Um Homem de Sorte

“Um Homem de Sorte”- “Lykke-Per”, Dinamarca, 2018

Direção: Bille August

Peter Sidenius (Esben Smed) viveu no fim do século XIX na Dinamarca. Mas poderia ter nascido em qualquer lugar do mundo em qualquer século. Quem não conhece pessoas que para conseguir o que querem passam em cima de quem quer que seja?

Egoísmo exacerbado, falta de autocrítica, megalomania, narcisismo, misturados em doses diferentes com uma bela figura, talento para o desenho, mente criativa e poder de sedução. Tudo isso eram características do filho de um clérigo cristão protestante, rígido e pobre, com muitos filhos para criar.

Nessa família, a religião e a austeridade marcavam o caráter das pessoas e a maneira como viviam. A tradição de servir como homem religioso à comunidade, passava de pai para filho. Abominavam a ciência e a riqueza. O ideal a ser cultivado era a humildade e o amor altruísta.

Mas Peter rebelou-se contra esse destino que não o agradava e foi para Copenhague, amaldiçoado pelo pai.

Lá passou fome mas frequentou a Faculdade de Tecnologia Avançada.

Porém o estranho disso tudo era que na Faculdade, que tanto sonhara em cursar, não era um bom aluno. Não se aplicava e não aprendia muito, o tempo todo pensando e desenhando seus próprios projetos. Ele era um gênio e não precisava aprender o que já sabia, pensava Peter.

Queria ser engenheiro para poder materializar seu sonho de grandes obras que modernizariam o país. Usando a força da natureza, as ondas do mar e os ventos, conseguiria energia para grandes usinas.

Também gostava de falar sobre seu projeto de canais que diminuiriam a distância entre as cidades e do porto internacional que imaginava para a Dinamarca.

Mas, para tudo isso, precisava conseguir dinheiro de investidores. Peter era otimista quanto a isso. Era seu sonho e iria transformá-lo em realidade.

A vida o colocou na casa dos Salomon, judeus ricos de Copenhaguem que tinham duas filhas solteiras. Logo encantado com a beleza da mais jovem, Peter muda de alvo ao descobrir que era a mais velha que receberia a maior parte da herança da família.

“- Que homem de sorte”, diziam todos sobre ele, apadrinhado pelos Solomon que pretendiam investir em seus projetos  e noivo da bela e rica Jakobe ( Katrine Greis-Rosenthal).

Entretanto, a sabotagem da própria auto destrutividade ancorada na presunção, irá atrapalhar os planos de Peter.

A maldição do pai o persegue criando ao seu redor um clima paranoico e desequilibrado.

O filme com roteiro do próprio diretor e seu filho Anders, baseado no livro de Henrik Pontopiddam, tem imagens belíssimas (Dirk Bruel), figurinos apurados, reconstituição de época sem defeito e atuações convincentes.

Há quem vá achar a história melodramática demais, enquanto outros vão adorar o filme pelo mesmo motivo.

Único senão é a duração de quase 3 horas que alguns não conseguirão aguentar. Mas como passa na NETFLIX, que produziu o filme, dá para ver em quantas vezes quiser. E ir saboreando aos poucos.

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