talvez, não queiram exercitá-la exatamente com a sua cara
metade.

Em “Um Divã para Dois”, o problema parece ser a frieza
de Tommy Lee Jones, que faz Arnold, um contador desinteressado de sexo e
sentimentos, com qualquer mulher. Ele parece um homem deprimido, sempre com a
cara fechada e tentando com êxito ignorar o mundo dos afetos.

Mas Meryl, sua esposa Kay, há 31 anos, ainda tem
esperanças de ressuscitar a paixão no seu casamento. E, apesar do sexo ser ainda
tabu em filmes americanos, é disso que vai se falar em “Um Divã para
Dois”.

Ela procura ajuda. E isso inclue terapia em Great Hope
Springs, Maine, com o Dr Feld (Steve Carell) que acredita na frase: ”Você pode
ter o casamento que você quer.”

Claro que Arnold resiste, porque não vê nada de errado
em seu casamento com Kay, quartos separados, nenhum sexo, nem ao menos bons
companheiros. Para ele, aparentemente, assim está mais que
bom.

Mas Kay está decidida. Ou vão os dois para a terapia
conjugal, ou ela desiste do casamento com Arnold. Aliás, é ela que está pagando
todo o tratamento com suas economias.

“- Paguei tudo. Eu quero ter um casamento
novo.”

Arnold não pode dizer não. Ou talvez, lá no fundo,
também queira mudar mas não pode deixar transparecer. Criou uma imagem de si
mesmo e agora, para salvar a auto-estima não pode dar o braço a torcer. Mas vai
ver essa prisão pesa tanto para ele que, fazendo de conta que está contrariado,
dá graças a Deus por Kay ter dado o primeiro passo.

E David Frankel, que dirigiu Meryl Streep em “O Diabo
Veste Prada”, não tem nenhum problema em dirigir esses dois grandes atores, em
cenas tanto hilárias quanto dramáticas.

Meryl Streep, de óculos, com um vestido brega e corte de
cabelo de solteirona, está impagável usando bananas para seguir lições sobre
sexo oral. E tentar tal proeza em um cinema!

Tommy Lee Jones está ótimo ao incorporar o contador
insensível, pão duro mas que, no fundo, não quer perder sua melhor parte e conta
com sua esposa Kay para reavivá-lo, com mais eficiência e melhor que qualquer
Viagra.

“Um Divã para Dois” é comédia com boas risadas mas é
também tragicomédia porque trata de um assunto que separa casais maduros.

Se bem que hoje isso está mudando, já que a esperança de
viver até  100 anos mudou ou está mudando o nosso modo de olhar a velhice. Esta
parte da vida já não é, necessáriamente, só saudades da juventude.

O certo é que todo mundo se preocupa mais com a
qualidade de vida que tem no presente e que terá no futuro. E se prepara para
viver o mais plenamente possivel.E a sexualidade é uma área da vida do casal que
traz prazer e vontade de viver. Quem vai abrir mão?

 

 

 

Este post tem 0 Comentários

  1. Luiz Roberto de Paula Dias disse:

    Estava precisando de uma empurrãozinho para ir ver o filme, lendo sua crítica me entusiasmei Eleonora, depois te conto o que eu achei, bjs

  2. Eleonora Rosset disse:

    Paulo Roberto querido,
    Vai mesmo amigo! Comédia com dois geandes atores. Vc vai gostar! Bjs

  3. No filme “Simplesmente complicado” o par dela não foi George Clooney, foi Alec Baldwin.
    Como eu gosto do George Clooney (ao contrário de vc, me parece), qdo li isso, pensei q teria gostado bem mais do filme se tivesse sido com ele.
    E dá-lhe Google e não foi mesmo.
    <3

    • Querida Sylvia,
      Com seu agudo senso de observação, vc detectou que eu não gosto de George Clooney. Pq então eu achar que foi com ele que ela fez “Simplesmente Complicado”?Acho que Freud explica, né? Quem a gente não gosta atrapalha mais que ajuda!
      Mas está aí vc para me ajudar a me corrigir!Alec Baldwin,claro! Desse eu gosto!
      Bjs

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  4. Luiz Roberto de Paula Dias disse:

    Ótimo Eleonora, fazia tempo que não via em cena o Tommy Lee Jones, e foi bom revê-lo, claro que adorei a Meryl Streep, sempre fantástica, as cenas dela no Supermercado com o embutido, e depois as bananas(como vc relata acima) são Hilárias. Mas eu fiquei comovido também, com as cenas dramáticas que são várias e elevam o espectador a refletir sobre a sua vida, se não estamos escravos da rotina?.
    Foi mais uma excelente oportunidade de ir ao Cinemark do Iguatemi, e ver um ótimo filme. obrigado, bjs

  5. Eleonora Rosset disse:

    Luiz Roberto querido,
    Verdade. O filme tem tb esse lado de reflexão sb uma vida a dois que caiu numa rotina vazia, insatisfatória. E aí alguém tem que se mexer. E quase sp é a mulher como foi o caso da personagem da Meryl Streep.
    Acho que esse filme ajudou mts casais a começar uma conversa.
    E vc , sp presente, abrilhantando o meu blog!
    Obrigada amigo!
    Bjs

  6. Chris disse:

    O filme me emocionou, é uma trégua numa sociedade q prefere trocar de parceiros por mais jovens a fim de resolver os problemas da melhor idade. Envelhecer bem e com prazer é uma arte, q os atores demostram muito bem, e voltar a ter a conexão afetiva-sexual n casamento é uma prova de que ainda é possível acreditar n amor a despeito d tudo …mesmo quando tudo está confuso e incerto. Pena q isso ocorra tão poucas vezes n realidade.

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